Lados Opostos

Capítulo 14

KARLA

Califórnia, Estados Unidos.

Cinco anos depois...

- Valentina, vamos logo o taxi está esperando.- Grito no fim da escada carregando as malas.

- Mamãe você pegou o meu cobertorzinho?

- Sim meu amor. Coloquei na mala.- Pego minha filha no colo e sento ela no braço do sofá.- Valentina, o que vamos dizer se perguntarem sobre o papai?- Pergunto e ela parece pensar.

- QUE O PAPAI NÃO PODE VIR PORQUE ESTAVA TRABALHANDO.- Diz alto quando se lembra.

- E quantos aninhos você tem?

- Quatro e meio mamãe.

- Não Valentina! Você tem tres aninhos.- Ela dá risada de mim.

- Tudo bem mamãe.- Beijo o rostinho dela e saimos de casa.

Um mês depois de terminar tudo com o Diego, eu descobri que estava gravida. Quando contei pro meu pai ele foi super compreensivo e me deu a escolha de contar pro Diego ou criar a minha filha sem a presença do pai. Passei os nove meses em um sitio no interior do Rio. Quando a Valentina nasceu eu até tentei contar pro Diego! Fui no morro mas me barraram na entrada e um vapor falou que o Diego havia proibido a minha passagem. Meu mundo desmoronou ali. 

Então peguei a Valentina, embarquei no primeiro voô pra Califórnia e é onde moro desde então. Nesses cinco anos eu fui visitar meu pai varias vezes mas nunca tive coragem de procurar o Diego novamente. Não sei o que ele tem feito da vida dele, cortei laços totalmente com o povo de lá. A única pessoa que sabe que a Valentina é filha do Diego é a tia Luiza. Kakau e Sarah sabem da Valentina, mas acham que ela é filha de um cara que me envolvi aqui nos Estados Unidos. Agora elas vão se casar, pois é. Descobri pouco antes de vir pra cá que as duas estavam juntas. Elas fizeram questão de eu ser madrinha do casamento delas e querem que a Valentina seja daminha de honra.

Isso me assusta muito porque ninguém além do meu Pai e da tia Luiza sabe a verdade. Tenho medo que as meninas percebam a semelhança entre a Valentina e o Diego. Por tanto, vou no casamento e no outro dia já volto pra casa. Estou torcendo de coração pra não esbarrar no Diego nesse casamento ou em outro lugar.

Embarcamos e chegamos no Brasil logo cedo. Papai buscou a gente no aeroporto e fomos pra casa dele.

- A Valentina dormiu.- Falo entrando na cozinha.

- Sente aqui, vamos tomar um chá.- Meu pai fala. 

Me sento ao lado dele e falamos sobre como tem sido conciliar a maternidade, a faculdade e o trabalho. Tudo isso em um pais onde ainda não tenho costume. Porem o tempo inteiro eu notei que meu pai queria mesmo era falar de outro assunto e então ele jogou as cartas na mesa e abriu o jogo.

- Eu fui no morro dias atrás.- Fala com naturalidade.

- Ver a tia Luiza? Como ela está?- Pergunto e dou um gole no meu chá.

- Ela está bem! Mas na verdade eu fui ver o Diego.- Ao ouvir isso, engasgo com o chá.- Calma Karla. Eu não falei sobre a Valentina.

- E falou sobre o que? Porque foi falar com ele?- Pergunto intrigada.

- Eu só ouvi falar desse homem nos noticiários e por você. Ele é pai da minha neta, eu precisava conhecer ele.- Respiro fundo.

- E sobre o que falaram?

- Muitas coisas. Apesar de ser um bandido procurado ele também é um homem de caráter e índole. Mas o que mais me chamou atenção foi o que ele me falou.- Ouço atenta.- Ele me disse exatamente com essas palavras; "Eu conheci o amor e a dor quando conheci a Karla. Ela ocupou um espaço dentro de mim e quando ela foi embora, esse espaço ficou vazio e ninguém nunca vai conseguir ocupar o lugar dela na minha vida. Disso o senhor pode ter certeza." 

O meu coração palpita loucamente dentro do peito. Sinto uma mistura de culpa, arrependimento e medo. Tudo poderia ter sido diferente se eu tivesse insistido mais ou pelo menos dito em uma mensagem que nos dois seriamos pais de uma criança e que tudo que eu queria era poder criar ela ao lado dele e ter a chance de ser feliz com a minha família. Mas que diferença faria se só eu quisesse isso? Talvez foi melhor assim, talvez não. Agora, eu estou confusa quanto a tudo e não sei mais o que pensar.