Iconic || Richard Rios

cap 43: Incerteza.

𝐏𝐨𝐯'𝐬 𝐎𝐥𝐢𝐯𝐢𝐚 𝐂𝐨𝐥𝐮𝐜𝐜𝐢

Assim que fechei a porta do apartamento, o som do clique pareceu um eco na minha mente. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, e não consegui contê-las. Me senti insuficiente, como se nada do que eu era ou do que nós tínhamos construído fosse suficiente para Richard. A raiva fervia dentro de mim, misturada à dor e à frustração.

Segui apressada para o estacionamento, a noite envolta em silêncio. Abri o carro e me joguei no banco do motorista, fechando a porta com força. Liguei o motor, a música alta do rádio não conseguia abafar os meus pensamentos. Eu precisava de espaço, de tempo para pensar. A raiva da situação me consumia, e não havia lugar para isso no meu coração.

Conduzi pelas ruas vazias, as luzes da cidade passando rapidamente. Cada curva parecia um lembrete do que havíamos vivido juntos, dos momentos bons que agora pareciam distantes. A sensação de insuficiência me acompanhava, como uma sombra que não me deixava em paz. A dúvida corroía minha mente: será que eu realmente era suficiente para ele?

As lágrimas se tornaram um turbilhão, e a raiva que eu sentia me fez pisar no acelerador. O carro respondia, mas o que eu realmente queria era gritar. As lágrimas escorriam livremente, e eu não conseguia parar. A velocidade aumentava, e a adrenalina misturava-se à dor.

Foi então que, de repente, um carro surgiu na minha frente, como uma sombra inesperada. Não tive tempo de reagir. O impacto foi brutal. O mundo ao meu redor se desfez em um borrão, e o último pensamento que passou pela minha mente foi uma súbita sensação de desamparo.

O carro capotou, e tudo ficou escuro.

(...)

𝐏𝐨𝐯'𝐬 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢𝐨𝐬

A porta se fechou atrás de Olivia há já quase uns 20 minutos, e o silêncio no apartamento parecia ensurdecedor. Eu me sentia perdido, incapaz de entender como tudo tinha chegado a esse ponto. Juan e Beatriz estavam ali, mas a tensão no ar era palpável. Beatriz, com a expressão de quem estava prestes a explodir, se virou para mim.

⸺ Como você pôde, Richard? ⸺ ela disparou, os olhos cheios de indignação. ⸺ Você a magoou de uma maneira que nem imagina

⸺ Eu não queria que isso acontecesse ⸺ respondi, a voz tensa. O desespero começava a tomar conta de mim. ⸺ Eu só… não sabia como lidar com a situação!

Juan, normalmente calmo, parecia igualmente irritado. ⸺ Richard, você precisa entender que ela é importante para nós. Você não pode ficar em contato com a sua ex e esperar que ela fique bem com isso

Aquelas palavras cortaram fundo. Eles não entendiam porra nenhuma, eu não conversava com a nicole, não sei porque mas parecia que ela sabia cada passo que davamos e mandava mensagem na hora perfeita.

A imagem de Olivia chorando, magoada, invadiu minha mente. A sensação de culpa se intensificou. Eu deveria ter sido mais cuidadoso, mais sensível. Mas o que eu poderia fazer agora?

Antes que eu pudesse responder, o celular de Beatriz tocou. Todos nós nos viramos, esperando que fosse Olivia. Um fio de esperança surgiu em mim, mas a expressão de Beatriz logo se transformou em preocupação.

⸺ É a Julia ⸺ ela disse, a voz tremendo enquanto atendia.

O ambiente imediatamente ficou carregado. Eu mal conseguia respirar. O que Julia poderia querer a essas horas da manhã? O coração acelerado na expectativa de ouvir a voz de Olivia se transformou em um nó de ansiedade.

⸺ O que aconteceu? ⸺ Beatriz perguntou, a expressão dela mudando para uma mistura de pavor e confusão. Eu me aproximei, meu coração batendo descontroladamente.

