Antes de começar queria deixar escrito que pra mim essa música combinou com o capítulo a seguir, espero ter ficado bom.
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A luz fraca do porão iluminava a minha pele, eu estava amarrada à cadeira, o coração pulsando como um tambor em meu peito. Ele me observava com um olhar profundo e distante, enquanto seus dedos traçavam a cicatriz que cortava sua boca.
- Você se pergunta o que aconteceu comigo?
Ele apontou para a marca, um sinal visível de dor e passado. Eu assenti, a voz presa na garganta.
- Era uma vez, eu era só um garoto,
ele começou, a voz quase suave.
- Brincava com amigos, tudo era leve. Mas em um dia, tudo mudou. Um jogo que não era bem um jogo. Um acidente.
Ele olhou para o chão, como se visse aquela cena antiga, distante.
- O menino que cortou meu rosto achava que era engraçado. Uma brincadeira de mau gosto. Mas a dor... a dor era real. E não apenas física.
Ele respirou fundo, o ar pesado de memórias.
- Aquela marca se tornou parte de mim, um lembrete do que significa ser vulnerável.
Eu senti um aperto no peito, compreendendo que havia mais na história dele do que apenas a violência.
- Mas isso não define quem você é agora
Eu disse, tentando alcançar a humanidade que ele parecia ter perdido.
Ele me encarou, os olhos carregados de uma tristeza profunda.
- Define sim. A cicatriz me lembra que o mundo pode ser cruel. Que não se pode confiar em ninguém.
Sua voz se endureceu.
- Aprendi que, se você não controla a dor, ela controla você.
- Mas existem outras formas de lidar com isso
Eu insisti, o desejo de salvá-lo ecoando em minhas palavras.
- Você pode escolher a compaixão.
- Companheirismo?
Ele riu, mas era um riso seco, sem alegria.
- A compaixão não me manteve seguro. A cicatriz é um símbolo do que aconteceu quando eu deixei as pessoas se aproximarem.
Eu o observava, vendo a fragilidade escondida sob a superfície dura.
- Você pode mudar, se quiser. Ninguém está destinado a ser assim para sempre.
