Leon me conduziu até o vestiário da empresa, trancando a porta assim que chegamos lá dentro!
- Leon! O que isso significa!?
- Não se faça de desentendida Sophia.
O olhar dele era sério e parecia estar sentindo muita raiva.
- Eu não estou entendendo nada!
De repente ele segurou meus ombros e me colocou contra a parede fria do vestiário! Não deixando nenhuma brecha! O que me fez ficar em alerta. Seus braços demonstravam força, mas seu olhar se suavizou ao encontrar meus olhos... Me deixando confusa.
- Me diga Sophia, quem você é. - Em sua voz havia calmaria
- Quem eu sou?
- Sei que esconde coisas e desde que soube que escondia, não tirei meus olhos de você nem por um minuto.
Desviei meu olhar instantaneamente! O Leon era mais observador do que eu estava imaginando! O que ele já sabia? O quanto ele já tinha visto sobre mim? Todos os dias dentro da loja e até na arrumação do estoque, eu o via indo de um lado para o outro resolvendo problemas da loja. Qualquer pessoa comum diria que ele era a pessoa mais ocupada do mundo, pois não parava um só segundo. Mas, seria aquele o modo de me observar? Como ele havia dito que faria?
- Leon... Você não me conhece para afirmar isso.
- E não preciso conhecê-la inteiramente para ter convicção das minhas palavras. - Um leve sorriso confiante se formou em seu rosto
- Não sabe o que está dizendo Leon! - Um medo estava se formando dentro de mim
- Não, Sophia. Sei muito bem o que estou dizendo.
Ele se afastou de mim.
- Mesmo que me conhecesse... Por que se importaria? - Meus olhos já estavam um pouco marejados.
- Por que já estive em uma situação parecida.
Aquilo me chocou completamente! O que me fez andar alguns passos até onde ele estava.
- Como? - Perguntei nervosa
- Alguns tiveram o privilégio de nascerem em berços de ouro, sem muito esforço, trabalho ou simples dedicação. Já outros, nem berços tiveram para serem colocados ao nascerem.
Senti uma lágrima escorrer em meu rosto após aquela fala. Nunca havia escutado tantas verdades em uma única boca.
- Quando a deixei aquela noite, eu sabia que não revelaria onde morava. Por que sente vergonha de onde mora.
- Como você sabe...
- Como eu sei? Simples. Quando eu quero algo, eu consigo. Mesmo que seja uma simples pesquisa sobre minha funcionária.
Ele sabia? De TUDO?
- Quanto deve para aquele marginal? - Perguntou ele sério
- Por favor, fique longe de problemas Leon! Ele não é flor que se cheire.
- E eu não tenho espinhos atoa. - Leon me olhou seriamente - Apenas me diga.
- Não. Minha vida já é uma desgraça! Não quero que sinta mais pena de mim, isso só me afundaria mais!
- Sophia!!
Meu nome foi gritado antes de pensar em colocar a mão na maçaneta da porta cuja distância era de exatos dois passos.
- Vai negar uma corda estendida para você que está no fundo do poço?
Me silenciei... Minha boca não sabia o que eram palavras.
- Ou prefere se matar lentamente na lama podre desse poço?
Parei por um instante, analisando suas palavras. Lágrimas escorriam sem parar no meu rosto... Eu não sabia o que fazer e me encontrava em uma encruzilhada de escolhas que poderiam tanto me salvar tanto me matar.
Saí do vestiário correndo e deixando as palavras do Leon no ar. Já estava cansada de tudo... E sinceramente, não acreditava mais em nenhuma ajuda que me oferecessem.
A temida semana havia chegado e com ela trazendo medos, inseguranças e tristezas. Não sabia o que me aguardava na minha última semana naquela loja e minha última semana como devedora daquele homem horrível. Mal havia acordado pela manhã e já tinha visto um pequeno pedaço de papel perto da porta, ao pega-lo e ler o que estava escrito, percebi que minha vida realmente havia chegado em um nível caótico! A qual parecia que não existia mais solução.
O bilhete dizia:
"Bom dia pirralha! Segunda e última semana para quitar suas dívidas comigo! Teve vários dias para conseguir meu dinheiro, então não me diga que não teve chance! Se estiver com a quantia certa, prepare um envelope e deixe no meu apartamento e será uma inquilina livre. Mas se meu dinheiro não estiver completo, dessa semana você não passa. Mande aquele seu tio bebarrão ou aquela sua amiga prepararem um lindo buquê para você! Darei um belo motivo para eles lhe entregarem flores lindas."
Minhas mãos tremiam e um sentimento de pavor me atingiu de uma maneira inexplicável! De tudo de ruim que eu pudesse pensar... Aquilo era a pior de todas. Se existia um pingo de alegria sequer residindo ainda dentro de mim ela tinha sido sequestrada naquele momento.
Antes de ir para o trabalho, liguei para a Alexa, agradecendo por tudo o que um dia ela fez por mim, mas sem deixar tão explícito o que estava acontecendo. Mesmo ela sendo bem observadora, não questionou nada, apenas me chamou de idiota por estar agradecendo por tantas coisas em uma segunda feira.
- Obrigada por estar sempre comigo...
Aproveitei os bons clientes que chegaram na loja aquele dia para tentar me animar um pouco, mas infelizmente, a mente sempre fazia questão de relembrar o que aquele bilhete havia me dito.
- Sophia - A voz da Kaly me chamou atenção - Preciso que traga um número maior desta calça, por favor.
- Sim, estou indo.
Fui até o estoque e peguei outra calça com a numeração superior. Entretanto, quando fui sair do estoque, acabei trombando com a pessoa que estava evitando todos os dias.
- Perdão. - Fiz um gesto de desculpas e voltei a andar
Meu braço foi segurado! Me impedindo de prosseguir.
- Sophia. - A voz do Leon tinha preocupação bem evidente
- Sim, gerente?
Desde aquele dia, passei a evitá-lo de todas as formas possíveis, até mesmo com seu nome. Contudo, quanto mais conseguia evitar o Leon, mais horrível eu me sentia.
- Pare de me chamar assim.
- O respeito em primeiro lugar, senhor.
- A vida também deve estar em primeiro lugar.
Lembrei automaticamente do bilhete, caso não pagasse o dinheiro no dia certo.
Pretendia viver aqueles últimos dias com a maior quantidade de paz possível... Que pelo visto, não estava conseguindo.
- Venha comigo.
Ele tirou a peça de roupa de minhas mãos e a jogou de volta no estoque.
- O que pensa...
- Não permitirei que sofra consequências por causa de sua teimosia.
Suas palavras eram firmes e bastantes sérias! O que me deixou atordoada. Leon me conduziu até os fundos da loja, onde eu nunca havia ido, que era a saída mais perto do estacionamento.
- Hoje, vou fazer com que tenha motivos para querer lutar pela vida.
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Encurralada Pelo Amor
RomanceSophia está no limite. Descartada em inúmeras entrevistas e vivendo em condições precárias em um prédio que ameaça desabar, ela enfrenta diariamente as cobranças agressivas do proprietário por não conseguir pagar o aluguel. Desesperada, ela vê uma l...