CAPÍTULO 10

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A conversa com Oliver foi um ponto de ruptura. Algo dentro de mim mudou.

 Enquanto caminhava para longe da casa dele, senti o peso do controle, manipulação e medo começarem a se dissipar. Cada passo parecia um avanço em direção à liberdade, e, pela primeira vez em muito tempo, eu me permiti respirar sem sentir que estava sob o olhar constante de Oliver.


Nos dias que se seguiram, minha mente ainda estava confusa. Mesmo com a coragem que finalmente encontrei para enfrentá-lo, as marcas de um relacionamento tóxico não desapareciam tão facilmente. Havia momentos em que eu me questionava, me perguntava se estava fazendo a coisa certa. Oliver me fez acreditar por tanto tempo que sem ele eu não era nada, e lutar contra essa narrativa era um desafio diário.

Mas, então, havia Alisson. Nos poucos momentos que passei com ela desde a confrontação, senti uma paz que não conseguia encontrar em nenhum outro lugar. Ao lado dela, tudo parecia mais leve, mais real. Não havia mentiras, manipulações ou jogos de poder. Apenas uma conexão verdadeira, uma compreensão silenciosa.

Uma noite, enquanto eu me deitava, meus pensamentos inevitavelmente se voltaram para ela. Nos últimos dias, havíamos trocado algumas mensagens, mas eu me mantive um pouco distante, ainda processando tudo o que havia acontecido com Oliver. Sabia que precisava fechar esse capítulo antes de me permitir seguir em frente de verdade. Ainda assim, eu ansiava por ela. Pelo toque dela, pelo conforto que só ela parecia poder me dar.

Finalmente, decidi que não podia mais adiar o inevitável. Peguei o telefone e mandei uma mensagem.

Posso te ver?"

A resposta de Alisson veio quase imediatamente.

Claro. Quer que eu vá até você?

Sim. Preciso conversar.

Minutos depois, ouvi a campainha, e meu coração deu um salto. Fui até a porta e, ao abri-la, encontrei Alisson ali, sua expressão preocupada, mas com uma suavidade que eu tanto apreciava. Ela não perguntou nada, apenas entrou, me dando o espaço para falar no meu tempo.

Nos sentamos no sofá, e por um momento, apenas o silêncio preenchia o ar. Mas não era um silêncio desconfortável. Era o tipo de silêncio que permitia a compreensão, que nos deixava sentir a presença uma da outra sem a necessidade de palavras.

Finalmente, respirei fundo e comecei.

Eu... terminei com Oliver — disse, minha voz mais suave do que eu pretendia.

Alisson olhou para mim, surpresa, mas satisfeita.

— Isso é bom, Amber — ela respondeu gentilmente. — Você fez o que precisava ser feito.

Eu assenti, sentindo as emoções subindo à superfície.

— Mas não foi fácil — confessei. — Ele tentou me manipular até o fim, tentou me fazer acreditar que eu não conseguiria viver sem ele. E, por muito tempo, eu acreditei nisso.

Alisson se inclinou para frente, pegando minha mão.

Ele te manipulou por tanto tempo que você esqueceu quem você era — ela disse. — Mas você é muito mais forte do que ele. Você encontrou essa força. E agora... agora você pode ser livre.

As palavras dela eram como um bálsamo para as feridas que eu ainda carregava. Mas havia algo mais que eu precisava dizer, algo que estava dentro de mim há muito tempo, esperando para ser liberado.

O AMOR NÃO É QUASE NADAOnde histórias criam vida. Descubra agora