Makemake está 52 vezes mais distante do Sol do que a Terra. É um planetoide frio, sem graça, escuro e pequeno, muito pequeno. Tem apenas 1480 km de diâmetro e é coberto de metano congelado.
Para se ter uma ideia dessa distância, uma entrega de pizza portuguesa, em um foguete a combustão, a uma velocidade de 62 mil Km por hora, só iria pousar no planetóide depois de 13 anos. A pizza chegaria tão fria que seria possível usá-la como um disco supercondutor em veículos flutuantes.
Os sinais de rádio e TV da Terra demoram cerca de 6 horas para chegar lá, e o envio de uma mensagem instantânea só é possível graças ao entrelaçamento quântico de partículas.
Tendo em vista essa distância do Sol, Makemake pode ser considerado o lugar mais atrasado e ignorado da humanidade.
O planetoide faz parte do cinturão de Kuiper, que separa o Sistema Solar da misteriosa nuvem de Oort, onde nenhum homem teve coragem de explorar. É um dos poucos astros que possui uma atmosfera com cheiro de lavanda, igual muitos banheiros de rodoviária.
A superfície é desoladora. Não existe nada além de algumas montanhas separadas por planícies, tão lisas quanto um lago congelado. Existe, é claro, uma mini-cidade, mas ela nunca recebeu a devida atenção que merecia.
A pequena cidade de Makemake é formada basicamente por uma única rua, desenhando um círculo perfeito. A arquitetura de seus prédios e residências trazem a frieza e a praticidade das linhas retas, e as cores se limitam aos milhares de tons de cinza que o concreto armado é capaz de oferecer.
No meio do balão, há uma única árvore, trazida da Terra quando os primeiros colonos se instalaram no planeta para nunca mais voltarem. Ela fica cercada por um pequeno lago de água cristalina, que nunca se evapora, porque lá nunca faz calor. Não há frutos, e seus galhos nunca balançam porque lá não sopra nem uma brisa sequer.
Do lado norte da cidade fica a entrada para a mineradora onde mais da metade da população trabalha, extraindo incansavelmente cristais semicondutores para serem usados na fabricação de computadores quânticos.
Uma espessa cúpula de vidro transparente protege a população da temperatura de - 243°C da superfície do planeta. É possível ver algumas nuvens finas passando, mas nunca produziram chuva, e a cada 4h e 13 minutos o Sol ilumina os cidadãos de Makemake com um brilho tão tímido que mal faz sombra no chão concretado.
Antes de ser colonizado, Makemake possuía uma pequena lua chamada Mk2, mas ela foi devastada por um dos foguetes japoneses que carregava explosivos para as minas de cristais, transformando o astro em mais um planeta sem lua do Sistema Solar.
Bem vindos a Makemake ! É neste mundo que começa a história de Herik, um menino de 11 anos, filho de imigrantes Terráqueos, com uma vida comum e nenhuma perspectiva de futuro.
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Herik do mundo sem lua e o guardião da matéria escura
Science-FictionHerik era um garoto normal de onze anos. Era curioso sobre tudo. Um tipo de nerd, mas muito longe de ser um gênio. Não aprendia as coisas tão rápido quanto um gênio, nem resolvia problemas como os gênios. Nunca fez uma descoberta espantosa nem inven...