06. Fátima

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Dias depois, enquanto Fátima caminhava pelo bairro, aproveitando a brisa suave do fim da tarde, viu Robson vindo em sua direção. Seu coração deu um salto involuntário, e ela pensou em atravessar a rua para evitá-lo. Mas antes que pudesse reagir, ele a viu e lançou um olhar frio, cheio de desprezo.

- Fátima... - ele começou, a voz carregada de sarcasmo. - Então é isso que você virou? Olha só pra você.

Ela tentou manter a compostura, mas a hostilidade no tom dele a deixou tensa. Robson avançou um passo, com um sorriso cruel no rosto.

- Você acha que alguém vai te querer assim? - ele disse, percorrendo o olhar por ela, como se analisasse cada detalhe. - Olha pra esse cabelo, essas roupas. Você sempre foi tão... medíocre. Uma mulher sem graça. E ainda por cima, fraca.

Fátima sentiu as palavras como facas. Ela tentou afastá-las, mas era impossível não sentir o golpe. Sua garganta começou a se apertar, e ela se odiou por isso. Mas ele continuou, a voz impregnada de desprezo:

- Você é patética, Fátima. Sempre foi. Eu só fiquei com você por pena. Quem mais ficaria com alguém como você? Uma mulher sem brilho, sem ambição... um verdadeiro fracasso. - Ele fez uma pausa, inclinando-se para mais perto. - Ninguém nunca vai te amar como eu amei. E mesmo assim, nunca foi suficiente, porque você nunca será suficiente.

As palavras pesaram como pedras, se acumulando no peito dela. Fátima sentia como se cada uma delas estivesse arrancando um pedaço de sua força. Mas, engolindo o choro, reuniu coragem para responder, a voz frágil, mas decidida:

- Você não entende, não é? - Ela parou, respirou fundo, tentando segurar as lágrimas que começavam a escorrer. - O amor... ele não se mede assim. E, honestamente, eu sei que, do jeito que eu sou, sou muito mais do que você jamais enxergou.

- É mesmo? - ele debochou, rindo com desdém. - Continue acreditando nisso. Essa ilusão vai te levar muito longe, Fátima.

Fátima mordeu o lábio, o coração doendo, mas encontrou força para prosseguir, mesmo em meio à dor:

- Sabe... você pode continuar me tratando assim, me diminuindo e achando que eu nunca vou ser feliz sem você. Mas eu prefiro qualquer dor do que passar mais um dia me sentindo tão pequena quanto você tentou me fazer sentir.

A voz dela finalmente falhou, e uma lágrima solitária escapou, descendo pela sua bochecha. Robson a observou com frieza antes de dar de ombros e se afastar, como se ela não passasse de um incômodo.

Fátima ficou ali, imóvel, as lágrimas finalmente caindo livremente enquanto seu peito se apertava. Sentia-se exausta, machucada, mas ao mesmo tempo, uma leveza diferente a envolvia. Ela soubera, mesmo em meio àquele confronto, que seu caminho agora era outro. Um caminho em que ela aprenderia, aos poucos, a se amar de verdade, sem a sombra de Robson em sua vida.

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sweet destiny - diama.Onde histórias criam vida. Descubra agora