A nave de Zonuns estava flutuando a poucos centímetros do chão, mas se mantinha fixa na mesma posição, sem tremer um milímetro sequer. Por fora parecia uma bola de prata, perfeitamente esférica, com duas portas e uma janela de vidro bem no centro. Por dentro, todo o acabamento da nave era branco, com uma misteriosa iluminação que vinha de todos os lados. Tudo era branco. O teto, as paredes, o piso, e todos os objetos em formas curvilíneas. A claridade no interior da nave era tão forte quanto a superfície de Makemake. Era extremamente limpo, organizado e silencioso.
Herik e Sid percorreram a nave em busca da estação de comando. Entraram em um apertado elevador tubular e subiram para o próximo piso, largando Elza no que parecia ser o compartimento de carga, com a porta que dava acesso à superfície do planeta ainda aberta. Ela se encolheu em um canto e ficou resmungando sozinha dentro de seu capacete: - Vou matar esses meninos...vou matar esses moleques...Olhou para fora e viu os vultos das baratas do espaço se aproximando, com suas miras a laser cortando o nevoeiro.
- A porta! A porta! - ela olhou em volta à procura de algum botão ou alavanca. Mas não havia nada. - Herik! Fecha a porta da nave!
Herik e Sid pararam em frente à estação de controle minimalista e se olharam em pânico. Um painel branco e liso, com poltronas brancas e lisas pairando no ar como balões. No painel só havia quatro botões brancos, e esses pareciam ser os únicos botões em toda a nave.
- Qual deles? - pergunta Sid com a mão levantada, pronto para apertar qualquer um.
Herik sente seu novo bracelete vibrar e uma voz parecida com a de Zonuns ecoa pelo complexo, mas em uma língua desconhecida. Cinco segundos depois a voz volta a falar, dessa vez na língua dos meninos:
- Qual sua ordem?
- O computador da nave! - diz Sid, procurando de onde vinha a voz.
- Não sou um computador! Sou uma nave. Meu nome é Hermes.
Os Táurios começam a atirar na nave fazendo estrondos do lado de fora. Elza entra no elevador e vai para junto dos garotos.
- Feche a escotilha! - ordena Herik. A nave obedece e a escotilha se fecha rapidamente. Os Táurios se aproximam e continuam atirando.
- Qual nosso destino? - pergunta Hermes. Os três se olham sem saber o que responder.
- Bem longe daqui! - grita Herik olhando os Táurios pela janela.
Sem fazer barulho a nave sai em disparada para o alto a uma velocidade inconcebível para os humanos. Em poucos segundos era possível ver Makemake inteiro pela janela e em menos de um minuto o planetoide era apenas um pequeno ponto brilhante no espaço.
- Pra onde estamos indo? - pergunta Elza para o irmão.
- Não sei!
- MACS0647-JD. A galáxia mais distante do universo observável. A 13,3 bilhões de anos luz de nós. Um lugar bem longe daqui. - responde Hermes calmamente. - Deseja ativar o hiperespaço?
- Olha o que você fez Herik! Onde a gente tá? Quem era aquele baixinho? Ele ta morto!
- Um alienígena de Eta Carinae.
- Um alienígena? - Elza andava freneticamente de um lado para outro. - Outro alienígena? E o que ele estava fazendo na casa desse idiota? - ela pergunta apontando para Sid.
- É uma longa história Elza! A gente só precisa fugir e esconder a matéria escura dos Táurios.
- Matéria o que? Do quê você tá falando ?
- Isso! - Sid mostra a cápsula com seu brilho peculiar. Elza para de andar e estalar freneticamente os dedos. Pega a cápsula da mão do garoto e fica admirando seu brilho por alguns segundos.
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Herik do mundo sem lua e o guardião da matéria escura
Bilim KurguHerik era um garoto normal de onze anos. Era curioso sobre tudo. Um tipo de nerd, mas muito longe de ser um gênio. Não aprendia as coisas tão rápido quanto um gênio, nem resolvia problemas como os gênios. Nunca fez uma descoberta espantosa nem inven...