11. Indecipherable feelings

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Diana estava sentada em um dos bancos do condomínio, distraída, com o celular na mão. Bruna havia saído mais cedo para encontrar as amigas, então, pela primeira vez em dias, ela tinha um momento só para si. Ou pelo menos tentava. Seus pensamentos não paravam de voltar para a dança com Fátima, para a proximidade delas e tudo o que aquele momento não dito havia despertado.

O som de passos se aproximando a tirou do devaneio. Quando levantou os olhos, viu Fátima, com uma sacola de compras em uma das mãos e aquele sorriso fácil que parecia iluminar qualquer lugar.

- Descansando ou pensando em algo importante? - perguntou Fátima, parando ao lado do banco.

Diana sorriu de leve, ainda sentindo o coração acelerar com a simples presença dela.

- Tentando descansar, mas... não sei se estou conseguindo.

Fátima arqueou uma sobrancelha, curiosa.

- Culpa da rotina ou de algo específico?

Diana hesitou, mas manteve o sorriso.

- Um pouco de tudo, eu acho.

Fátima colocou a sacola no chão e, sem pedir permissão, sentou-se ao lado de Diana. A proximidade era desconcertante, mas Diana se forçou a não reagir visivelmente.

- Você parecia tão relaxada na dança outro dia. Achei que tivesse encontrado sua fórmula para desligar a mente - comentou Fátima, brincando, mas com um tom que parecia querer sondar algo mais.

Diana riu, mas desviou o olhar, encarando o jardim à frente.

- A dança foi... diferente. Não sei se relaxei ou se fiquei ainda mais confusa depois.

O comentário escapou antes que pudesse segurá-lo, e, ao perceber o que havia dito, Diana sentiu o rosto esquentar. Fátima, no entanto, não parecia surpresa. Apenas inclinou levemente a cabeça, a expressão suave, mas cheia de curiosidade.

- Confusa?

Diana buscava desesperadamente uma forma de sair daquela linha de conversa sem parecer covarde, mas Fátima a observava com tanta atenção que era impossível mentir.

- Você tem esse jeito de... - começou Diana, mas se interrompeu, rindo de si mesma. - De me deixar sem palavras, é só isso.

Fátima sorriu de canto, uma expressão que misturava diversão e algo mais que Diana não conseguia identificar completamente.

- Talvez você só precise se acostumar com isso. Não é tão ruim ficar sem palavras de vez em quando.

O silêncio que se seguiu foi intenso, carregado de algo não dito, mas completamente presente. Diana sentia cada célula de seu corpo pulsar com a proximidade de Fátima, e parecia que o mundo ao redor havia parado novamente.

Fátima, então, tocou de leve o braço de Diana, um gesto simples, mas que fez seu coração acelerar ainda mais.

- Está tudo bem se você quiser falar sobre o que te deixa confusa. Ou, se preferir, podemos continuar fingindo que é só um dia normal no condomínio - disse Fátima, com um sorriso tranquilo, mas os olhos fixos nos de Diana.

Diana sabia que estava em um ponto sem volta. Algo precisava ser dito ou feito, mas, ao mesmo tempo, o medo de cruzar aquela linha a segurava.

- Talvez eu precise de mais alguns dias para descobrir o que quero falar - respondeu, por fim, a voz saindo mais suave do que pretendia.

Fátima não insistiu, apenas assentiu, como se entendesse.

- Então eu vou dar esse tempo pra você. Mas não demora muito, tá?

E, com isso, ela se levantou, pegou a sacola de compras e sorriu novamente antes de se afastar, deixando Diana sozinha com seus pensamentos e o coração ainda acelerado.

...

Diana estava na cozinha, apoiada no balcão, o olhar fixo na xícara de café esquecida à sua frente. A casa estava silenciosa; Bruna ainda não tinha voltado, e Hugo estava viajando. Era raro ter aquele tipo de paz, mas, ironicamente, o silêncio só ampliava o turbilhão de pensamentos em sua mente.

Ela girou a aliança no dedo de forma automática, um gesto que sempre fazia quando se sentia inquieta. O casamento com Hugo já não parecia mais o que era. As brigas constantes, os silêncios pesados, e agora... agora havia Fátima.

Fátima, com sua presença desconcertante, sua risada que parecia iluminar qualquer lugar, e aquele jeito de fazer Diana sentir coisas que há muito tempo acreditava estarem enterradas.

"Isso é errado," pensou, mas a culpa que esperava sentir não vinha. Em vez disso, sentia curiosidade, desejo e algo que não conseguia nomear.

Sem perceber, pegou o celular que estava ao lado da xícara. Sua mão hesitou por um momento antes de abrir a conversa com Fátima. O último texto entre elas era antigo, algo banal sobre um aviso do condomínio. Diana respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas.

Diana: Oi, está ocupada hoje à noite?

O envio imediato fez seu coração disparar. Ela passou a mão pelo cabelo, nervosa, quase arrependida de ter enviado a mensagem. Mas antes que pudesse se perder em mais pensamentos, o celular vibrou em resposta.

Fátima: Oi! Não, por quê?

Diana mordeu o lábio, hesitante. Era agora ou nunca.

Diana: Pensei em sair um pouco... Acho que preciso de companhia para espairecer. Quer ir comigo?

A resposta veio quase que imediatamente, como se Fátima já estivesse esperando pelo convite.

Fátima: Adoraria. Alguma ideia de onde?

Diana se permitiu sorrir pela primeira vez em horas.

Diana: Tem um barzinho novo aqui perto. Parece tranquilo, pensei que podíamos ir lá.

Fátima: Perfeito. Que horas?

Diana: Que tal às oito? Eu passo na sua casa.

Fátima: Combinado. Até mais tarde, então.

Diana colocou o celular no balcão, mas a sensação de inquietação não foi embora. Pelo contrário, agora parecia que todo o seu corpo estava em alerta, como se algo inevitável estivesse prestes a acontecer.

Pegou a xícara de café e deu um gole, mas o líquido já estava frio. Ainda assim, não se moveu para aquecer a bebida. Sua mente estava longe demais para se preocupar com isso.

"Hoje à noite eu preciso de respostas," pensou. Respostas sobre Fátima. Respostas sobre si mesma.

O relógio parecia correr mais rápido do que o normal enquanto ela esperava que a noite chegasse.

...

PREPAREM OS SURTOS 😜

Esse capítulo e o próximo eu dedico para essa (e) diva que smp comenta nas minhas fics. thronickezada

sweet destiny - diama.Onde histórias criam vida. Descubra agora