- O jogo do destino

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Ao amanhecer, despertei mais uma vez nos braços de Alcina Dimitrescu

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Ao amanhecer, despertei mais uma vez nos braços de Alcina Dimitrescu. Agora, os medos constantes que antes me consumiam pareciam distantes. Desde que meu pai faleceu, eu quase esqueci como era ser cuidada por alguém. Por tanto tempo fui eu quem ofereceu cuidados, e agora, por mais estranho que pareça, sentia-me envolvida por essa presença que me protegia. Se Lady Dimitrescu tivesse planos de me matar, eu aceitaria esse destino de bom grado, pois, ao menos, morreria nos braços de quem cuidou de mim, de quem, de uma forma incompreensível, parecia nutrir um sentimento por mim.

Aconcheguei-me ainda mais em seu corpo imenso, fascínio preenchendo cada fibra do meu ser. O contraste entre o toque gélido de sua pele e o calor que ela emanava era algo que eu jamais entenderia. Parecia uma grande manta, quente e acolhedora ao mesmo tempo. Era engraçado o quanto eu parecia pequena perto dela, quase insignificante. Encostei minha testa em seus seios e me aninhei no vão de seu pescoço, inalando o doce perfume de rosas frescas que exalava de sua pele pálida. Pela primeira vez desde que cheguei aqui, não era eu quem estava sendo observada. Desta vez, era eu quem a observava, captando cada detalhe.

Quase sem pensar, meus dedos se ergueram, e com suavidade, acariciei seu rosto. Mesmo com suas expressões duras, que às vezes me faziam estremecer, havia uma beleza inegável em seus traços, como se a força de sua aparência escondesse uma delicadeza rara. "Como esse batom permanece tão impecável, mesmo depois de uma noite inteira?", pensei, distraída.

Com lentidão, seus olhos se abriram, e vi suas pupilas amareladas dilatarem-se ao me encontrarem. Assustada, tentei me afastar, não por medo, mas por vergonha de ser pega a observando tão de perto. No entanto, sua grande mão rapidamente envolveu minha cintura, puxando-me de volta para o calor de seu corpo, sem permitir que eu me afastasse.

- O que você está fazendo comigo, bichinho? - murmurou Alcina, sua voz profunda, enquanto seu olhar percorria cada linha do meu rosto, deixando-me confusa.

- Você me envolve de uma maneira que não consigo explicar... - continuou, os dedos traçando suavemente meu rosto como se buscassem algo além da carne. Eu me perguntava se aquela mulher, que parecia mais demônio do que humana, seria capaz de sentir algo como amor.

Sorri timidamente, sentindo o calor tomar conta das minhas bochechas. "Não acredito que estou me apaixonando por um demônio", pensei, rindo de mim mesma.

- Vamos, draga mea - disse ela, sua voz rouca com um toque de gentileza inesperada. - Ordenarei que uma das criadas traga seu café e roupas. Mais tarde, voltarei. Tenho planos para você hoje.

Assenti em silêncio, o coração ainda acelerado por sua proximidade. Alcina inclinou-se, e como da última vez, selou seus lábios com um suave beijo em minha bochecha antes de se levantar e desaparecer do quarto. Eu permaneci ali, estática, sem saber o que pensar sobre os tais "planos" que ela mencionara. Mas, ao contrário de antes, não me preocupei. Eu estava pronta para aceitar meu destino, seja ele qual for.

The Devil in Silk || Lady DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora