Capítulo 18

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Não era bonito da minha parte, porém eu estava trancada dentro do banheiro conversando com a minha vó. Ela era a única que conseguia me fazer sentir tranquila e não surtar nesses momentos.

Pode ser que para algumas pessoas essa situação que estou não é para surtar tanto, mas poxa, estava em outra cidade para conhecer a família inteira do meu possível namorado. Era demais para qualquer pessoa.

– Tiana, você tem que reagir. – Ela me dá uma bronca do outro lado da linha.

– Agora a culpa é minha de ficar nervosa?

– Você está aí nessa cidade para fazer o quê?

— Para conhecer a família do Aleksander.

— E por que você está fazendo isso?

— Por que ele foi vê a senhora e eu também tenho...

Ela me interrompe.

— Não, por que você decidiu acordar cedo, ir de carro até outra cidade e ficar horas na estrada?

Respiro fundo.

— Porque eu gosto do Aleksander e quero que dê certo as coisas com ele.

— Então pronto, minha querida. Não tem motivos para ficar nervosa por qualquer trivialidade. Lembre-se, você passou por isso em todos os estágios da vida, na escola, na faculdade, quando arrumou o primeiro emprego. Conhecer pessoas é normal e algo banal, você faz direto isso no seu dia a dia e nem percebe de tão rápido que é.

Mordo os lábios.

— Mas e se a família dele não gostar de mim? Achar que o filho dele merece uma pessoa melhor?

— Pessoa melhor que você, filha? Não existe. — Minha vó diz com naturalidade. — Só seja você mesmo e que todos gostarão de ti.

Assinto, como se minha vó estivesse naquele banheiro comigo e pudesse ver algo.

— Não fique tão preocupada, como eu disse antes, se divirta. — No fundo da televisão eu escutava alguma novela que minha vó assistia. — Você está em uma nova cidade, com um rapaz que você gosta e pode fazer tudo com ele.

Meu coração parecia um pouco aliviado.

— Tiana? Está tudo bem? — tomo um susto com Alek me chamando.

Olho para um lado e para outro, pensando no que eu deveria dizer a ele.

— Cla-claro. — digo-me levantando do vaso. Volto minha atenção para a ligação. — Já vou ir, vó. Amanhã te conto o que aconteceu.

— Converse com Aleksander sobre o que você está sentindo, Titi.

— Okay... — desligo o telefone após me despedir da minha vó em sussurros.

Não sei o que me deu, acho que não ficaria legal trazer uma mulher para o hotel-fazenda dos meus pais e ela ficar no banheiro chorando pitangas com a vó, com medo de situações hipotéticas aconteceram. Era algo estranho.

Sempre fui uma garota meio insegura, desde o tempo da escola. Não gostava de ser o centro das atenções, apresentações e chamadas orais, eu fugia o máximo que conseguia. Quando cursei o curso de Publicidade e Propaganda, só gostava da parte do criativo, de ter ideias, porém na parte de apresentá-las, eu travava.

Era uma sensação desesperadora. Eu ficava com as mãos suadas, o coração batendo rapidamente e pensando em mil possibilidades de dar merda. Melhorei muito nesse aspecto, mas não era 100% ainda.

Há 2 anos quando decidi me aventurar por aplicativos de relacionamentos, todo encontro era um momento difícil e um mantra para ser seguido. Não sabia o que as pessoas esperavam de mim, se elas iriam gostar de mim ou não, se iria ter algum preconceito comigo por ser gorda e negra. Eram muitas coisas na minha mente.

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