queria começar falando hj pq eu sei q meu amg vai me mata, mas vai me amar ao msm tempo, so to tentando preparar ele ne, mas ent é isso espero goste.
A fogueira já estava acesa quando Aruanã e Ibiraci chegaram à clareira central da aldeia. As chamas dançavam, lançando sombras que se moviam como espíritos antigos, e o calor era quase reconfortante após o mergulho frio no rio. O ar estava impregnado de um misto de ervas queimadas e da terra molhada pela recente chuva. À medida que o crepúsculo caía sobre a floresta, o ambiente se transformava, adquirindo uma aura de magia e mistério.
Os anciãos estavam sentados em círculo, observando atentamente os preparativos. Suas expressões eram solenes, e seus olhos, penetrantes. Para eles, o toré não era apenas uma dança — era um ato de reverência, um elo vivo com os espíritos protetores da mata e da comunidade. Suas vozes começavam a se erguer em cânticos, acompanhando o ritmo dos tambores, cada batida ecoando profundamente nos corações de todos ali.
Aruanã e Ibiraci se aproximaram lentamente, tentando não chamar atenção enquanto encontravam seus lugares próximos aos outros jovens. Seus corpos já haviam sido pintados, símbolos de proteção e força adornando seus braços, pernas e rostos. Aruanã, sempre inquieto, não conseguia deixar de sentir uma mistura de expectativa e nervosismo. Havia algo no ar naquela noite que parecia diferente, como se a mata ao redor estivesse mais atenta, mais viva.
Ibiraci, por outro lado, mantinha-se calmo, seus olhos focados na dança que começava a ganhar forma ao redor da fogueira. Ele sempre levava o toré a sério, não apenas pelo respeito que sentia pelas tradições, mas porque, de alguma forma, ele entendia a conexão que aquilo representava. Sentado ao lado de Aruanã, ele sentia o coração batendo em sincronia com os tambores, seu corpo já começando a absorver a energia da dança.
"Você está preparado?" Ibiraci perguntou em voz baixa, sem tirar os olhos do fogo.
Aruanã deu de ombros, com um sorriso que tentava disfarçar o nervosismo. "Eu nasci preparado," respondeu, mas havia algo na sua voz que indicava incerteza.
Os passos cerimoniais dos mais velhos iniciaram o toré. Cada movimento era um traço de algo invisível, desenhando no ar formas que só os mais sábios podiam compreender. Aruanã e Ibiraci se levantaram junto com os outros jovens quando chegou sua vez de participar. O olhar que trocaram era rápido, mas cheio de uma cumplicidade antiga, um laço que se aprofundava a cada dia, ainda que nenhum dos dois ousasse falar sobre isso.
O calor da fogueira fazia o suor escorrer por seus corpos pintados. Aruanã movia-se com facilidade, absorvendo a batida dos tambores, mas de vez em quando seus olhos se voltavam para Ibiraci, que dançava ao seu lado, imerso no transe do momento. Os pés de Ibiraci se moviam com uma leveza quase sobrenatural, como se ele fosse um espírito da própria floresta.
De repente, um vento forte soprou entre as árvores, levantando as folhas ao redor da fogueira. As chamas tremularam, e os cânticos pararam. Um silêncio estranho pairou no ar, e todos os olhares se voltaram para a escuridão da floresta. As sombras pareciam se mover, como se algo — ou alguém — estivesse prestes a emergir do meio delas.
"Os espíritos estão aqui," murmurou Ibiraci, seu olhar fixo nas sombras entre as árvores.
Aruanã sentiu um arrepio subir pela espinha. Ele havia crescido ouvindo histórias sobre os espíritos protetores da floresta, mas nunca acreditou totalmente. No entanto, naquele momento, ele sentia algo. O vento ao redor deles parecia sussurrar segredos antigos, e a presença de Ibiraci ao seu lado era a única coisa que o mantinha firme.
O toré parou, e a floresta parecia prender a respiração. Todos os presentes ficaram imóveis, como se esperassem por uma revelação. O fogo ardia mais alto, lançando faíscas para o céu escuro. As vozes dos anciãos recomeçaram, mais baixas, mais graves, invocando algo que Aruanã não conseguia entender.
