Itou Choeri
Passaram-se cinco dias desde que comecei a trabalhar na casa dos Henderson, a boa notícia é que a senhora Dami já fez o cateterismo e tem previsão de alta para hoje. O ruim é que todo esse tempo tive que aguentar o David me tirando do sério. Já perdi a conta de quantas vezes ele zoou minha altura ou pintou meu cabelo com tinta spray de variadas cores. É um chato mesmo!
Mais uma vez me dirijo ao meu trabalho temporário, chegando lá, sou atendida pelo David, o que já não era surpresa para mim. — Com licença. — dou um sorrisinho falso e ele abre espaço para que eu entre, então o fiz. Ele coloca algo em cima da minha cabeça quando pego vejo um rato, gritei extremamente alto e joguei o rato no chão. Então vi que era de brinquedo. — Idiota. Tem o que fazer não? — falei brava enquanto ele gargalhava. Não creio que ele passou todo esse tempo me esperando só pra fazer isso. Idiota!
Peguei um travesseiro no sofá e bati com ele no David várias vezes, então ele pegou outro travesseiro e começamos uma guerra.
— Eba, também quero brincar. — Nossa "briga" chama a atenção de Derick que se junta a nós. Permanecemos ali nos divertindo levando pancadas dos travesseiros que chega a rasgar eles. Até que a porta foi aberta e nos deparamos com o senhor Daniel e a senhora Dami. Nós três estávamos descabelados e com as penas dos travesseiros espalhados pelo chão, então gelei pensando na bronca que iria tomar mas aconteceu o contrário, o olhar da senhora Dami brilhou ao nos ver. Derick e David foram correndo abraçar ela, os três transbordaram de felicidade em meio ao sentimento de saudade presente.
— Vem você também, Choeri. — Ela diz me chamando para a abraçar. Então me aproximei e a abraçei. Um abraço quádruplo.
— Muito obrigada por toda ajuda, querida. — Separamos o abraço.— Foi um prazer ajudar vocês. — Falei os mais sinceros sentimentos.
— Mas então, quanto te devemos? — Pergunta o senhor Daniel já pegando a carteira no bolso.
— Não precisa me dar nenhum dinheiro. — Todos me encararam parecendo surpresos por eu ter negado receber dinheiro.
— Mas você trabalhou muito, não me sinto bem em não te pagar. — Diz o senhor Daniel.
— Digamos que foi um trabalho voluntário, e vou continuar até que a Senhora Dami se recupere. — Ela olhou pra mim com um sorriso enorme e olhos brilhantes.
— Querida, você é um anjo. — Ela pega uma das minhas mãos e beija. Minhas bochechas esquentaram com tal ato e sorri timidamente.
— Obrigada.
— Agora vai descansar, mãe. — Diz David, cortando o clima.
— O David tem razão. Eu me encarrego do almoço e os meninos limpam a bagunça que fizemos. — Falei.
— Certo, crianças. Cuidem-se. — Ela disse, então junto de seu marido, foi descansar.
David Henderson
Enquanto eu e o Derick limpavamos a bagunça, a Choeri foi cozinhar. rapidamente as horas se passam e já são meio-dia. O Derick acabou pegando num sono no sofá e eu fui pra cozinha.
— Seu almoço está pronto. — ela diz e me deparei com um prato pronto na mesa.
— Porque só um? — Arqueei a sobrancelha.
— É pra você. Não estou com fome agora. — O suor escorria de seu rosto, e sua respiração ofegante entrega seu cansaço.
— Choeri, vai comer! — ordenei firme.
— Ah, não quero comer agora, David. — Faz bico. Então reviro os olhos.
— Não acredito que vou ter que te forçar a comer de novo. — A conduzi até uma das cadeiras e a sentei.
— Não quero. — Se levanta e eu pressiono seus ombros pra baixo pra fazê-la sentar novamente.
— Não vou sair daqui até que você coma tudo.
— Você é um chato. — Finalmente se deu por vencida e começou a comer sem a mínima vontade. Em seguida montei outro prato e me sentei ao seu lado me permitindo saborear dessa comida que está muito boa. Queria que a Choeri viesse cozinhar aqui todos os dias, só assim para evitar meu mau humor o dia inteiro.
Enquanto comiamos, parei para observar ela comendo com suas bochechas cheias e com os cantos da boca sujos.
— Tá parecendo um hamster. — Ela abruptamente para de comer e me encara com sangue nos olhos.
— Da pra parar de me infernizar por um segundo? — Fez pinça com uma mão.
— Não. — falei simplista, dando mais uma colherada em meu almoço.
— Por que gosta tanto de me tirar do sério, hein?
— Não sei, talvez seja porque suas reações são engraçadas. — Digo e ela revira os olhos.
— Você parece uma criança. — Fala brava com seus olhos cheios de ódio fixos em mim.
Mas até com raiva ela consegue ser adorável, quando está aborrecida seu rosto ganha um tom avermelhado e ela tem uma mania de fazer biquinho sempre que quer pedir algo, quando está com raiva ou triste, e até que acho fofo essa mania tão espontânea.
Alguns minutos se passaram e ela terminou sua refeição e colocou o prato na pia. — Vou pra casa agora. Cuide bem da sua mãe.
— Pode deixar, até amanhã.
— Até. — Dito isso, ela então saiu. Não sei explicar muito bem o porquê, mas ultimamente eu venho me sentindo mais alegre quando eu estou com a Choeri, e toda vez que ela vai embora parece que meu mundo volta a ser cinza. Acho que estou nutrindo um carinho por ela, mas acho que é tarde demais para isso, pois claramente dá para perceber que ela não me quer por perto, e não a julgo.
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My Sweet Cherry 🍒
Ficção AdolescenteItou Choeri é uma garota japonesa de 17 anos que precisou se mudar para os EUA com seu pai quando tinha 9 anos, depois da morte de sua mãe. O que ela jamais imaginaria é que passaria os maiores períodos difíceis de sua vida numa Escola americana. D...