Amor não correspondido JJK+PJM

Capítulo 17

🤪

Deixei os meninos para voltar ao dormitório. Como era final de semana, eu sabia que Jungkook não estaria lá. Ou, pelo menos, era o que eu achava. Quando cheguei, fui direto pra minha escrivaninha, me jogando na cadeira e abrindo o notebook. A curiosidade sobre crianças com deficiência auditiva me pegou de surpresa, e, bom... lá fui eu pesquisar. Como era a paternidade, quanto custavam aparelhos auditivos, essas coisas que eu nem sabia que tinha interesse até o minuto anterior.

O tempo passou voando enquanto eu me perdia nas informações. Sério, quando eu vi, já estava com uns dez sites abertos, planilhas, artigos. Nem percebi que o Jungkook tinha voltado até a voz dele atingir meu ouvido como um choque elétrico – baixa, rouca, e quente o suficiente pra me fazer engasgar com o próprio ar.

— O que você tá vendo? — Ele perguntou, com aquela sobrancelha levantada.

Eu forcei um sorriso, mas foi aquele sorriso de olhos esbugalhados, mais nervoso do que eu queria.

— Ah, só... coisa do curso de Letras. Preciso de umas referências, você sabe, essas paradas de nerd.

Ele franziu o cenho, me encarando. Olhei rápido pro relógio e percebi que já era de madrugada. Meu estômago roncou alto, e eu só conseguia pensar: "Por que diabos ele tá aqui hoje?".

— Não esperava te ver por aqui no fim de semana — soltei, tentando não parecer muito surpreso, enquanto ele se afastava.

Ele se jogou na beirada da cama, soltando um gemido cansado. — Entregas, como sempre. Os fins de semana são os piores. Tô precisando de grana extra, mas hoje terminei mais cedo, então vim descansar.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Tipo, incômodo, sabe? E, claro, minha mente começou a viajar, pensando se ele estava fazendo essas entregas  por causa da filha. Uma onda de culpa me atingiu, me lembrando de como ele gastou grana com a gente no parque ontem.

Sem falar mais nada, ele levantou e foi direto pro banheiro. Eu saí da minha escrivaninha e me joguei na cama, ficando ali, olhando pro teto, com a cabeça cheia de perguntas. E, sinceramente, eu odiava isso.

Agora, me diz: por que o universo gosta de me ferrar? Quando Jungkook saiu do banheiro, ele estava... vestido. Sério, camiseta e moletom. Nada daquela cueca apertada quase deixando o "Jeonzinho" dar oi, nem a maldita toalha caindo no quadril.

Sem provocações, sem piadinhas. Ele só apagou o abajur e se enfiou na cama.

E eu? Eu me senti mal. Tá, ontem a gente discutiu, e eu meio que pedi isso. Mas, honestamente, não achei que fosse me sentir... assim.

Depois de alguns minutos, ouvi o Jungkook se mexer. Ele se virou  e depois deitou de costas, ficando em silêncio, provavelmente encarando o teto. O ambiente estava pesado, tipo quando você sabe que tem coisa demais acontecendo e ninguém fala nada sobre isso. Então ele quebrou o silêncio.

— Minha filha tem deficiência auditiva — Jungkook soltou de repente, com a voz baixa, meio carregada de um jeito que eu não esperava.

Eu congelei. Meu coração disparou e, por um segundo, pensei em dizer que já sabia. Eu tinha a visto, mas as palavras travaram na minha garganta. Eu contava? Ou fingia que isso era novidade? Mas, antes que eu pudesse pensar demais, ele continuou falando.

— Não precisa falar nada, sério. Só... sei lá, acho que precisava contar isso pra alguém.

Eu fiquei lá, parado, mexendo os dedos sem parar na minha barriga, tentando processar o que ele tinha dito. Era estranho ouvir o Jungkook falar assim, sobre algo tão pessoal.