O Acordo de Marcos

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A tensão pairava no ar como uma tempestade iminente enquanto Clara, Miguel e Luísa absorviam as palavras de Marcos. Eles sabiam que estavam prestes a atravessar um limiar sem volta, mas a ideia de abandonar Rafael e tudo o que ele estava tentando revelar não era uma opção.

Marcos permaneceu em pé, segurando o pequeno dispositivo em suas mãos como se fosse um segredo materializado. Ele observava os três em silêncio, aguardando sua decisão.

— Estamos dentro. — Clara disse, sua voz firme, embora seu coração acelerado denunciasse o nervosismo que ela tentava disfarçar.

Marcos assentiu, como se já esperasse essa resposta.

— Muito bem. — Ele se moveu com agilidade até uma mesa no canto da sala e colocou o dispositivo em cima, conectando-o a um laptop. — Este dispositivo contém uma parte do código que Rafael estava tentando decifrar. Ele o encontrou através de uma fonte interna, mas faltam algumas chaves. Vocês terão que descobrir onde estão as partes restantes.

— E como fazemos isso? — Miguel perguntou, aproximando-se para olhar o dispositivo.

— O código que Rafael estava investigando é uma espécie de quebra-cabeça digital, espalhado em diferentes servidores ao redor do mundo. — Marcos explicou. — Mas não é algo que você pode encontrar com uma simples pesquisa. Ele está criptografado e protegido por um sistema de segurança extremamente sofisticado. Para acessar as partes restantes, vocês terão que se infiltrar em locais específicos e obter os dados pessoalmente.

— Locais específicos? — Luísa repetiu, um pouco atordoada. — Você está falando de invasões?

Marcos lançou-lhe um olhar calculado.

— Sim, é exatamente isso que estou dizendo. Não é apenas uma questão de digitar algumas senhas. Vocês precisarão entrar em prédios governamentais, escritórios de corporações envolvidas em práticas ilícitas, e talvez até hacker alguns sistemas no caminho. E precisaremos ser rápidos, porque a cada minuto que passa, mais pessoas se envolvem e o perigo cresce.

O silêncio pesado que seguiu essa revelação foi quebrado apenas pelo som distante do tráfego do lado de fora. Clara cruzou os braços, sentindo o peso da responsabilidade aumentar. Ela pensou em Rafael, em tudo o que ele tinha sacrificado para chegar até ali, e decidiu que faria o mesmo.

— Quais são os próximos passos? — Clara perguntou, sua voz determinada.

Marcos digitou algo no laptop, e um mapa digital apareceu na tela, com três pontos brilhando em diferentes partes do mundo.

— Aqui estão os locais onde as próximas partes do código estão armazenadas. — Ele apontou para o mapa. — Um está em Brasília, o outro em Londres e o terceiro... em Seul.

Clara e os outros se entreolharam. As distâncias eram intimidantes, mas a jornada parecia inevitável.

— Nós temos os recursos para chegar a esses lugares? — Miguel perguntou, tentando pensar de forma prática.

Marcos olhou para ele, sua expressão sombria.

— Eu posso arranjar a viagem e o equipamento. Mas, como eu disse antes, há um preço. Vocês terão que fazer algo por mim em troca.

Clara franziu o cenho.

— O que você quer?

Marcos deu um passo para trás, pegando um pequeno envelope que estava sobre a mesa. Ele o jogou para Clara, que o pegou no ar. Ela abriu o envelope e viu uma foto dentro. Era de uma mulher, jovem, com traços asiáticos e um olhar misterioso.

— Quem é ela? — Clara perguntou, levantando os olhos para Marcos.

— O nome dela é Kim Na-rae. Ela está em Seul, e está envolvida com uma das maiores redes de tráfico de dados do mundo. Ela é uma peça-chave nessa operação. Para acessar o último fragmento do código, vocês precisarão encontrá-la e convencê-la a colaborar. Ela sabe como obter a parte final, mas não será fácil.

— E por que ela nos ajudaria? — Luísa perguntou, desconfiada.

Marcos suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Porque ela tem um passado com Rafael. E porque vocês têm algo que ela quer: a verdade sobre o que aconteceu com ele.

Clara olhou novamente para a foto de Na-rae. Ela se perguntava o que essa mulher sabia sobre Rafael, e o que ela estaria disposta a fazer para proteger seus próprios segredos.

— Tudo isso parece um plano arriscado demais. — Miguel disse, sua voz grave. — Não temos garantias de que ela vai colaborar. E se ela for uma inimiga?

Marcos concordou lentamente.

— É um risco que vocês terão que correr. Mas lembrem-se: quanto mais vocês descobrirem, mais perigos vão aparecer. Rafael sabia disso quando começou a investigar, e agora vocês estão no mesmo caminho.

Clara sentiu um frio na espinha. A ideia de confrontar uma mulher que poderia estar envolvida na queda de Rafael era assustadora, mas não havia mais como voltar atrás.

— Nós vamos encontrá-la. — Clara afirmou, guardando a foto de Na-rae no bolso. — E vamos conseguir o código.

Marcos sorriu levemente, como se estivesse admirando a determinação de Clara.

— Então, preparem-se. Eu vou organizar a viagem e o que precisarem. Mas lembrem-se, uma vez que cruzarem essa linha, não haverá mais saída. É o ponto de não retorno.

Clara assentiu, sentindo o peso da decisão que acabara de tomar. Ela olhou para Miguel e Luísa, e ambos concordaram em silêncio. Eles estavam juntos nessa, até o fim.

— Estamos prontos. — Clara disse.

Marcos sorriu novamente, desta vez com um toque de ironia.

— Eu espero que estejam, Clara. Porque as respostas que vocês buscam podem não ser o que esperam encontrar.

Com essas palavras, Marcos fechou o laptop e olhou para eles com um brilho enigmático no olhar, como se soubesse mais do que estava disposto a compartilhar.

— Agora, vão para casa e descansem. A jornada de vocês está apenas começando.

Garoto do RioOnde histórias criam vida. Descubra agora