Iluminados pelo Amor

Capítulo 05

Na manhã seguinte, Marinette estava sentada em sua sala pequena, com uma xícara de chá nas mãos e a mente cheia de pensamentos confusos. A conversa com Adrien em frente à igreja ainda ressoava em sua cabeça, criando um turbilhão de emoções. Ele não estava tentando ganhar nada com suas palavras; elas eram simples, mas cheias de empatia, e tocaram em partes dela que há muito tentava manter enterradas.

Sem saber como lidar com o que estava sentindo, Marinette decidiu ligar para Ayla, sua melhor amiga. Elas eram próximas há anos, e Ayla sempre tinha uma visão clara das coisas. Apesar de ter crenças espirituais mais moderadas, Ayla sempre apoiava Marinette, mesmo quando ela própria estava em conflito com sua fé.

— Oi, amiga! — atendeu Ayla, com uma voz animada. — Faz tempo que não me liga assim. Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu, sim, mas eu não sei bem como explicar — respondeu Marinette, tentando organizar seus pensamentos. — Você pode vir aqui? Eu preciso conversar.

— Claro, já estou a caminho! — respondeu Ayla sem hesitar.

[...]

Quarenta minutos depois, Ayla estava sentada no sofá de Marinette, com uma xícara de café nas mãos e uma expressão de curiosidade no rosto.

— Certo, me conta. O que está acontecendo? — Ayla perguntou, indo direto ao ponto. Ela sabia que, quando Marinette a chamava para conversar de forma séria, algo importante estava acontecendo.

Marinette respirou fundo antes de falar.

— Eu... conheci um cara. — começou ela, devagar.

Ayla levantou uma sobrancelha, sorrindo com malícia.

— Ah, agora entendi. E esse é o motivo do drama todo?

— Não é bem o que você está pensando — Marinette balançou a cabeça, quase sorrindo, mas ainda hesitante. — O nome dele é Adrien. Ele se mudou recentemente para o bairro. A gente se encontrou algumas vezes, e... ele é diferente de qualquer pessoa que já conheci.

Ayla inclinou-se para frente, curiosa.

— Diferente como?

— Ele tem uma fé muito forte, Ayla. Mas não é daquele jeito forçado, sabe? Ele acredita de verdade que Deus tem um plano, e que as coisas vão melhorar para mim, mesmo sem me conhecer muito bem.

Ayla ficou pensativa por um momento.

— E isso te incomoda? — perguntou ela, tentando entender a confusão da amiga.

Marinette suspirou, balançando a cabeça.

— Eu não sei se 'incomodar' é a palavra certa. Eu só não estou acostumada. A forma como ele fala sobre Deus, como se fosse algo simples e natural. Eu perdi essa fé há muito tempo, e não sei se consigo voltar a acreditar assim.

Ayla sabia que a fé de Marinette havia sido profundamente abalada pelas experiências ruins do passado. Relacionamentos fracassados e decepções haviam deixado marcas. Ela também sabia que, por mais que Marinette tentasse se proteger, ainda buscava respostas para o vazio que sentia.

— Marinette, você sabe que eu não sou a pessoa mais religiosa, mas, pelo que você está dizendo, Adrien parece ser alguém diferente do tipo de homens que você conheceu no passado. Talvez seja disso que você precisa agora, alguém que te faça ver as coisas de outro jeito, sem pressão — sugeriu Ayla, com sensatez.

Marinette olhou para a amiga, surpresa pela franqueza.

— Você acha que eu deveria dar uma chance a ele?

Ayla deu de ombros, sorrindo.

— No mínimo, você poderia aceitar aquele convite para tomar um café. O que você tem a perder? Se não der certo, pelo menos foi só um café. Mas pode ser que você descubra algo mais, talvez respostas para as perguntas que te incomodam.

Marinette ficou quieta, refletindo. A ideia de tomar um café com Adrien rondava sua mente há dias. Talvez Ayla tivesse razão. Talvez não houvesse nada a perder.

— Tudo bem. Vou mandar uma mensagem para ele — decidiu Marinette, finalmente.

Ayla sorriu, satisfeita.

— É isso aí! E, amiga, não se preocupe com o que vai acontecer depois. Apenas aproveite o momento.

[...]

Naquela noite, depois que Ayla foi embora, Marinette pegou o celular e ficou olhando para a tela, pensativa. A conversa com Ayla lhe deu coragem, e ela sentia que, talvez, estivesse pronta para dar um pequeno passo adiante.

Finalmente, ela digitou uma mensagem para Adrien.

*“Oi, Adrien. Estive pensando... e, se o convite ainda estiver de pé, aceito tomar um café. Que tal amanhã à tarde?”*

Ela apertou "enviar" antes que pudesse mudar de ideia. Não demorou muito para que o celular vibrasse com a resposta de Adrien.

*“Oi, Marinette! Fico muito feliz que tenha aceitado. Amanhã às 15h no café da esquina?”*

Ela sorriu ao ler a resposta. Adrien sempre tão gentil, sem pressões.

*“Combinado. Até amanhã!”* respondeu ela.

[...]

O dia seguinte chegou rápido. Marinette passou a manhã tentando se ocupar, mas o nervosismo era difícil de ignorar. A última vez que saíra com alguém não havia terminado bem, e as lembranças ainda a perturbavam. Mesmo assim, algo dentro dela dizia que Adrien era diferente. Ele não parecia ter segundas intenções, e isso a fazia sentir-se mais segura.

Às 14h45, ela estava pronta. Escolheu uma roupa casual, mas que a fazia se sentir confortável. Quando se olhou no espelho, viu uma mulher que, apesar de suas incertezas, estava disposta a tentar algo novo.

Chegando ao café um pouco antes das 15h, viu Adrien sentado em uma mesa do lado de fora. Ele sorriu ao vê-la.

— Oi, Marinette! — disse ele, levantando-se para cumprimentá-la. — Que bom que veio.

— Oi, Adrien. — respondeu ela, sentando-se.

Eles pediram café e começaram a conversar sobre assuntos leves: trabalho, hobbies, a vida no bairro. Marinette se sentia à vontade e, logo, estava rindo das histórias engraçadas que Adrien contava.

Aos poucos, ela foi se abrindo mais. Sentia que Adrien era uma pessoa com quem podia ser honesta, sem medo de ser julgada. Finalmente, após um longo silêncio, Adrien falou.

— Marinette, eu sei que você tem muitas dúvidas sobre a vida e sobre Deus. Não estou aqui para te convencer de nada. Só quero que saiba que, independentemente de suas crenças agora, eu estou aqui como amigo. Se precisar desabafar, estarei sempre por perto.

A sinceridade de Adrien tocou algo profundo em Marinette. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia que poderia confiar em alguém.

— Obrigada, Adrien — disse ela, emocionada. — Isso significa muito para mim.

E, naquele momento, Marinette percebeu que, talvez, estivesse pronta para confiar novamente. Quem sabe, Adrien fosse a pessoa que a ajudaria a reencontrar seu caminho.