Capítulo 4

36 3 0
                                    

Karla

Minha tia tem um restaurante e me fez ir ate lá pra conhecer. Me apresentou pra  inumeras pessoas que eu até perdi a conta. Mas, uma pessoa em especial me chamou atenção. O dono do morro é um homem muito bonito e posso afirmar que o perfume dele custa mais de cinco mil reais. Se tivesse conhecido ele em uma das baladas que frequento, com certeza eu teria passado a noite com ele. Mas aqui nesse lugar ele é só um bandido que eu abomino de qualquer maneira! Essa gente não presta e eu não tenho o menor interesse de me envolver com pessoas desse porte.

- Karla, essa é a Karol. Voce lembra dela?- Tia Luiza pergunta ao lado da garota morena.

- Lembro vagamente.- Respondo com desdém.

- Pode me chamar de Kakau.- A garota diz com uma cara de deboche. Com certeza eu e ela não nos daremos bem.

- Eu vou deixar voces conversando porque tenho muito o que fazer na cozinha.- Tia Luiza fala e depois nos deixa sozinhas.

- É verdade que tu desceu a porrada em uma menina na tua faculdade?- Arqueio uma sobrancelha.

- Credo, não! Eu só puxei o cabelo dela.- Digo

- E porque?

- Porque eu quis, porque ela é inferior, porque ela é patetica e...- Sou interrompida por uma voz grossa atrás de mim.

- Tu deve odiar essa guria, né?- Me viro e vejo um homem moreno, olhos pequenos, cabelo espetado e bigode loirinho.

- Não odeio ela.- Digo cruzando os braços.

- Não é o que parece.- Eu suspiro.

- Vai querer o que Lorin?- Kakau pergunta cortando o assunto entre mim e o carinha.

- Quero uma coca gelada.- Ele fala me olhando.

Kakau sai pra pegar a coca, enquanto isso o cara não tira os olhos de mim. Isso me incomoda um pouco então eu dou as costas e saio dali.

{...}

O dia foi suportavél, mas eu não vejo a hora de voltar pra minha casa. O quarto que fiquei é bem pequeno, mas é aconchegante e limpo assim como toda a casa. 

Me jogo na cama depois de vestir meu pijama, pego meu celular e respondo algumas mensagens. Um tempo depois a Kakau entra no quarto e me encara.

- Que foi?- Pergunto irritada.

- É assim que voce passa suas noites de sabádo?

- Logico que não. Mas eu não posso sair desse morro a não ser pra ir pra faculdade.- Digo e suspiro entediada.

- Garota, hoje é dia de baile. Se arruma que voce vai comigo.- Ela fala.

- Baile funk? Sem chances.- Sorrio negando.

- Sim, voce vai.- Ela abre uma das minhas malas e tira de la um vestido branco e joga em mim.- Esse é perfeito. Voce tem meia hora.- Fala e sai do quarto.

Me arrumo sem muito animo algum pra esse baile funk. Enquanto me arrumo, meu celular toca.

SARAH- E ai amiga, como foi seu primeiro dia morando em uma favela?

KARLA- Um saco. Tó me arrumando pra ir pro famoso baile funk.

SARAH- Baile funk? Caramba, me busca na entrada do morro, eu com certeza vou nesse baile.

KARLA- Serio?

SARAH- Sim! Vou me arrumar e já chego na entrada.

KARLA- Ok maluca.

Termino de me arrumar e encontro a Kakau me esperando na sala.

- Kakau, uma amiga minha vai vir também! A gente pode ir buscar ela na entrada do morro?

- Claro. Quando a gente chegar no baile peço pra um amigo descer contigo de carro pra buscar ela.- Sorrio um pouco mais animada.

Saimos de casa e subimos pra quadra apé mesmo já que a casa da tia Luiza é bem perto do local do baile. Ao chegar lá eu fiquei abismada com aquela multidão de gente.

- Como vamos passar ai?- Pergunto pra Kakau.

- Voce vai ver.- Diz animada.

Caminhamos até alguns homens do outro lado da rua. Ela cumprimentou eles e chamou aquele mesmo cara de mais cedo. Acho que é Lorin o apelido dele.

- Ai, abre passagem pra nois.- Kakau pede pro Lorin.

- Vamo ai.- Ele fala acendendo um cigarro.

Seguimos ele e entramos na multidão. As pessoas quando viam aquele cara carregando um fuzil e com postura de segurança, abriam espaço pra que passassemos. Dessa forma chegamos no camarote. Bom, não é bem um camarote! Lá ficam os caras que trabalham no crime e algumas mulheres. Tem de tudo um pouco; Drogas, muitas bebidas, petiscos. É realmente incrivel a forma como essas pessoas se divertem.

Prestando atenção naquele lugar, acabei um par de olhos que me encaravam friamente. É ele, o dono do morro, Diego. Ele se aproxima, olho pros lados procurando a Kakau mas vejo ela aos beijos com um carinha que eu não conheço.

- E ai branquinha.- Diego fala.

- Oi Diego.- Falo timida.

- Não esperava te ver por aqui.- Sorrio de canto.

- Voce me deixou curiosa.- Digo com uma sobrancelha arqueada.

- Tá gostando?

- Acabei de chegar, ainda não tenho uma opnião formada sobre esse lugar.- Digo e por um momento vejo ele sorrir de canto. Conheço esse homem a dez horas e ele nunca me lançou um sorriso.

- Tenho certeza que tu vai odiar!- Fala convencido.

Nesse momento meu celular toca. 

KARLA- Oi amiga, já chegou?

SARAH- Já sim. Tó aqui na entrada. Tá bem movimentado mas vem logo que eu tó sozinha.

KARLA- Tá, eu tó indo.

Desligo e encaro o Diego com um meio sorriso.

- Diego, será que voce pode ir comigo buscar uma amiga na entrada do morro?- Ele me olha desconfiado.

- Tá blefando?- Eu arregalo os olhos.

- O que? Claro que não! Ela tá me esperando lá.

- Pode cré.- Ele pega o rádio e fala com álguem.- Prepara a tropa que eu vou descer pra entrada do morro.

Ele fala me olhando e depois desliga.

- Não se importa de eu levar meus seguranças né?- Eu sorrio.

- Porque eu me importaria? Acha mesmo que eu tó armando pra voce?

- Nunca se sabe!- Sorrio.

- E ai tua amiga já chegou?- Kakau aparece do nada.

- Sim! O Diego vai comigo buscar ela comigo.- Kakau dá uma risadinha sapeca.- Que foi garota?- Ela sai sem dizer nada.

Saio do baile com o Diego, entramos no carro dele e descemos o morro. Na metade do caminho, ele para o carro do absoluto nada e me olha.

- Qual o problema?- Pergunto assustada.

Diego pega na minha coxa e aperta, sinto um calafrio percorrer minha espinha. Sem me dá oportunidade pra protestar, ele me arranca um beijo muito gostoso e envolvente me deixando em extase.

Lados OpostosOnde histórias criam vida. Descubra agora