As Conexões que Não Se Rompem

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Clara se aproximou rapidamente, com um olhar ansioso, mas também um pouco aliviado ao ver que Miguel e Luísa estavam bem. Seus olhos estavam vermelhos, como se ela tivesse chorado, e isso aumentou a tensão que já pairava no ar.

— Eu... eu não sabia o que fazer, mas quando Miguel me ligou, eu não podia ficar em casa — Clara disse, sua voz trêmula. — O que está acontecendo? Onde está o Rafael?

Miguel e Luísa trocaram um olhar significativo antes de responder.

— Clara, Rafael... Rafael desapareceu — Miguel começou, com a voz mais firme do que se sentia. — E tem algo muito errado acontecendo. Ele estava envolvido em algo, algo muito maior do que imaginávamos.

Clara olhou para os dois, completamente perdida.

— O que você quer dizer com "algo maior"? Ele nunca me disse nada sobre estar envolvido em alguma coisa perigosa... — a voz dela falhou no final, como se a realidade começasse a se formar em sua mente.

— Ele estava investigando algo, algo que não conseguimos entender completamente — Luísa interveio, com os olhos fixos em Clara. — Ele estava com um caderno... e nesse caderno, havia informações que... que não deveríamos ter encontrado.

Clara se afastou um pouco, seus olhos refletindo um misto de dor e confusão. Ela parecia processar a revelação, como se estivesse revivendo os momentos em que estivera com Rafael, buscando algum sinal de que ele estivesse escondendo algo.

— O que está escrito nesse caderno? — Clara perguntou, agora com um tom de urgência.

Miguel puxou o caderno da mochila e o entregou a Clara, que pegou o objeto com cuidado, quase como se estivesse manuseando algo sagrado. Ela o abriu, virando as páginas lentamente, tentando absorver cada palavra escrita ali.

A expressão de Clara mudou conforme ela ia lendo. Seu rosto, antes carregado de angústia, agora parecia mais sombrio, como se ela tivesse se deparado com algo que reconhecia, mas não queria admitir.

— Isso... isso é sobre o tráfico de informações. Rafael estava tentando expor algo. Ele estava se aproximando de algo muito perigoso — Clara murmurou, as palavras saindo com dificuldade, como se ela estivesse prestes a desmoronar.

— O que você está dizendo, Clara? — Miguel perguntou, sentindo o coração acelerar.

Clara levantou os olhos, parecendo tomar a decisão de contar o que sabia.

— Rafael... ele começou a se envolver com algumas pessoas erradas, buscando informações sobre uma rede de tráfico de dados. Ele queria denunciar, mas as coisas ficaram complicadas. Ele começou a mudar. Eu não sabia até onde ele estava indo, mas... ele estava se tornando um alvo.

Miguel e Luísa se entreolharam, compreendendo a gravidade da situação.

— Então, você acha que o que está acontecendo agora é por causa disso? — Luísa perguntou, ainda tentando conectar as peças.

Clara assentiu lentamente.

— É muito mais perigoso do que você imagina. E tem mais. Quando ele começou a se afastar dessas pessoas, ele começou a ser vigiado. Eu... eu vi coisas. Rafael começou a me contar que estava sendo seguido, que não conseguia confiar em mais ninguém. Ele estava tentando sair, mas havia algo que ele não conseguiu escapar.

A revelação deixou Miguel sem palavras. Ele sentiu o peso das palavras de Clara pressionando sua mente. Rafael não estava apenas desaparecido; ele estava em perigo. E agora, Miguel e Luísa também estavam no centro dessa trama.

— Onde ele está agora? — Miguel perguntou, tentando manter a calma. — Você sabe onde ele foi? Alguma ideia de onde ele possa estar?

Clara balançou a cabeça, mas antes que pudesse responder, um som inesperado cortou o ar — o som de um celular tocando. Clara rapidamente retirou o telefone do bolso e olhou a tela. Seu rosto empalideceu.

— Não... — ela sussurrou, mas era tarde demais.

O telefone estava tocando de um número desconhecido, mas o som estava ecoando no silêncio do parque, interrompendo o momento tenso. Clara hesitou, seus dedos tremendo ao pegar a ligação.

— Alô? — ela disse, sua voz falhando.

Do outro lado, uma voz fria e ameaçadora respondeu:

— Clara, você está em apuros. Você e seus amigos. Rafael fez uma escolha errada, e agora é tarde demais para todos vocês. Se você quiser vê-lo de novo, vai precisar seguir as nossas instruções. Caso contrário, não haverá mais ninguém para salvar.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Clara estava congelada, os olhos arregalados, enquanto Miguel e Luísa ficaram em silêncio, sem saber o que fazer ou dizer.

— Quem... quem é você? O que quer de nós? — Clara conseguiu perguntar, mas a voz do outro lado era implacável.

— Não pergunte, apenas siga as ordens. Você tem 24 horas. Não falhe, ou a situação vai piorar para todos — a voz cortou, e a chamada foi encerrada abruptamente.

Clara ficou ali, olhando para a tela do celular com um misto de medo e desespero.

— O que isso significa? — Luísa perguntou, sua voz quase sussurrada.

Clara olhou para ela, seus olhos agora marejados.

— Significa que estamos todos em risco. E o Rafael... talvez ele nunca tenha tido chance de escapar.

Miguel respirou fundo, sentindo uma onda de determinação começar a crescer dentro de si. Ele não poderia perder a esperança. Eles tinham 24 horas. E, naquele momento, isso era tudo o que precisavam: tempo.

— Então, o que vamos fazer? — Miguel perguntou, olhando para Clara e depois para Luísa.

Clara engoliu em seco, passando a mão pelos cabelos, tentando organizar os pensamentos.

— Vamos seguir as instruções. Vamos descobrir onde Rafael está e o que está acontecendo. E, se for preciso, vamos enfrentá-los — disse Clara, sua voz agora mais firme, decidida. — Porque não vamos deixar o Rafael para trás. E se ele ainda está vivo, vamos trazê-lo de volta.

Miguel e Luísa se entreolharam, e ambos sabiam que não havia mais volta. Eles estavam agora em um caminho perigoso, mas não podiam desistir. O relógio estava correndo contra eles.



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