XIX

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Estávamos todos na sala de jantar, conversando entre si. Maria estava com Samara e Jade, como de costume, enquanto eu estava ao lado de Kalidilos. Esperávamos o jantar ser servido, quando Alan entrou, acompanhado de Arthur. Maria, pela primeira vez dês de que chegou, sorriu, indo até a ele e o abraçando apertado. Ela estava feliz com algo que eu havia feito, ao menos.

- É tão bom te ter aqui! - Disse Maria, beijando o dorso da mão direita de Arthur.

- É tão bom saber que agora estou seguro e livre para ser quem eu realmente sou!

Me aproximo deles, sorrindo para o rapaz. Arthur era alto, forte, cabelos loiros e olhos azuis. Um rapaz muito bonito e de sorriso fácil. Parecia ser de ótima companhia.

- É um prazer conhecê-lo, Arthur! - Disse eu, estendendo a mão.

O rapaz imediatamente retribuiu o cumprimento, sorrindo para mim.

- O prazer é todo meu! Passei os últimos seis anos ouvindo Quincey e Maria falarem sobre você! O rei dos deuses... é uma honra!

- A honra é minha de conhecer um concunhado.

O jantar, após isso, foi bem tranquilo. Apesar de Maria, mesmo sentada ao meu lado, me ignorar, eu passei bem. Doía, claro que doía. Eu a amo e a ter tão perto, mas tão distante, por um erro meu, doía.

Os dias após isso, foram assim. Uma semana completa, sendo ignorado por ela. Tentava falar com Maria, mas nada adiantava. Ela sempre fugia de mim e me ignorava. Porém, nos cuidados médicos dela, não havia como fugir. Eu estava ali, tratando de suas feridas, ao menos as dos braços. Moira me colocou para tratar das feridas das pernas dela, também, e isso me enlouqueceu.

Porra... aquelas pernas lindas, coxas grossas... ela era perfeita! Eu tratava das feridas e sonhava com o dia que eu iria poder acariciar e apertar aquelas belas pernas. Me controlei para não externar meus pensamentos, focando em olhar apenas as feridas, que cicatrizavam.

No mesmo dia que passei a tratar de suas feridas nas pernas, recebi uma carta do rei. Ele me dizia que queria conhecer a minha noiva, que deveria leva-la ao castelo. Disse que concordava, mas que teríamos que esperar, pois ela estava em cuidados médicos. Nada grave, nada com que ele devesse se preocupar, mas iríamos ter de esperar um pouco, para que ela viajasse comigo.

Os dias passavam lentamente e os únicos momentos que eu tinha com Maria, eram quando eu tinha de tratar de suas feridas. As vezes, enquanto eu limpava com cuidado, seu olhar voltava a ser o que era antes e eu ainda notava uma pequena faísca de sua paixão por mim, guardada bem no fundo de sua memória, o que me dava esperanças e me fazia seguir sendo gentil.

Eu lhe escrevia cartas todos os dias, me esforçando para ser o mais romântico dos homens, esperando que ela cedesse em algum momento. Mas ao contrário do que eu esperava, ela apenas me ignorava cada vez mais. Porém, como de costume, lá estava ela com Alan, conversando sobre tudo o tempo todo. Mas sempre que eu chegava, ela se afastava de mim.

O que me restava era esperar. Mas por quanto tempo eu conseguiria manter a calma? Acho que eu só perderia a paciência, quando minha esperança se fosse. Logo, tentando não perdê-la antes de reconquistar Maria, tentava me distrair. Claro que Alan estava quase que todo o tempo, comigo. Mas quando separados, eu conversava com Arthur e conhecia um pouco mais dele.

- Quincey e eu, nos conhecemos porque meu pai ia lhe ensinar a montar. Éramos crianças.

- E como era com seu pai?

- Ele é cruel. Não foi um bom pai. Ter saído de lá, foi o melhor que me aconteceu. Se não, meu destino seria outro, já que em algum momento, iriam acabar descobrindo que eu gosto de homens. E bem, mesmo se eu tivesse nascido mulher, não me casaria com Quincey. Meu pai é pobre. Abraham nunca permitiria.

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