O Limiar Entre as Realidades.

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Dentro da caverna, a tensão era palpável. Hannah e as crianças estavam cercados pelos aparelhos que haviam trazido. O detector de ondas gravitacionais estava montado, o sismógrafo captando vibrações, e o magnetômetro em mãos, mas agora vinha o verdadeiro desafio: imitar a frequência de um Morbryn, a criatura que, segundo Hannah, era o guardião do portal.

— Ok, precisamos atingir uma frequência extremamente baixa. Disse Hannah, analisando os dados nas telas. — Estamos falando de algo próximo a 15 Hz, talvez até mais baixo. Criaturas como o Morbryn operam em uma frequência que nós, humanos, quase nunca ouvimos.

Tony, concentrado no seu papel, estava ajustando um oscilador portátil que eles haviam trazido. Ele era ótimo em física e sabia que era possível manipular frequências de som, mas o desafio era encontrar a correta.

— Se a gente conseguir, o portal deve se abrir. Disse ele, mexendo nos controles. — Mas precisamos ser precisos, ou nada vai acontecer.

Elena, com um olhar determinado, perguntou:

— O que mais podemos fazer?

— Vamos sincronizar o oscilador com o sismógrafo e o detector de ondas gravitacionais. Disse Hannah. — Se as vibrações no espaço-tempo se alinharem com as ondas sonoras que estamos emitindo, a chance de abrir o portal aumenta.

Tony apertou os controles, e um som grave e profundo começou a ecoar na caverna. Era uma vibração baixa, quase inaudível, que fazia os ossos tremerem levemente.

— Está quase lá. Murmurou ele.

Hannah olhava fixamente para o magnetômetro, ajustando as configurações.

— Ainda não é o suficiente. Precisamos descer mais.

Tony ajustou o oscilador novamente, e o som mudou, ficando mais profundo. A caverna pareceu ressoar com a vibração, como se a própria terra estivesse respondendo. Elena segurava a respiração, sentindo a tensão no ar.

— Agora! exclamou Hannah. — Estamos na frequência certa.

De repente, uma leve distorção no ar apareceu, uma espécie de tremor, como se o espaço ao redor deles estivesse sendo distorcido. O magnetômetro começou a apitar loucamente, indicando que algo estava acontecendo. As luzes nos aparelhos piscavam e as telas mostravam leituras instáveis.

— Conseguimos! Gritou Tony, surpreso com o resultado.

O som grave continuou, e eles podiam sentir o ar mudar ao redor deles, como se algo estivesse se abrindo. Era sutil, mas a caverna parecia menos sólida, como se as paredes e o chão estivessem começando a se desfazer em outra coisa, talvez, uma passagem. Eles não podiam ver o portal com clareza, mas podiam sentir sua presença.

Hannah sorriu levemente, embora seu coração batesse acelerado.

— Nós fizemos isso. O portal... está quase aberto.

Mas sabiam que o próximo passo seria ainda mais perigoso: atravessar sem encontrar o Morbryn ou qualquer outra coisa que habitasse aquele bosque enigmático.

Em Sete Além, Dylan e Tanya finalmente encontraram o local ideal. Estavam perto do bosque, onde a energia vibrava de maneira estranha, quase tangível no ar. Era um lugar ermo, onde as árvores pareciam se curvar ligeiramente, como se esperassem por algo.

Tanya colocou no chão os objetos que haviam coletado, um velho diapasão de metal, uma antena improvisada feita de cabos e metais ressonantes. Eles montaram tudo com cuidado, ajustando cada detalhe. Dylan ajudava, tentando manter a calma, mas o peso da situação era inegável. Se isso não funcionasse, eles poderiam nunca sair daquele lugar.

A Sociedade de Verdes PradosOnde histórias criam vida. Descubra agora