Capítulo 37

115 38 13
                                    

Adam me puxa da cadeira e nos jogamos no chão também. O barulho de vidros quebrando é um detalhe, porque é muito próximo e depois disso tudo é silêncio.

Não sei quanto tempo se passa enquanto ninguém ousa mexer um fio de cabelo, mas o som do elevador se abrindo para alguém se faz ouvir primeiro. Passos pesados passam pelo lugar, depois outros e mais algum outro. Três pessoas. Mais silêncio. Então vozes. Passos de novo, agora vindos do corredor, mas esses reconheço. São passos de corrida. Quem está correndo?

Arrisco erguer um pouco o olhar e vejo que um homem de terno alcança o elevador. Noto que ele aperta insistentemente o botão para que se abra, e esse homem fica olhando para trás, conferindo se alguém está chegando.

Meus olhos estão arregalados e estou com um oco enorme na barriga. Pavor.

O elevador se abre e ele entra, tendo o mesmo imediatismo para apertar o botão para que as portas se fechem e o leve embora.

Mais passos vindo correndo e dessa vez arrisco levantar completamente a cabeça.

É o Thales. Engulo em seco. Ele dá socos nas portas fechadas e xinga, se afastando e enterrando os dedos no cabelo, desolado.

Meu Deus, o que aconteceu?

Não sei e não acho que penso quando me levanto e corro até Thales.

Seu olhar perfeito sem defeitos se volta para mim e ele parece perdido.

— Você está bem? — pergunto, assustada.

Ele abre a boca para responder, mas não consegue, apenas balançando a cabeça em negativa.

Sua atenção então se volta para o recinto, todas as pessoas jogadas no chão, com medo.

Thales parece voltar a si, piscando os olhos e se virando, dizendo em alta e explicada, e igualmente perfeita, voz:

— Está tudo bem, não fiquem assustados. Podem se levantar.

O pessoal começa, timidamente, a se levantar. Em instantes começam burburinhos de uns com os outros, acredito que curiosos sobre o que aconteceu.

Thales me segura pela mão e me puxa dali até a minha sala, onde nos fecha novamente.

— O que aconteceu? — pergunto novamente, temerosa e preocupada.

— Meu pai quase matou a minha mãe com um tiro — Thales informa, os olhos focados no nada à direita, onde se fixam.

Eu imediatamente estou sem fala, tão sem fala e reação, que apenas fico observando-o olhar o nada.

Quando retorna à realidade, isso leva quase um minuto, Thales me olha de novo.

— Não é estranho haver quase morte de um dos dois, mas nunca foi de um contra o outro. Meus pais, quero dizer — ele continua sua explicação, apesar de eu permanecer alheia.

— Vocês chamaram socorro para a Sra. Wade? — pergunto, alarmada.

— Os meus irmãos pediram — ele fecha os olhos e passa uma mão no rosto, se recusando a abri-los enquanto pressiona a testa com os dedos. — Eu corri para tentar pegar o cara que foi o culpado por isso ter acontecido.

— Meu Deus, como assim?

— O pai da Karina. Ela namora o meu pai desde os dezessete anos.

— O quê? — minha boca fica aberta e meus olhos saltados. — A Karina? O pai dela? — minha mão vai ao peito. — Do que você está falando?

Seus olhos se fixam em mim e Thales quase não pisca.

Eu sei, eu sei que ele tem um olhar perfeito, mas não pode fazer isso depois de me contar o que contou. É... assustador.

— Thales? — eu o chamo, temerosa. — Thales?

Ele então volta a si de novo, começando a falar normalmente como se não tivesse compartilhado um acontecimento preocupante. Como se sua mãe baleada a alguns metros não fosse desesperador.

— Eu descobri há pouco também essa palhaçada — ele bufa. — Meu pai "comprou" a Karina do pai dela e a namorava. Ela se apaixonou por mim e não quis mais o velho — seus olhos se fecham brevemente e seus dedos voltam a pressionar a testa, como se fosse um acontecimento difícil de ser calculado. — Então a minha mãe havia ligado para o meu pai e avisado que o pai da Karina estava aqui. O velho Wade veio tentar apaziguar tudo, mas...

Estou muito chocada e absorta e incrédula, sendo que não tenho reação que não balançar a cabeça em negativa.

— Mas quando ele chegou na sala, o pai da Karina já foi para cima e o meu pai pegou sua arma que estava na cintura... — se silencia.

— Como sua mãe foi atingida se eram dois homens brigando? — eu me forço a perguntar, a mão ainda no peito.

— O pai da Karina desviou da arma e minha mãe estava no lugar errado, na hora errada — Thales finaliza, mas fica me olhando.

— Era ele que estava fugindo? — engulo em seco, porque ainda não tinha me deparado com essas reações de Thales Wade. Quando parece que ele fixa a vista em um ponto e vai embora em pensamentos guardados.

— Sim, era — perfeitamente ele volta a falar como se não tivesse se retirado.

— Presumi quando você socou o elevador — digo.

— Se minha mãe morrer, eu vou matá-lo.

Meus olhos se arregalam.

— Você vai matar quem?

— O pai da Karina. E não adianta falar para eu não fazer isso, porque eu farei — Thales anuncia.

Estou tão atônita que não tenho um som que indique minha reação.

Estou sem fala, petrificada, incapaz de me entender em relação a tal. Meu Deus...

— Lia? — Thales me chama, acho que instigando uma reação, já que estou olhando-o.

Ele se aproxima mais de mim, ao que eu retrocedo um passo, balançando a cabeça e estendendo as mãos para que ele não se aproxime.

— Você tem noção do que acabou de me dizer? — questiono, horrorizada.

— Que vou matar o pai da Karina se minha mãe morrer — Thales responde com uma naturalidade tão fácil que eu pioro o meu estado 'assustada'. — Ele nem vai esperar por isso.

— Minha nossa, você não pode fazer isso! — gesticulo.

— Por que não?

— Você vai ser preso!

— Não vou — ele desdenha. — Fique tranquila.

— Tranquila?! — rebato, minha voz já sem controle. — Tranquila, Thales Wade?! Como você pode me dizer uma coisa dessas e pedir que fique tranquila?! Você deve ser louco!

— Não sou louco, mas não vou deixar esse episódio passar batido — Thales respira fundo. — Não fique com medo.

— Eu não estou com medo, Thales. Estou apavorada! — me afasto, caminhando pela sala até a poltrona. Me sento e enterro os dedos nos cabelos. — Meu Deus, eu não ouvi tudo isso — me recuso.

— Vou ver se minha mãe está bem — ele diz depois que ficamos em duradouro silêncio. — Até amanhã.

Até amanhã? Minha nossa.

Eu não estou bem.






___________________________________________

Meu anjo, ngm está

Inclusive o Thales 🫢

Boa tarde, amores! Ótima sexta-feira ❤️

Vou tentar postar um mini à noite ✨

Minha Tentação tem Nome - Os Wade 1Onde histórias criam vida. Descubra agora