MELISSA SALLES
Já fazia uma semana desde que enterramos a Júlia, mas parecia uma eternidade. O luto havia me consumido de uma forma que eu não conseguia controlar. O vazio que ela deixou era sufocante, e a única coisa que parecia amenizar essa dor insuportável eram as drogas e o álcool. Eu estava afundando, e afundando rápido. Era como se uma parte de mim tivesse morrido com ela naquele cemitério, e agora, eu estava apenas sobrevivendo — se é que se podia chamar aquilo de sobrevivência.
A cada dia, eu me distanciava mais de todos. De Billie, de qualquer chance de redenção. Nós mal falávamos, e quando falávamos, era sempre em meio a uma briga. Ela não entendia a minha necessidade de vingança, a minha obsessão. Eu não conseguia ouvir as tentativas dela de me consolar, de me trazer de volta à realidade. Tudo o que importava para mim era treinar, me preparar para o que viria. E se eu não estivesse treinando, eu estava me destruindo, seja com álcool, drogas ou qualquer coisa que anestesiasse a dor.
Naquela noite, eu voltei para casa mais uma vez completamente bêbada, as pernas trôpegas e o mundo ao meu redor girando. Eu mal conseguia segurar o peso do meu corpo quando bati a porta de casa, tentando chegar até o quarto. Meus olhos estavam turvos, mas eu vi a figura de Billie parada na sala, com os braços cruzados, a expressão cansada. Ela estava esperando por mim, como sempre fazia.
— Mel... — Ela suspirou, seu tom carregado de frustração e preocupação. — Você não pode continuar assim.
Eu soltei uma risada amarga, cambaleando enquanto tentava passar por ela, sem dar importância ao que dizia. Billie tentou me segurar, mas eu a empurrei com força, o ódio queimando dentro de mim.
— Não me toca, Billie! — gritei, virando-me para encará-la. — Você não entende nada do que eu tô passando!
Billie recuou, mas seu olhar permaneceu fixo em mim, cheio de dor. Ela estava tentando me ajudar, eu sabia disso. Mas eu não queria ajuda. Eu queria vingança. E tudo que ela tentava fazer era me afastar desse desejo que me consumia.
— Eu entendo mais do que você pensa, Mel — ela disse, a voz carregada de emoção. — Eu tô vendo você se destruir, e eu não sei mais o que fazer. Toda vez que eu tento chegar perto, você me empurra mais pra longe.
— Eu não preciso de você, Billie! — gritei, sentindo as lágrimas ardendo nos meus olhos. — Eu só preciso que você me deixe em paz e me deixe fazer o que eu tenho que fazer!
— E o que você tem que fazer, hein? — ela rebateu, o tom de voz mais alto, exasperado. — Se matar? É isso que você quer?
Eu cerrei os punhos, sentindo a raiva crescer ainda mais. Ela não entendia. Ninguém entendia. Como poderiam? Eles não tinham perdido o que eu perdi. Eles não sabiam o que era carregar essa culpa, esse vazio.
— Eu vou matar o Fernando, Billie. E vou fazer isso com ou sem a sua ajuda — disse, com uma voz fria, quase irreconhecível. — Se você não consegue entender isso, então saia do meu caminho.
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CEO- o acerto de conta BILLIE EIlISH
FanfictionEssa é a segunda temporada de CEO! Após Melissa Evans fugir com uma quantia significativa da fortuna de Billie Eilish, a vida da jovem toma um rumo inesperado. Deixando para trás a mansão luxuosa e a mulher que a havia conquistado, Melissa se vê em...