A voz de Julia atravessou a linha, e a informação que ela trouxe fez meu mundo desabar. ⸺ Beatriz, preciso que você venha ao hospital. A Olivia… ela teve um acidente. Estão levando-a para lá agora. Eu não sei como ela está…

O desespero se instalou no ar. Olhei para Juan, que tinha ficado em silêncio, a expressão agora sombria. Beatriz ficou paralisada por um momento, e então a realidade da situação atingiu todos nós como um soco no estômago.

⸺ Precisamos ir, agora⸺ gritei, a adrenalina me impulsionando. ⸺ Vamos!

Arrumei minhas coisas apressadamente, enquanto o medo me consumia. A ideia de que Olivia poderia estar ferida, em perigo, me fazia sentir uma culpa insuportável. Se algo acontecesse com ela, seria por minha causa.

Enquanto corríamos para o carro, tudo que eu podia sentir era a dor de saber que a magoei. O peso da culpa se tornava mais difícil de suportar a cada segundo. Eu precisava pedir desculpas e dizer que a amava.

Mas, por enquanto, tudo o que eu podia fazer era esperar que fosse a tempo.

(...)

Assim que chegamos ao hospital, a sensação de pânico tomou conta de mim. O saguão estava iluminado, mas parecia opressivo, como se a luz não pudesse afastar a escuridão que invadia meu coração. Beatriz e Juan se moveram ao meu lado, mas a tensão entre nós era palpável. A urgência da situação me impelia a buscar informações.

⸺ Com licença! ⸺ pedi a uma enfermeira na recepção, minha voz ansiosa. ⸺ Estamos aqui por causa da Olivia Colucci. O que aconteceu com ela? ela está bem?

A enfermeira olhou para mim, mas sua expressão não trazia consolo. ⸺ Desculpe, senhor. Não temos muitas informações no momento. Ela foi encontrada inconsciente no carro e ainda não acordou desde que chegou. Estamos monitorando seu estado.

As palavras dela soaram como um eco sombrio em minha mente. Inconsciente. Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo. A ansiedade subia, e a culpa pesava como uma âncora. Julia apareceu rapidamente, seu olhar preocupado ao nos encontrar.

⸺ O que aconteceu?, por que a Olivia estava dirigindo com tanta velocidade as 3 da manhã? ⸺ ela perguntou, sua voz trêmula. Eu sabia que ela também se importava com Olivia como uma mãe.

Beatriz, ao meu lado, lançou um olhar mortal em minha direção. O ódio em seus olhos me fez sentir ainda mais pequeno. A culpa que eu carregava só aumentava com cada segundo que passava. Quando Julia perguntou novamente, as palavras me escaparam. Eu precisava me explicar, mas a visão da expressão de Beatriz me calou.

Neste momento, a porta se abriu e um médico entrou na sala, seu olhar sério. ⸺ Familiares da senhorita Colucci? ⸺ ele perguntou, e todos nós nos aproximamos imediatamente, um misto de esperança e medo.

⸺ Eu sou o namorado ⸺ consegui dizer, meu coração disparando. A figura do médico se iluminou em minha mente como uma esperança.

⸺ A senhorita Colucci está estável ⸺ ele começou, e eu senti um alívio temporário. ⸺ Não houve fraturas, por milagre. No entanto, ainda não temos todos os detalhes sobre o estado dela. Ela deve acordar em breve, e então poderemos falar com ela.

Aquelas palavras me atingiram como um bálsamo, mas a incerteza ainda pairava no ar. Eu não poderia relaxar completamente até que ela estivesse acordada e pudesse ouvir a verdade, a minha verdade. A culpa ainda me consumia, mas havia uma nova esperança, uma luz tênue que me fazia querer acreditar que, talvez, eu ainda pudesse consertar as coisas.

Enquanto esperávamos, a ansiedade misturava-se à expectativa. Cada segundo parecia uma eternidade. Eu precisava dela acordada. Precisava que ela soubesse que eu estava aqui e que, acima de tudo, a amava.