Gerânio

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chegamos ao famoso capítulo da praia, só que tem umas coisas antes...

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*O gerânio simboliza felicidade e bem-estar, e também expressa sentimentos de amizade e carinho. Em algumas tradições, acredita-se que a presença de gerânios possa trazer proteção e boa sorte.


O porteiro do prédio onde Ramiro Pimentel morava fora avisado da chegada de uma jovem, de uma amiga do publicitário, que ao se apresentar, deveria ter sua entrada aceita de bate-pronto.

- O senhor tá namorando, seu Ramiro? – perguntou Clóvis, o porteiro, que conhecia Ramiro de anos.

- Muito em breve, meu amigo! – sorriu. – Então, trate essa moça a pão-de-ló!

- Oxe, com certeza! E pela foto que o senhor mostrou, ela é muito bonita! O senhor e ela combinam!

Originalmente, Lírio de Lemos seria conduzida até o apartamento dele pelo próprio Ramiro; mas ela declinou da proposta, porque não queria dar trabalho ao publicitário.

- Lírio, não precisa vir aqui de buzú ou pelo motorista de aplicativo... Eu posso te buscar...

- Fique tranquilo. Se você quiser, pode me levar de volta pra casa. Sério, eu não quero dar muito trabalho... – explicou a jovem por telefone.

Ramiro sabia que convencer Lírio do contrário não daria certo, então os dois decidiram por ele dar uma carona à jovem na volta para casa.

A ida de Lírio ao duplex seria no final da tarde de sexta, algumas horas após o fim do expediente, e ela só retornaria no sábado de noite. A jovem teria que adiantar os planos de aula na tarde, mas estava tão nervosa com aquela ida à casa de Ramiro que não conseguiu sequer mexer nos cadernos que usava para planejar as aulas na escola.

Como poderia? Ela ia... Dormir na casa de Ramiro!

- Será que foi uma boa ideia, filos? – suspirou, pouco antes de sair. – Eu poderia ir apenas no sábado, mas ele queria que eu ficasse mais tempo lá, pra jantar, ficar com Gerânio, conhecer a piscina da casa dele... – mexeu a longa trança que repousava em seu colo, descendo até a barriga. – Eu estou me comportando feito uma idiota, né? Nós somos amigos, e amigos dormem na mesma casa...

"Amigos não se beijam na boca nem praticam... Eu nem sei como pensar isso, não fazem sexo oral em você, Lírio..."

Ramiro mal imaginava que Lírio era todo nervosismo quando ouviu algumas batidas na porta de casa – Clóvis avisou de sua chegada, mas ele sabia que aquele movimento era típico da jovem.

Havia uma campanha em seu apartamento, mas ele já conhecia Lírio o suficiente para saber que ela jamais tocaria porque não queria dar trabalho ou incomodar.

- Boa tarde, Ramiro... Desculpa ter chegado cedo, é que...

- Pelo contrário, Lírio, estou feliz por ter vindo a esta hora! – abriu a porta por completo, vendo a jovem segurando a ecobag que ele já conhecia; além de outra bolsa, de palha, pendurada no ombro, e Ramiro imaginou ser a bolsa de praia.

Ele estendeu as mãos para segurar as bolsas de Lírio e levou para a parte de cima do duplex, a fim de guardar lá. Lírio, por sua vez, observou calmamente o apartamento do publicitário, e considerou bem diferente do que imaginava ser a casa de Ramiro, ao mesmo tempo que havia algo dele ali – um homem dinâmico, inteligente, difícil de ser contido ou controlado; e o apartamento parecia representá-lo bem. Era um ambiente aberto, sem paredes, onde as divisões entre sala, cozinha, e o escritório ficavam na indicação dos móveis. Os únicos cômodos que tinham parede separando eram os dois banheiros, naturalmente, bem como o acesso físico ao único quarto da casa: o de Ramiro, possível de ser acessado ao subir a escada e chegar até o segundo andar.

LírioOnde histórias criam vida. Descubra agora