A escuridão do porão era sufocante. A única fonte de luz vinha de uma lâmpada fraca e amarelada, pendurada no teto baixo. Eu, com as mãos atadas atrás das costas e a boca coberta por fita adesiva, lutava para controlar a respiração acelerada. O tempo parecia não existir ali embaixo, sem janelas, sem um relógio, apenas o silêncio constante e o som ocasional de passos no andar de cima, que se tornavam cada vez mais raros.
Nos primeiros dias, eu ouvia o som das portas se abrindo e fechando, os passos pesados do homem que havia me trancado ali. Mas há dois dias, tudo ficou em completo silêncio. Ele havia saído. Eu me perguntava se ele me deixaria ali para morrer sozinha naquele porão, sem comida, sem água. A esperança começava a escapar de seus pensamentos, assim como a pouca força que ainda restava em meu corpo.
Quando finalmente ouvi o som da porta da frente sendo destrancada, um calafrio percorreu minha espinha. Ele estava de volta. O silêncio absoluto foi quebrado pelo som dos passos descendo lentamente as escadas, como se ele não estivesse com pressa. Eu fiquei imóvel, meus olhos fixos. A maçaneta rangeu, e a porta de metal finalmente se abriu.
Ele desceu com calma, sem olhar diretamente para mim a princípio. Quando seus olhos finalmente se encontraram com os meus, Eu notei algo diferente. Ele estava sorrindo, um sorriso frio, vazio, parecia estar bêbado, e suas roupas... Suas roupas estavam manchadas de sangue. Não parecia ser dele, ao menos não parecia ser sangue fresco, mas estava pingando dos punhos de sua camisa e escorria pela calça.
— Lina meu amor..- cantarolava com a voz atordoada.
Ele se aproximou lentamente, deixando um rastro de gotas vermelhas no chão de cimento do porão. O som de seus sapatos colando no líquido ressoava nas paredes. Quando chegou perto o suficiente para que eu pudesse sentir seu cheiro
uma mistura de suor e algo doce, metálico, ele se abaixou até ficar na altura de meus olhos.— Sentiu minha falta?‐ A voz dele era suave, quase carinhosa, mas havia algo monstruoso escondido por trás de cada palavra.
Eu estremeci, tentando desviar o olhar, mas ele segurou meu rosto com uma das mãos, obrigando-me a encará-lo. As manchas vermelhas em sua pele pareciam piorar o terror em seus olhos.
- Estive ocupado... muito ocupado.‐ Ele suspirou, passando a mão suja de sangue pelo meu cabelo.
— Mas não se preocupe, querida. Ainda tenho todo o tempo do mundo para você.
— Porra, por que você não consegue ver todo o meu amor por você. - dizia com ton de raiva em sua voz.
Eu ouvi o som de um molho de chaves tilintando em seu bolso enquanto ele se levantava, caminhando em direção ao armário no canto do porão. O barulho de metal roçando contra metal fez seu estômago se revirar. Ele voltou, segurando uma faca longa, a lâmina reluzindo sob a fraca luz da lâmpada. As manchas vermelhas nas roupas dele agora pareciam mais ameaçadoras do que nunca, como se fossem o prenúncio do que estava por vir.
— Você tem ideia de como é libertador... ver o medo nos olhos de alguém?
ele perguntou, aproximando a lâmina da minha garganta.
— É quase... viciante.
Ele inclinou a cabeça, analisando cada movimento meu, o brilho de pânico em meus olhos, o tremor sutil de meus braços amarrados. E então, com um sorriso de satisfação, ele se afastou um pouco, como se quisesse prolongar o jogo.
— Puta burra! - ele gritou.
— Bem, Lina, acho que é hora de brincar de novo. Mas desta vez... prometo que será ainda mais divertido.
Ele então foi para traz de mim sumindo da minha visão, a única coisa que eu podia ver era sua sombra se movendo atrás de mim.
— Eu achei uma coisa sua.- Diz em ton sarcástico.
— Não quer saber o que é?, questiona mas logo se dá conta da situação.
— Não pode falar não é, vou facilitar as coisas para você.
Ele vai até mim se abaixando ficando a minha visão, seus olhos pretos agora estão a minha visão.
Neles não a nada, nem um pingo se quer de humanidade, "meu Deus eu vou morrer" pensamentos que ecoavam na minha mente a todo o tempo.
Como se algo realmente fosse acontecer a qualquer momento.
Ele retira a fita da minha boca me dando liberdade de falar.
— Eu tenho algo pra você.- Diz expressando um sorriso amigável.
Ele retira do bolso uma pequena fotografia em papel.
— Onde achou isso?
— A pergunta certa é... Quem é ela?
Eu não respondo.
— É uma bela criança, não acha?
E se eu cortasse a boca dela igual eu corto a minha! - ele grita indignado com a situação.— Alguém lá fora está te procurando Lina!
Ou será que ninguém se importa com você?!Ele gritava e gritava, cada grito sendo mais alto que o anterior.
— Olha para você, tudo o que faz é chorar. - Aponta com repulsa pela minha situação.
— um ser igual a você nem vale a pena matar.
Com uma de suas mãos ele puxa meu cabelo fazendo minha cabeça arquear para trás.
— Morra sozinha aqui Lina!
Ele vira as costas me deixando sozinha em meu próprio lamento, o vejo subir as escadas e antes que suma da minha vista ouço ele dizer algo.
- Você nem se quer quis saber o meu nome, Lina. ‐ diz com um ar triste e rancoroso.
Esse capítulo eu adaptei um pouco, espero que tenha ficado bom.
Particularmente gostei de escrever ele.
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GO TO SLEEP (VA DORMIR)
Fanfiction𝐎𝐥𝐚, 𝐞𝐮 𝐬𝐢𝐠𝐨 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐧𝐚𝐝𝐚 𝐩𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞𝐬𝐭𝐨𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐬𝐚𝐮𝐝𝐞. 𝐏𝐨𝐫 𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐦𝐨𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐭𝐨𝐦𝐞𝐢 𝐚 𝐥𝐢𝐛𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐦𝐞𝐮 𝐚𝐦𝐚𝐝𝐨 𝐉𝐞𝐟𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐤𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫...