Capítulo 11 - Desvendando a Matéria escura

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Sid estava jogando poker com uma das androides da estação Tesla, angustiado por estar perdendo e distraído, sem saber quantas horas já haviam se passado.

Elza estava sentada em umas das bancadas, enquanto uma das androides fazia suas unhas dos pés, com uma precisão e uma delicadeza sobre-humana.

Kamal e Herik assistiam, em tempo real, uma erupção Solar, através de uma grande janela que filtrava todos os raios nocivos ao olho humano. Estavam sentados em poltronas reclináveis, cada um com um balde de pipoca sabor quatro queijos e um copo grande de refrigerante.

- Não me canso de ver isso. - disse Kamal, se referindo ao gigantesco arco coronal expelido pelo Sol. - É enigmático, não acha?

- É maravilhoso! - respondeu Herik. - Em Makemake o Sol é só mais uma estrelinha no céu.

Kamal podia ter explicado que erupções solares são explosões na superfície do Sol, causadas por mudanças em seu campo magnético, formando altos níveis de radiação que fariam os maiores reatores nucleares parecerem pilhas de relógio. Nestas erupções, acima das manchas solares, a estrela libera gigantescas porções de plasma e energia eletromagnética, entre elas os raios X e os raios Gama. Mas Herik já parecia saber de todas essas informações.

Com 1,5 milhões de graus centígrados, os arcos de gases formados pelas erupções atingem um milhão de quilômetros por hora e são arremessados ao espaço, mas logo em seguida são reabsorvidos pela poderosa gravidade da estrela. Boa parte desse material se perde no vácuo, atingindo todos os planetas em forma de auroras boreais.

- Olhe! Outra! - Kamal apontou para um dos arcos solares sendo sugado pela gravidade da estrela.

- O que vai fazer com a cápsula? - Herik perguntou depois de alguns minutos em silêncio.

- Seu avô estava certo. Pode confiar em mim! Se essa coisa faz o que o alienígena disse que faz, nem os Táurios nem os militares colocarão as mãos nele! Vou pensar em algo.

Herik sentiu que estava seguro e que podia confiar nas palavras daquele eremita de Mercúrio, afinal, o velho cientista parecia desprezar os humanos e tão pouco se importava com as Baratas espaciais.

- Acha que vamos conseguir salvar o Sistema Solar? – perguntou Herik meio sem jeito.

-Aquele alienígena teve sorte de te encontrar. Você é um bom menino! Outras pessoas se importariam mais com fama e fortuna. - Kamal falou olhando para Sid. - Aquela criatura viajou 7.500 anos luz até a porta de sua casa. Sinceramente, eu não sei o que teria feito em seu lugar.

A conversa se estendeu descontraída e quando a pipoca de Herik estava quase acabando ele já sabia mais sobre a vida de Kamal do que desejava saber.

Kamal nasceu em Oberon, uma Lua de Urano. Sua mãe trabalhava no refeitório da UPSS, Universidade de pensadores do Sistema Solar, onde serviam um delicioso sanduíche de cúrcuma com chá verde, ótimo para o cérebro.

Kamal sempre foi um garoto prodígio. Descobriu como manipular os nêutrons abrindo caminho para a criação da engenharia neutrônica quando tinha 17 anos de idade. Acumulou tantos elogios de seus professores que novos elogios foram criados em sua homenagem.

Desde criança tinha aversão aos seres humanos e vivia recluso em seus pensamentos e imaginação. Suas únicas companhias eram seus andróides, programados por ele mesmo, e seus amigos imaginários.

kamal ganhou seu primeiro prêmio nobel ainda jovem, e a partir daí nunca mais parou de presentear a humanidade com seus conhecimentos sobre física, química e astro-biologia.

Herik do mundo sem lua e o guardião da matéria escuraOnde histórias criam vida. Descubra agora