A cela estava envolta em sombras, e o silêncio tenso foi quebrado apenas pelo som dos passos arrastados do Klyr se aproximando. Ele parou em frente às grades, observando-os com olhos semicerrados, como se tentasse ler cada pensamento deles. Finalmente, murmurou em um tom que parecia hesitante, mas decidido:
— Talvez eu acredite na história de vocês sobre Nymeris. Sobre ela querer trair Arandor e abandonar nosso povo.
Tony, Elena e Dylan trocaram olhares rápidos, a surpresa e a esperança brilhando em seus rostos. Tony se aproximou das barras, os olhos fixos no Klyr.
— Então... você vai nos soltar?
O Klyr assentiu lentamente, seu rosto ainda frio e cauteloso.
— Sim. Vou soltar vocês... mas, se estiverem mentindo para mim, saibam que eu mesmo cuidarei de acabar com os três. Nymeris pode ser cruel, mas não tolero traição.
Tony levantou a mão, em um gesto de sinceridade absoluta.
— Eu juro que estamos falando a verdade.
O Klyr encarou Tony por mais um segundo e, após uma pausa, continuou:
Ainda esta noite, quando Nymeris estiver fora do palácio, volto para abrir a cela. E aí, veremos o que vocês realmente pretendem fazer.
Com essas palavras, ele se afastou, desaparecendo nas sombras do corredor.
Algum tempo depois, em meio à escuridão da cela, um leve farfalhar de passos se aproximou, quase inaudível. O Klyr retornara, envolto em sombras, os olhos brilhando com uma determinação cautelosa. Ele abriu a grade devagar, sem fazer barulho, e sussurrou:
— Chegou a hora. Acordem! Mas cuidado, os outros guardas não podem vê-los.
Tony foi o primeiro a despertar, seguido por Elena e Dylan, que logo se ergueram, ainda sonolentos mas alertas, os olhos repletos de expectativa. O Klyr fez sinal para que o seguissem, movendo-se como um vulto, passando rapidamente pelos corredores, onde sombras mais escuras pareciam se mover junto com eles.
Ele murmurou, sem parar de caminhar:
— Sigam-me. E sem um ruído, ou a chance de escapar será perdida.
Os três seguiram o Klyr, deslizando pelos vastos corredores do palácio, onde o teto parecia se esticar além do alcance da visão, distorcendo o espaço e dando uma sensação de vertigem. As paredes escuras eram entalhadas com padrões estranhos, que pareciam se mover à medida que passavam, como se as próprias sombras os estivessem vigiando. Cada passo era meticulosamente calculado, evitando o menor ruído. Respiravam pouco e sempre atentos aos ecos, pois o som de qualquer movimentação mais intensa poderia alertar os outros guardas.
Ao passarem por uma sala aberta, esconderam-se nas sombras ao ouvir passos pesados de guardas Klyr. Os guardas se detiveram, seus olhos rubros piscando na penumbra. O coração de Tony disparava, e ele olhou para Dylan e Elena, que também estavam petrificados. O Klyr que os guiava fez um sinal de silêncio e ergueu a mão, esperando. Assim que os passos dos guardas cessaram, ele gesticulou para que continuassem.
Finalmente, alcançaram a saída do palácio. Lá fora, o ar parecia mais fresco, embora ainda impregnado de uma atmosfera opressiva, como se uma névoa invisível cobrisse tudo ao redor. As luas de Arandor brilhavam fracas no céu, iluminando apenas o suficiente para enxergarem o caminho à frente.
O Klyr virou-se para eles, com a expressão sombria, mas determinada.
— E agora? Qual é o próximo passo?
Elena respirou fundo, respondendo em um tom baixo mas firme.
— Precisamos voltar para a nossa dimensão. Precisamos encontrar uma forma de confrontar Nymeris e deter Gorgâno antes que seja tarde demais.
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A Sociedade de Verdes Prados
FantasyQuarenta e três anos após o misterioso desaparecimento de sua irmã Hannah, Dylan ainda carrega as cicatrizes de um segredo que ninguém mais lembra; exceto ele. Ao receber seus netos, Ethan e Elena, para duas semanas de convivência, velhas feridas sã...