09 - Verdade Difícil

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~Pov Richard~

Eu senti o impacto das palavras de Amanda como se tivesse levado um soco no peito.

Grávida.

As letras ecoaram na minha mente, embaralhadas, enquanto minha boca ficou seca e as batidas do meu coração martelaram em meus ouvidos. Como assim? A encarei, tentando entender o que estava dizendo. É como se o chão estivesse se abrindo lentamente sob os meus pés, me engolindo em um abismo de confusão.

- Grávida? - minha voz saiu baixa, arranhada. Eu não sabia o que dizer além disso - Amanda... do que você está falando? Como assim grávida?

Ela me olhou, e por um segundo, a expressão dela mudou. O rosto antes rígido, tenso, com olhos cheios de mágoa, amoleceu. A raiva, aquela que ela tinha mostrado desde o início da conversa, deu lugar a algo diferente... algo que eu não consegui identificar completamente.

Ela parecia perdida, como se estivesse tentando organizar os próprios pensamentos, lutando contra alguma revelação difícil. O silêncio tão denso que parecia ter peso físico entre nós.

A morena baixou os olhos por um segundo, a mão que antes estava firme, agora descansava trêmula ao lado do corpo.

- A Natália... - começou, hesitante - Ela... Ela não foi falar com você?

Natália?! Minha mente deu um nó instantaneamente. Eu pisquei, tentando processar, mas tudo parecia cada vez mais confuso. Como assim, Natália? O que minha namorada tem haver com isso?

É como se, de repente, um milhão de novas perguntas surgissem, todas empilhadas uma em cima da outra, e eu não conseguia entender nenhuma.

- Espera aí... - interrompi, tentando manter a calma, mas sentindo o caos crescendo dentro de mim - O que a Nat tem haver com isso?

Ela soltou um suspiro longo, um daqueles que parece vir de um lugar profundo, cheio de dor e cansaço. Pela primeira vez desde que a vi ali, Amanda não parecia só com raiva. Ela parecia exausta, como se estivesse carregando esse fardo por tanto tempo que mal conseguia suportar o peso dele.

Seus ombros caíram um pouco, e quando ela finalmente olhou para mim, os olhos cheios de confusão e uma tristeza devastadora.

- No último dia que a gente se viu... - ela começou, a voz quebrando de leve - Eu descobri que estava grávida.

Essas palavras... Elas não fazem sentido. Meu corpo congelou, e eu mal consegui respirar.

É como se tudo ao meu redor tivesse ficado em silêncio absoluto. Eu consegui ouvir meu coração batendo, o som surdo nos meus ouvidos, mas o resto... o resto desapareceu. Minha mente em branco. As palavras dela ainda ecoando na minha cabeça, mas era como se eu não conseguisse processá-las.

Eu sou pai?

- Grávida? - eu repeti, sem perceber que tinha falado em voz alta.

Por que eu não soube disso antes? O que aconteceu para eu estar aqui, ouvindo isso agora, seis anos depois?

Minha mente estava em um caos completo, tentando entender como tudo aquilo tinha passado por mim.

Amanda continuou falando, sua voz entrecortada, carregada de emoções que ela claramente estava tentando controlar.

- Eu fiquei com medo da sua reação... não sabia o que você ia pensar, o que você ia dizer. Então... a Nat me disse que falaria com você por mim.

Naquele instante, como se alguém tivesse girado uma chave na minha cabeça, uma lembrança antiga se formou.

Natália apareceu no dia seguinte ao jogo que eu e Amanda nos vimos pela última vez, do nada. Séria, mas não havia nada de estranho nisso. Na época, eu não imaginei que algo estivesse fora do lugar.

Ela disse que a amiga tinha pedido para ela falar comigo, e eu lembro de pensar que isso era típico da Amanda. Se ela quer acabar com alguma coisa, ela acaba. E Natália me disse, com toda firmeza, que Amanda não queria mais nada comigo. Que era para eu deixá-la em paz, que eu não a procurasse mais.

Lembro de como aquilo doeu, de como aquelas palavras me atingiram com força, deixando um vazio no peito. Eu nunca questionei. Achei que Mandy tinha decidido que a gente não dava mais certo, que tinha seguido em frente. E eu respeitei. Segui o que Natália disse, mesmo quando isso me destruiu por dentro.

Mas agora... agora isso tudo estava virando de cabeça para baixo.

Olhei para Amanda, ainda em choque.

- Natália foi falar comigo. - minha voz saiu baixa, quase trêmula - Mas ela me disse que você... - respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos, mas era difícil manter a clareza - Que você não queria mais nada comigo. Que era pra eu deixar você em paz. Eu... eu achei que você... - travei, sem saber como continuar. Tudo confuso demais.

O rosto de Amanda ficou pálido.

Suas pernas fraquejaram, e ela tropeçou um pouco, quase caindo para frente. Meu instinto foi dar um passo para segurar seu braço, mas ela conseguiu se equilibrar antes que eu a tocasse. O olhar dela... Eu nunca tinha visto tanta dor. Parecia devastada, como se estivesse encarando o fim de algo que ela nunca quis terminar.

O silêncio entre nós ficou ainda mais pesado, se é que isso era possível. Eu queria dizer algo. Eu precisava entender mais, porém as palavras simplesmente não vinham. Tudo estava embaralhado na minha cabeça, como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.

Foi nesse momento que a porta da loja se abriu.

O som de sinos fracos balançando quando uma garota loira entrou, distraída, indo direto para o fundo da loja, aparentemente sem perceber a tensão cortante que havia entre mim e Amanda. Eu senti uma pontada de frustração, porque, embora eu quisesse resolver tudo aquilo ali e agora, eu sabia que não tinha mais tempo.

O treino me esperava, e mesmo que cada parte de mim gritasse para ficar e esclarecer essa bagunça, eu sabia que aquele não era o momento. Não aqui, não agora.

Me virei para Amanda, sentindo uma mistura de raiva, dor e confusão. Ela estava abalada, com o olhar vazio e perdido, como se tivesse acabado de perceber que o mundo ao redor dela tinha desmoronado.

Me aproximei mais dela, tentando manter a calma, embora por dentro eu estivesse tão perdido quanto ela.

- Amanda. - chamei, tentando ser firme - Me dá seu número. A gente precisa conversar. Isso não pode ficar assim.

Ela hesitou, olhando para mim como se não soubesse se podia confiar em mim novamente. Eu entendo.

Eu entendo perfeitamente a desconfiança dela, porque eu sinto o mesmo. Mas nós dois precisávamos esclarecer o que tinha acontecido.

- Amanda - repeti, com mais urgência dessa vez. - O número. Agora. Eu não posso conversar agora, mas isso... isso não vai terminar assim.

Ela pareceu relutante, perdida, mas finalmente pegou meu celular que eu tinha estendido a ela. Com as mãos trêmulas, Amanda começou a digitar lentamente o número. Quando terminou, devolveu o celular sem dizer nada.

Eu olhei para o visor. O número lá. Não é muito, mas é um começo.

Sem dizer mais uma palavra, virei-me e saí da loja, sentindo o peso esmagador de tudo o que acabara de acontecer.

Verdades foram reveladas, e a maioria de vocês estavam certos. (Óbvio).

ACHO que o próximo capítulo sai amanhã... não sei, depende de como esse engajar.

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Broken Heart | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora