Cap 22 二十二 🍒

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Itou Choeri

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Itou Choeri

Após chegar da escola, fazer os deveres de casa e ajudar meu pai numa extensa pesquisa sobre estrelas de nêutrons, finalmente tomei meu banho e pus um pijama pra finalmente descansar. Mas ao contrário do meu corpo que está cansado, minha mente está a mil por hora, o que não me deixa ficar tranquila. Sentei em frente à penteadeira e me olhei no espelho onde finalmente me lembrei do que disse ao David, que iria mudar.

Mudança, transformação para alguém corajoso, algo que definitivamente eu não sou.
Pelo visto esse processo vai ser difícil, ao iniciar pelas minhas roupas, meu pijama folgado branco com um panda desenhado não passa a energia de alguém que o David quer que eu seja.

Minha mãe se vestia igual a mim, uma eterna adolescente. Muitas das roupas que tenho foram dela. Algumas estão surradas mas não consigo desapegar. Ter o estilo igual o dela é a lembrança que deixei pra que meu pai se lembre dela, e sinceramente não sei se devo abrir mão disso pra passar a energia de uma mulher madura.

Sempre fui como um alienígena entre todos!!!

Quantas vezes passaram em minha cara que nenhum cara se interessaria por mim? Quantas vezes me disseram pra voltar pra o meu país? Quantas vezes disseram que tenho físico de criança? Bom, desde minha infância, e apesar disso não mudei porque essa é quem eu sou. Uma alienígena no meio de robôs!  Mesmo que tenha um estilo de alguém que esta presa nos anos 80, essa é a prova do sangue de Itou Chiyuri correndo em minhas veias.

Enquanto a isso tomei minha decisão, mesmo que sofra mais bullying ou decepcione o David, não abrirei mão de tudo que minha mãe deixou pra mim.

O meu celular de repente toca alto em cima da minha cama, me fazendo pular num susto. Me levantei curiosa pra saber o que era já que raramente recebo ligações. Ao pegar o telefone e visualizar a tela vejo o contanto do Chato, vulgo David me ligando. Foi até bom ele ter me ligado pra eu dar o veredito do que decidi. Então atendi.

— Boa noite, David.

— Boa noite. Como você está? — Sua voz soa calma do outro lado.

— Estou bem! Estava agora mesmo pensando sobre o que conversamos mais cedo.

— Sobre?

— Sobre o que você falou de deixar de ser ingênua, de enfrentar as pessoas e mudar. — Deitei em minha cama, encarando o teto branco de gesso com algumas pinturas místicas que fiz.

— E o que pensou?

— Bom, eu imagino que pra ser essa pessoa que você diz, o ideal é que se haja mudança de estilo, de postura, mas isso não posso fazer porque foi quem minha mãe deixou pra eu ser. Eu sei que posso te decepcionar com isso, até por que você não curte estilos como o meu, de uma velha criança. Mas espero que me entenda.

— Bom, Choeri. Enquanto a isso acredito que você me interpretou errado.

— O que interpretei errado? — Indaguei pensando em todas possibilidades de interpretação equivocada.

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