O Jogo Começa

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A partida de xadrez estava prestes a começar. Eles tinham uma escolha: seguir as instruções ou tentar encontrar outra forma de desvendar o mistério que os cercava. Mas uma coisa era certa: não podiam voltar atrás agora.

O jogo, como sempre, tinha suas regras. E Miguel, Luísa e Clara estavam prestes a aprender da forma mais difícil que, no jogo do poder e do crime, quem joga com fogo, muitas vezes, se queima. O sol estava começando a se pôr, tingindo o céu com tons laranja e rosa, mas o calor do Rio de Janeiro parecia não dar trégua. A brisa suave que passava pelas ruas não era suficiente para acalmar a tensão que pairava sobre os três amigos. Clara, Miguel e Luísa estavam de volta ao apartamento de Clara, tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que parecia impossível de resolver.

— Eles sabem onde estamos. — Clara sentou-se na mesa de jantar, olhando fixamente para o celular, como se ele fosse a única coisa que poderia lhes dar respostas. — Eles estão nos observando.

Miguel se aproximou e colocou a mão sobre o ombro de Clara, tentando transmitir alguma confiança que ele, sinceramente, não sentia.

— Não podemos nos deixar intimidar. Eles querem nos ver com medo, mas não vamos dar esse gostinho. Rafael confiava em nós. Precisamos encontrá-lo, nem que tenhamos que lutar contra o mundo inteiro.

Luísa, que estava de pé perto da janela, olhou para fora, como se procurasse alguma pista que pudesse ajudá-los.

— Temos que ser inteligentes. Vamos precisar de aliados. — Ela disse, com a voz firme, uma estratégia já começando a se formar em sua mente. — E precisamos de informações sobre o tráfico de dados que Rafael estava investigando. Ele não estava sozinho nisso, Clara. Alguém mais sabia sobre isso. Talvez haja uma maneira de reverter a situação sem precisar seguir todas as ordens deles.

Clara levantou-se, agora mais animada com a ideia de agir. A determinação estava começando a tomar o lugar do medo.

— Eu conheço algumas pessoas que podem nos ajudar. Pessoas que Rafael me falou. Não tenho certeza se podemos confiar neles, mas... não temos outra opção.

Miguel olhou para ela, com um olhar sério, como se estivesse ponderando as consequências de cada movimento que fariam.

— Então vamos. Não temos tempo a perder. Se eles estão nos observando, melhor que saibam que estamos prontos para dar o primeiro golpe.

Enquanto o plano começava a tomar forma, Clara pegou uma folha de papel e começou a anotar nomes e números. Pessoas que Rafael tinha mencionado, contatos que pareciam ser os únicos com o poder de ajudá-los a desvendar os mistérios que envolviam o sumiço de Rafael e a rede criminosa que ele havia tentado expor.

— Mas e o caderno? — Luísa perguntou, lembrando-se do item crucial que Clara ainda segurava. — Será que não é melhor nos concentrarmos no que está escrito nele? Pode ser a chave para entendermos o que Rafael estava realmente investigando.

Clara olhou para o caderno, ainda sem ter se aprofundado totalmente em seu conteúdo.

— Eu ainda não terminei de ler tudo. Mas... tem algo estranho nisso tudo. Não parece ser apenas um caso de tráfico de dados. O caderno fala de algo maior. Algo internacional. Talvez uma rede de espionagem digital. E é isso que Rafael estava tentando desmascarar.

Miguel sentiu um frio na espinha ao ouvir essas palavras. Se fosse mesmo uma rede internacional de espionagem, isso significava que o alcance da ameaça era muito maior do que qualquer um deles poderia imaginar.

— Então, se Rafael estava no centro disso, ele pode ter feito inimigos muito poderosos. E eles não vão parar até encontrá-lo. — Miguel concluiu, com um tom grave.

Clara olhou para o caderno mais uma vez e começou a folhear as páginas rapidamente, até que seus olhos pararam em uma página específica. Ela leu em silêncio, e seus lábios se curvaram em uma expressão de incredulidade.

— O que foi? — Luísa perguntou, ansiosa.

Clara levantou a cabeça, com os olhos fixos na página diante dela, e disse, quase sem acreditar:

— Está falando de um código. Um código que é usado para transações secretas entre as maiores organizações criminosas de dados do mundo. Rafael estava tentando quebrar esse código, mas não conseguiu. Ele estava perto de descobrir o que isso significava.

Miguel se aproximou, tentando entender a importância da revelação.

— Se ele estava tentando quebrar esse código, é possível que ele tenha descoberto algo que poderia derrubar toda a operação. Isso é grande, Clara. Muito maior do que a gente pensava.

Clara assentiu, com o olhar distante, como se tentasse absorver todas as informações que estavam se acumulando.

— Eu não sabia disso. Não sabia que Rafael estava envolvido em algo tão grande. Mas agora, se ele estava perto de encontrar a solução... isso explica o que aconteceu.

Luísa, com um olhar desconfiado, fez uma pergunta que pairava no ar.

— E quem mais sabia disso? Quem mais sabia do caderno e do código?

Clara pensou por um momento e então, como se uma peça de quebra-cabeça tivesse se encaixado, disse:

— Marcos. Ele estava mais envolvido nisso do que Rafael me contou. Marcos é o único que pode nos ajudar a entender como quebrar o código. Ele tem o conhecimento e as conexões. Mas... ele também está na mira deles.

Miguel e Luísa se entreolharam, sentindo o peso das palavras de Clara.

— Então vamos atrás dele — Miguel disse, determinado.

— Não podemos perder tempo. Vamos agora. — Luísa completou, já começando a sair em direção à porta.

Clara hesitou, mas seu olhar agora estava cheio de uma nova confiança. Ela sabia que a batalha estava apenas começando, mas não podia deixar de sentir uma faísca de esperança. Rafael não estava sozinho. Eles não estavam sozinhos.

À medida que eles se afastavam do apartamento, a noite carioca tomava um tom ainda mais denso. O Rio, com suas luzes cintilantes e ruas movimentadas, parecia uma cidade como qualquer outra — mas, para Clara, Miguel e Luísa, o cenário estava prestes a mudar para sempre.

Eles estavam em busca de respostas. E, enquanto a madrugada avançava, a única certeza que tinham era que, de alguma forma, a conexão entre eles, e o amor e a lealdade que compartilhavam por Rafael, seriam a força que os guiaria.

E que, no final das contas, nada, nem ninguém, os impediria de lutar por ele.

Garoto do Rio 1Onde histórias criam vida. Descubra agora