Foi então que tudo mudou.
Aruanã olhou para Ibiraci, sentindo seu coração acelerar sem motivo aparente. Talvez fosse o efeito da dança, das ervas queimadas, do mistério da floresta ao redor, mas ele não conseguia afastar o olhar do amigo. Ibiraci parecia brilhar à luz do fogo, seu rosto sério, mas ao mesmo tempo sereno. Era como se ele fosse parte da própria terra, como se o espírito da mata estivesse dentro dele.
"Eu... não sei o que está acontecendo," Aruanã murmurou, as palavras saindo antes que ele pudesse se conter. "Mas, com você, eu sinto que tudo vai ficar bem."
Ibiraci virou o rosto na direção de Aruanã, seus olhos encontrando os dele com uma intensidade silenciosa. Por um momento, o mundo ao redor deles pareceu desaparecer, e o som dos tambores se tornou um eco distante. Só existiam eles dois, parados ali, no meio da floresta.
"Eu também sinto isso," Ibiraci respondeu, sua voz baixa, mas cheia de algo mais profundo.
Sem pensar, sem planejar, seus corpos se aproximaram. Foi um movimento natural, como se fosse a única coisa certa a fazer naquele momento. Quando os lábios de Aruanã tocaram os de Ibiraci, tudo parou. O beijo era suave, hesitante, mas carregado de uma força que os dois mal conseguiam entender. Eles não sabiam se o que faziam era certo ou errado, mas naquele instante, sob a proteção dos espíritos da floresta, nada mais importava.
Foi um beijo curto, mas intenso. Quando se afastaram, ambos ofegavam levemente, seus corações batendo em sincronia. Aruanã sentiu uma onda de emoção inundá-lo — confusão, medo, mas também algo novo e inegavelmente bom.
Mas, antes que pudessem processar o que havia acontecido, um grito ecoou na floresta. Um grito de desespero, que cortou o ar como uma lâmina. Todos os olhos se voltaram para a direção do som. Aruanã e Ibiraci ficaram paralisados, o momento íntimo que compartilharam sendo brutalmente interrompido.
"São os homens da cidade!" alguém gritou da multidão.
O caos começou. O que antes era um momento de comunhão e paz com os espíritos agora se tornava um pesadelo. Um grupo de homens armados surgia entre as árvores, seus rostos sombrios e determinados. Eles traziam consigo o cheiro da destruição, da violência.
"Estão aqui para tomar nossas terras," gritou um dos anciãos, sua voz forte, mas carregada de tristeza.
Aruanã sentiu o sangue gelar. Ele olhou para Ibiraci, que estava tão chocado quanto ele. Não era a primeira vez que os homens da cidade ameaçavam a aldeia, mas dessa vez era diferente. Eles não vieram para conversar. Vieram para destruir.
"Corra, Aruanã!" Ibiraci agarrou seu braço, puxando-o para longe da confusão que começava a se formar ao redor da fogueira. As famílias corriam para proteger suas crianças, enquanto os guerreiros da aldeia tentavam organizar uma defesa improvisada. Mas eles estavam em desvantagem.
Aruanã sentiu seu coração se apertar enquanto corria ao lado de Ibiraci, seus pensamentos um turbilhão de medo e confusão. O beijo que haviam compartilhado há apenas alguns minutos parecia agora um sonho distante.
oioi, desculpa ai por distruir o primeiro beijo deles KAKAKAKA mas sao vivencias ne vei. o melhor foi o suspense q deu na parte do ''Foi então que tudo mudou.'' KAKAKAKAKAK sla pq eu fiquei rindo disso, mas espero q vc tenha gostado, ate o proximo cap.

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Cantos da Floresta
RomanceEm meio à imensidão da floresta amazônica, Aruanã e Ibiraci cresceram como melhores amigos, unidos pelas raízes profundas de sua aldeia e pelas tradições que os cercam. Aruanã, com seu espírito aventureiro, sonha em explorar o mundo além da floresta...