O som dos pneus no asfalto irregular ecoava pela rua deserta enquanto o carro seguia seu curso tranquilo, como se fosse um passeio rotineiro de uma tarde qualquer. Dentro, o ar estava pesado. Eu estava Sentada no banco do passageiro, eu mal conseguia respirar. O homem ao meu lado, Jeff, mantinha as mãos firmes no volante, o olhar frio fixo na estrada.
Eu olhava pela janela, tentando disfarçar o pânico que fervilhava em meu peito. Sentia o olhar dele, sempre atento, como um predador observando a presa. O que ele queria comigo ? E por que estava fazendo aquilo?
— O que... o que estamos fazendo?- eu perguntei, com a voz frágil, sem olhar diretamente para ele.
— Vamos fazer compras,- respondeu ele, sem desviar os olhos da estrada.
A calma em sua voz era desconcertante, quase casual, como se fosse algo normal levar uma pessoa sequestrada para um passeio no mercado.
Minutos depois, nós chegamos a um supermercado iluminado, as luzes fluorescentes destacando o ambiente ordinário da tarde. Jeff estacionou o carro com uma calma assustadora e saiu do veículo, dando a volta para abrir a porta do lado onde eu estava. Eu hesitei, mas sabia que não tinha escolha.
Ao entrar no mercado, eu sentia os olhos dele sobre mim, mesmo enquanto ele pegava um carrinho e começava a empurrá-lo pelos corredores. O mercado estava quase vazio, apenas algumas poucas pessoas faziam suas compras em silêncio, alheias ao que acontecia.
— Pegue o que quiser,- ele disse, olhando as prateleiras com um interesse mórbido.
— Hoje, você vai escolher o jantar.
Eu olhei para ele, incrédula. Seus olhos estavam sombrios, sem traços de emoção, mas a ameaça implícita era clara. Com as mãos trêmulas, eu peguei uma caixa de macarrão da prateleira e coloquei no carrinho.
— O que mais?,- ele perguntou, como se estivessem discutindo algo trivial.
— Talvez um molho?
Eu assenti, quase sem forças para reagir. Cada movimento parecia um ato de sobrevivência. Escolhi um molho qualquer, tentando não pensar no que aconteceria depois. Nós continuamos andando pelos corredores, o som das rodas do carrinho rangendo no chão de cerâmica ecoando em meus ouvidos.
— Vamos pegar uma sobremesa também,- ele disse, virando o carrinho para a seção de congelados.
— Você gosta de sorvete, Lina?
Eu engoli em seco, incapaz de responder. Ao meu redor, as prateleiras estavam repletas de produtos familiares, mas nada ali parecia real. Tudo parecia parte de um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.
— Escolha um sabor,- ordenou ele, abrindo a porta do freezer.
Com os dedos trêmulos, eu peguei um pote de sorvete de chocolate e coloquei no carrinho, sentindo o frio metálico do carrinho através da minha pele.
Nós passamos pelo caixa em silêncio. Jeff pagou, trocando algumas palavras casuais com a atendente, como se fossemos apenas um casal fazendo compras. Eu, por outro lado, não conseguia tirar os olhos dos movimentos dele, esperando algum sinal, qualquer coisa que pudesse indicar o que ele pretendia fazer a seguir.
Quando saimos do mercado, o ar fresco da noite pareceu um choque de realidade. Eu queria correr, mas sabia que não adiantaria. Ele estava sempre um passo à frente.
Assim que voltamos para o carro, Jeff abriu a porta do passageiro novamente, gesticulando para que eu entrasse. Eu obedeci, com o coração disparado, imaginando o que viria a seguir.
Assim que ele fechou a porta e foi em direção ao seu banco de motorista uma pedrinha acertou o vidro da janela, eu olhei e vi duas crianças brincando de amarelinha.
Em ato de coragem abri a porta do carro e fui até as crianças tentando conversar com seres humanos nos quais não fosse ele.
— Foi vocês?, perguntei animada.
— Sim, foi sem querer.
— Tudo bem. Me abaixei ficando sobre os joelhos.
— moça...Seu namorado. Aponta para trás de mim...— Ele tá te olhando com uma cara feia.
Olho para trás e a cara a qual ele estava fazendo realmente dava medo em qualquer um, decido voltar para o carro antes que o pior aconteça.
No caminho de volta, o silêncio entre nós parecia ainda mais pesado. Eu me perguntava se aquela seria minha última noite viva, ou se ele estava apenas brincando comigo. prolongando minha agonia.
— Você fez boas escolhas,- ele disse finalmente, quebrando o silêncio, com um sorriso que não alcançava seus olhos.
Em seguida ele ascende um cigarro.
— Gostou do que viu no meu quarto?. Pergunta mantendo os olhos na estrada.
Eu não respondo.
— Ein?
— Desculpa. Respondo de cabeça baixa.
Um pouco mais a frente avistamos uma mulher pedindo carona.
— Sou um bom moço, vou ajudá-la.
Jeff para o carro fazendo sinal para a mulher entrar no banco de traz.
— Obrigada por parar.
— De nada, pra onde vai?
— Rua 22.
— Legal, nós vamos para lá também.
Esse capítulo tem continuação.
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GO TO SLEEP (VA DORMIR)
Fanfiction𝐎𝐥𝐚, 𝐞𝐮 𝐬𝐢𝐠𝐨 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐧𝐚𝐝𝐚 𝐩𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞𝐬𝐭𝐨𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐬𝐚𝐮𝐝𝐞. 𝐏𝐨𝐫 𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐦𝐨𝐭𝐢𝐯𝐨 𝐭𝐨𝐦𝐞𝐢 𝐚 𝐥𝐢𝐛𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐨𝐛𝐫𝐞 𝐦𝐞𝐮 𝐚𝐦𝐚𝐝𝐨 𝐉𝐞𝐟𝐟 𝐭𝐡𝐞 𝐤𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫...