- Nos braços do perigo

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Eu comecei a planejar como fugir daquele lugar, mas, para ser sincera, eu nem sabia se realmente queria ir embora. Pra onde eu iria? Voltar para casa? Nunca mais, não depois do que Gael tentou fazer comigo. Meus pensamentos imediatamente se voltaram para minha irmãzinha, Eliza. Tenho certeza de que ela sente a minha falta... talvez seja a única naquela casa que ainda se importa. "E se ela ousasse vir para a floresta e encontrasse esse lugar?" Só de pensar, meu coração disparou. A Lady certamente a mataria. Não só ela, mas eu também, pois jamais deixaria de lutar pela minha irmã.

Sentei no chão frio do quarto, de costas para a janela, me encolhi em meu canto e apoiei a cabeça sobre os joelhos. O que eu deveria fazer? O pouco que ouvi falar sobre Lady Dimitrescu era o suficiente para entender o perigo. Dizem que ela possui grandes garras que se escondem sob suas unhas... Se ela quisesse usá-las contra mim, eu certamente já estaria morta. Mesmo assim, precisava descobrir como e por que fui parar ali. Quem é essa tal "Mãe Miranda" de quem a Lady falou? E por que me querem tanto?

Por mais assustadora que a situação fosse, o pensamento de ficar presa em um castelo como aquele não parecia tão terrível. Afinal, Lady Dimitrescu era, sem dúvida, a mulher mais linda e deslumbrante que eu já vi em toda a minha vida. Ela era completamente diferente das mulheres da vila. Sua presença era avassaladora, e eu não conseguia ignorar a sensação de frio na espinha que tomava conta de mim quando ela estava por perto. "Ok, ok, Abigail", pensei comigo mesma. "Quem você quer enganar? Aquela mulher abalou suas estruturas."

"Será que ela quer algo íntimo de mim?" A dúvida martelava em minha mente, enquanto lembrava da forma como ela se dirigia a mim e do modo como seus olhos pareciam explorar indiscretamente meu corpo. Nunca havia experimentado essa sensação antes. Na verdade, a única vez que fui desejada foi pelo nojento do Gael, e nunca por uma mulher.

"Para de ser pervertida, Abigail!" pensei, tentando me reprimir. "Você está presa em um castelo que não conhece, muito menos quem mora nele, só uma empregada estranha e uma psicopata que pode te matar a qualquer momento!" Com a mente em tumulto, a única coisa que consegui fazer naquele momento foi chorar.

Chorei, chorei, chorei...

Até que, de repente, a grande porta do meu quarto se abriu com um estrondo, fazendo-me gritar e dar um pulo de susto. Apressei-me a enxugar as lágrimas do meu rosto, mas o que vi me deixou paralisada. Era ela, aquele tecido branco flutuando ao redor do seu corpo imponente. Lady Dimitrescu teve que se abaixar para passar pela porta, revelando ainda mais a magnitude de sua figura. Engoli em seco ao notar seus seios enormes. Em suas mãos, havia algo que parecia ser uma peça de roupa.

- Olá, draga mea... - disse ela, encarando meu rosto. Ao notar que eu estava chorando, seu sorriso confiante se desfez.

- Por que está chorando, petile créature? - Ela se abaixou, levantando meu rosto delicadamente com a ponta do dedo no queixo. "O que seria petile créature?" Não consegui me conter e perguntei.

- O que é isso? Petile sei lá o que?

Pela primeira vez, ouvi a gargalhada de Lady Dimitrescu. Era debochada, mas ainda assim, gostei do som.

- Significa "pequena criatura", draga mea.

- Ah, sim... entendi. Olhei para baixo, desviando dos seus olhos penetrantes.

- Eu não permiti que você deixasse de olhar para mim, bichinho. Não entendeu que quem manda aqui sou eu? - Sua voz era firme, e eu contraí o queixo, como se quisesse chorar novamente.

- Aow, tem medo de mim, creaturica?

- Não, eu deveria ter?

Fui sincera, o que fez um sorriso surgir nos lábios de Lady Dimitrescu.

The Devil in Silk || Lady DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora