01. destino

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"Moça"

"Moça"

"Moça"

Tudo em mim doía, cada parte do meu corpo parecia estar tomada pela dor. Minha alma lutava intensamente contra esse sentimento. Meu coração parecia que estava sendo rasgado, sangrava, as lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu implorava a Deus para que aquele sofrimento chegasse ao fim que aquela dor partisse de uma vez.

...

Meu casamento estava destruído! No início, tudo parecia um sonho. Eu amava o Robson, ele era atencioso, carinhoso, sempre me dizia o quão sortudo ele era por me ter ao seu lado. Ele me elogiava a todo momento, fazendo-me sentir a mulher mais feliz do mundo. Mas tudo isso foi uma grande mentira, como um filme romântico ingênuo. Com menos de dois anos de casados, ele começou a me tratar de uma maneira cruel. Sempre dizia que eu estava gorda que meu corpo havia mudado para pior, chegou a me dizer coisas absurdas que sempre me feriram. E como se não bastasse, tentava se justificar dizendo que tudo aquilo era para o meu bem.

Algumas semanas atrás, após uma discussão, Robson me chamou para sair no dia seguinte como um pedido de desculpas, que coincidentemente era hoje. Fomos a um restaurante, eu estava com um vestido azul que havia alguns babados nele. Algumas jóias rodeavam meu pescoço e minha orelha, nos pés eu calçava um salto preto. A noite estava agradável, fazia tempo que eu não me sentia tão bem na presença de Robson. Porém como dizem, tudo que é bom, dura pouco.

Ele pediu uma salada para mim, enquanto o prato dele estava repleto de carne. Tentei argumentar para que ele me deixasse comer outra coisa, mas ele insistiu, dizendo que eu deveria parar de comer alimentos gordurosos, se não eu me tornaria um balão.
Fingi que nem ouvi e continuei com o nosso jantar tentando fazer com que aquele momento não fosse desastroso. Mais tarde duas mulheres se aproximaram da nossa mesa, uma ruiva alta e uma morena um pouco mais baixa que se dirigiu a Robson.

- Vocês são um casal? - perguntou ela.

Rapidamente, Robson respondeu.

- Não! Ela é minha irmã. - ele sorriu de maneira sarcástica e naquele momento o meu mundo desmoronou.

- Nós poderíamos, talvez, sair juntos algum dia? - perguntou ela com um sorriso malicioso.

- Com certeza, como eu recusaria um pedido de uma dama como você? - ele respondeu.

Fiquei em choque, incapaz de pronunciar qualquer palavra. Ver meu marido me trair descaradamente na minha frente, sem nenhum ressentimento, me machucou de uma maneira que eu jamais imaginaria que seria possível.

- QUAL É O SEU PROBLEMA, ROBSON? - gritei, atraindo a atenção de todos ao nosso redor.

Depois do grito, o silêncio no restaurante parecia assustador. Todos ao redor nos olhavam, algumas pessoas cochichavam. Robson me encarou por alguns segundos, com aquele sorriso de canto sarcástico como se eu estivesse errada e ele estivesse certo.

- Fátima, por favor, não faz escândalo. Você está de forma ridícula e envergonhando a gente - ele disse, com um tom de voz frio, como se eu fosse o problema ali.

Senti meu coração acelerar, as mãos tremiam. Eu não conseguia acreditar que ele estava me traindo na minha frente e tentava me fazer parecer uma louca.

- Eu sou ridícula? - falei, tentando manter a voz firme, mas era difícil. Já que minha garganta apertava fazendo a minha voz falhar. - Eu sou ridícula por esperar um mínimo de respeito do meu próprio marido?

As duas mulheres ainda estavam paradas, claramente desconfortáveis, mas não o suficiente para se afastarem. A morena que havia se dirigido ao meu marido, deu um passo à frente, tentando fazer com que a discussão acabasse.

- Olha, a gente não sabia que vocês... - começou ela, tentando se justificar, mas eu a interrompi, com toda a dor e raiva que eu sentia de Robson.

- Pouco me importa. O que importa é que ele não se importa! Ele nunca se importou - minha voz falhou no final da frase. A dor era tão intensa que eu mal conseguia continuar era impossível segurar as lágrimas que insistiam em descer diante daquela cena humilhante.

Robson bufou, extremamente irritado por eu não ter baixado a guarda. Ele puxou a cadeira bruscamente para trás, se levantou e me olhou com aquele olhar desprezível.

- Chega de drama, Fátima. Se você não consegue se controlar, o problema é seu. - Ele se virou para as duas mulheres, como se eu nem existisse. - Vamos, acho que esse jantar já deu o que tinha que dar. - pegou na mão da morena e a puxou para fora daquele restaurante me deixando sozinha com o coração sangrando.

Durante meses, eu havia suportado os insultos, a humilhação, as críticas disfarçadas de "preocupação" com a minha saúde. Naquele momento, vendo-o sair com aquelas mulheres, sem nem olhar para trás, sem nenhum pingo de arrependimento, a verdade que estava estampada na minha cara, se tornou mais clara do que nunca: ele não me amava. Nunca amou.

Eu não podia mais ficar ali parada. Levantei-me bruscamente, derrubando a cadeira no processo e algumas coisas que estavam na mesa. O coração batia forte, não de medo, mas de raiva, de vergonha, mas lá no fundo eu me sentia aliviada.

Do lado de fora, o ar fresco da noite bateu no meu rosto, e, pela primeira vez em muito tempo, senti uma leveza. Porém aquele sentimento de culpa por não ter percebido antes me atingiu em cheio. As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu caminhava pelas ruas. Chorava de tristeza e alívio ao mesmo tempo. A sensação de liberdade que eu sentia me deixava capaz de seguir em frente mas a dor doía mais. Me sentei no banco de uma praça exausta. O ar estava pesado o vento que havia começado fazendo meu cabelo voar, as nuvens estavam carregadas, e logo uma fina chuva começou a cair, depois a chuva intensa veio em questão de segundos.

Já molhada pela chuva intensa, me levantei rapidamente tentando fugir da chuva, mas sem chances meu corpo que estava fraco pela fome e pela situação anterior fez com que a minha pressão abaixasse rapidamente fazendo com que eu caísse novamente no banco. Minha visão embaçou, o barulho da chuva forte ficou cada vez mais distante, a última coisa que eu vi foi uma luz branca atingir meus olhos.

"Moça..."

Uma voz distante tentava me alcançar.

"Moça..."

Eu ouvia, mas meu corpo não conseguia responder. Eu estava presa dentro de mim mesma.

"Moça, por Deus, acorde!"

A voz soava mais urgente agora.

"Acorde, por favor..."

Meu corpo reagiu, e eu comecei a tossir descontroladamente, o ar alcançou os meus pulmões e aos poucos a minha visão foi clareando e foi então que eu vi um par de olhos azuis me encarando com uma feição preocupada. Eu olhava para aquele par de olhos tentando entender o que havia acontecido, e o rosto da pessoa na minha frente foi ficando cada vez mais claro e pude ver uma mulher de cabelos loiros, longos, que brilhavam sob a luz da chuva. Ela estava ajoelhada ao meu lado, encharcada pela intensa chuva.

- Você está bem? - ela pergunta com desdém, sua voz era suave mas firme.

Eu tossi mais uma vez, meus olhos ainda estavam turvos por conta das lágrimas e da chuva. Ainda atordoada eu apenas olhei tentando processar aquela situação.

- O que... O que aconteceu? - minha voz estava fraca.

Ela se abaixou mais perto, segurando em meu ombro e me ajudando a sentar como se tivesse certeza de que eu não iria cair novamente.

...

OII, eu estou obcecada por diama! Se quiserem mais comentem, bjs até a próxima. 😜😜😜😜💋

sweet destiny - diama.Onde histórias criam vida. Descubra agora