O cheiro da flor

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DUPLO BOOM 💥💥💥💥💥💥💥💥💥💥

e com a volta de personagens que vocês amam.

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- Comprou meu pote de creme?

- SIM! – Cris falou alto do banheiro, o suficiente para Paula ouvir do corredor.

- Depois te passo o PIX.

A rotina de Cris e a noiva já era similar a de casados. Os dois dividiam o mesmo teto, além dos boletos, as compras do mês e as preocupações do dia-a-dia. Também compartilhavam as rotinas de trabalho, quem faria o jantar e, de quinze em quinze dias, quem buscaria Cici na escola.

- Hoje eu busco a pimentinha. – Cris entregou o pote de creme para Paula, que leu o rótulo e sorriu. O noivo acertou a marca. – Ela quer ficar na piscina aqui e aprender a nadar.

- Você vai ter tempo de ensinar, Cris?

- É óbvio! Comigo, Cici vai virar um peixinho! – riu. – Mas esse creme é bom mesmo, amor?

- Sim, é ótimo pra definir os cachos, eu uso e minha mãe usa em Cici também.

- Hmmm... Por isso que seu cabelo... – ele se aproximou de Paula, beijando a nuca da mulher, enquanto seus dedos sentiam os cabelos molhados da noiva. – Fica sempre lindo quando estamos juntos...

Paula riu, e seu riso era físico, sempre se movimentando, o que fez a toalha molhada que a cobria se separar da professora.

Quando ela reparou o ocorrido, separou-se rapidamente de Cris, entre risos e tapinhas bem-humorados no peito do rapaz:

- Eu preciso me secar e colocar meu creme, Cris!

O publicitário gargalhou, levando as mãos à barriga.

- Tudo bem, você venceu!

Alguns minutos depois, com os cabelos já tratados com o creme, Paula Garrido se encontrava pronta para ir ao trabalho – camisa estilo t-shirt com estampa contendo o rosto de Lady Gaga, saia longa de couro e tênis branco. Fazia o estilo "moderninha", e sempre chamava atenção do corpo docente da faculdade tanto por seu estilo quanto pela idade – era bastante jovem para uma professora universitária.

Paula também se considerava "privilegiada" – sua pele negra ajudava-a a parecer mais nova do que os 33 anos na carteira de identidade.

- E então, Cris, alguma notícia de sua irmã?

O publicitário parou com os carinhos nos cachos da noiva e olhou para um ponto distante. "O que eu vou dizer? Que ela tá morando com os hippies?"

De acordo com o detetive particular contratado para encontrá-la, ela estava próxima de Arembepe, e não haviam mais informações sobre o que fazia, onde andava, com quem vivia. Se dependesse de Cris, era só dizer isso e fim de todos os problemas, mas Paula queria conhecer Lírio. Ter uma relação de cunhadas.

"Meu Deus, Paula, Lírio e você não têm nada a ver! Você vai se entediar com a conversa dela sobre flores, e todas as baboseiras dela!"

- Bem... Ela está passando uns dias de retiro em Arembepe. – foi a primeira coisa que surgiu na mente do publicitário.

- Na aldeia hippie? Sempre quis visitar, uma amiga foi e ajudou tanto a lidar com as questões de ansiedade dela...

- Não seria melhor ela tratar as questões de ansiedade dela com um terapeuta, Paula?

- É um tratamento complementar, Cris. – a professora cruzou os braços. Essa era a única parte do namorado que ela precisava ter algum nível de paciência: a predisposição de Cris em não acreditar e fazer troça de qualquer coisa que envolvesse vida natural e orgânica. – Aliás, amor, quem deveria lidar com terapeutas é você, que substitui uma consulta por maços de cigarro.

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