A gente anseia pelo amor, mas somos apenas navegantes perdidos em mares desconhecidos, sem saber ao certo como manusear as velas. Eu, mais uma dentro dessa embarcação, cresci sob a sombra de um amor idealizado, um amor feito de encantos e véus, como nos contos de fadas que flutuavam na tela, ou os romances dos livros escritos por mãos que só conheciam o reflexo de si mesmas. Esses amores eram como espelhos empoeirados, refletindo apenas o que cabia sob o guarda-chuva estreito do ego dos homens que os escreviam, abrigando o poder e o controle, enquanto a tempestade da verdade dançava lá fora.
O amor que conheci, no entanto, era o que doía. Ele feria todos os meus órgãos e, logo em seguida, costurava as feridas deixadas, guardando as cicatrizes que nunca se despediriam dali. Esse "amor", que nunca existiu de verdade, foi o que moldou minha ideia do que era ser amada. E agora, sob a luz tênue da lua minguante, espero por algo que não conheço, sem saber se estou pronta para o que está por vir.
Quando pensei ter experienciado, ele era apenas uma sombra no palco vazio. Era uma encenação onde eu só tinha valor enquanto podia oferecer a pureza de quem ainda não conhecia o jogo. E, dali em diante, até os que não sabiam amar me amariam menos. Tudo se voltava contra quem só queria cuidado, aquele que nunca chegou. E, sem ele, o amor que deveria brotar de dentro de mim também secou. Mas ele vai renascer e vai se expandir, tomando cada parte do meu ser.
Essas folhas secas que já não pertencem aos meus galhos vão se desprender, levadas pelo vento, porque não são mais bem-vindas. Minhas raízes estão firmes no solo, e eu sei que posso crescer, florescer, atrair pássaros, borboletas e até mesmo os cupins. Mas eles não terão poder sobre mim.
O amor que não me foi dado pode brotar de mim mesma. E assim, a natureza voltará a mim com suavidade, sem forçar flores com fertilizantes. Eu vou florescer de novo, e dessa vez, vou descobrir o verdadeiro significado do amor.