13 - Contra o Relógio

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~Pov Amanda~

- Mamãe... mamãe, acorda. - ouvi a voz suave de Luna me chamando, e um toque leve no meu braço.

Acordei devagar, como se estivesse saindo de um nevoeiro, e por um momento não soube onde estava. Minha cabeça parecia pesada, atordoada pelo sono. Pisquei algumas vezes, tentando ajustar a visão, e vi grandes olhos castanhos fixos em mim, uma expressão preocupada no rosto da minha filha.

- Lu? - murmurei, a voz rouca e sonolenta. Meu corpo estava mole, e minha mente se recusando a processar qualquer coisa. Ela continuou me sacudindo de leve, como se não tivesse tempo a perder.

- Já tá de dia, mamãe! - falou com aquela urgência inocente de criança, mas com o tom levemente impaciente - Você não levantou ainda.

Meu cérebro finalmente registrou a informação, e a realidade me atingiu como uma tempestade. O relógio! O horário! Eu dormi demais.

- Ah, meu Deus! Merda! - exclamei, sentando na cama em um pulo. O coração disparado no peito enquanto meus olhos voaram para o relógio na parede.

Estamos atrasadas. Muito atrasadas.

- Luna, vai se vestir! Agora, filha! Veste o uniforme, rápido! - minha voz saiu quase como um grito, enquanto eu me levantava indo para o banheiro, o pânico já dominando meus pensamentos.

- Tá bom! - ela respondeu, correndo pelo corredor com seus passinhos rápidos e o cabelo bagunçado balançando. Vi sua silhueta sumir na direção do quarto.

Por que eu não ouvi o despertador? Como isso aconteceu?

Cada segundo parecia uma eternidade enquanto eu caminhava pela casa, tentando pensar em alguma roupa miseravelmente descente, o cérebro já calculando o tempo perdido.

Corri para a cozinha, abrindo gavetas e armários de qualquer jeito. Peguei o pão de forma e uma faca, passando a manteiga de forma desajeitada. O café na cafeteira estava mal coado, mas não tinha tempo para isso. Nem para respirar.

- Luna! - gritei por ela enquanto tentava organizar a lancheira com uma mão e colocar o café na xícara com a outra.

- Já tô pronta! - ouvi sua voz ao meu lado e me virei para encontrá-la. A camiseta do uniforme torta e os sapatos desamarrados. Ela olhou para mim, confusa, percebendo que algo não estava certo na nossa manhã.

Eu queria parar e ajeitar tudo, fazer um penteado no cabelo dela, endireitar a roupa... mas não havia tempo.

- Pega a mochila, vamos! - ordenei, mais uma vez, jogando o lanche na lancheira dela sem qualquer cuidado. O tempo contra nós, como sempre.

Luna me olhou por um segundo, com aqueles olhos grandes, cheios de expectativa, esperando que eu dissesse algo para tranquilizá-la. Mas eu mal conseguia respirar.

- Tô pronta, mamãe! - ela repetiu, com um sorriso que era ao mesmo tempo uma desculpa e uma promessa de que estava fazendo o melhor possível.

Saímos de casa às pressas, a porta batendo com força atrás de nós.

O caminho até a escola parecia um borrão de ruas, semáforos e o ponteiro do relógio se movendo rápido demais. O trânsito estava caótico, e eu olhava desesperada para o relógio, tentando calcular se ainda havia alguma chance de chegarmos a tempo.

- Por favor, sem multas hoje... - murmurei, mordendo o lábio enquanto pisava no acelerador um pouco mais do que deveria.

Estacionei em frente à escola, sentindo o alívio misturado com o desespero. Luna desceu do carro num movimento ágil, já sabendo como deveria agir em relação a essa rara rotina de manhãs apressadas.

Broken Heart | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora