CAPÍTULO 8

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Eu havia aceitado as condições de Oliver, sem pensar muito no que isso realmente significava para mim. Os dias que seguiram foram um teste constante, onde cada passo que eu dava parecia monitorado. Ele me mandava mensagens durante o dia, exigindo saber onde eu estava e com quem. Se eu não respondia imediatamente, ele me ligava, insistente, como se estivesse esperando que eu cometesse um novo erro. E eu me via respondendo a tudo, cedendo, tentando evitar discussões.

A parte mais difícil foi cortar contato com Alisson. Na primeira noite após a conversa com Oliver, eu apaguei o número dela do meu telefone, mas a presença dela não saía da minha mente. 

Eu me lembrava dos momentos em que estivemos juntas, e aquilo me fazia questionar o que eu estava fazendo com minha própria vida. Ainda assim, Oliver estava ao meu lado, presente, pressionando para que eu mostrasse que estava comprometida com ele.

Só que Alisson não desistiu tão facilmente. Ela começou a mandar mensagens, primeiro sutilmente, depois com mais intensidade. As primeiras diziam coisas como 

— Eu entendo o que você está passando, mas você não precisa passar por isso  

 — Só estou preocupada com você .

 Mas quando eu não respondia, as mensagens começaram a ficar mais diretas.

 — Amber, não deixa ele te controlar assim. Isso não é saudável. Eu sei que você está se sentindo culpada, mas ele está usando isso contra você.

 — Eu sei que você me bloqueou, mas você precisa me ouvir. Não se afaste. Nós sabemos que o que sentimos é real. Não desista disso por ele.

Cada mensagem que eu lia me fazia questionar mais as escolhas que estava fazendo, mas eu não tinha coragem de responder. De alguma forma, eu estava tentando me convencer de que, se seguisse as regras de Oliver, as coisas melhorariam, que poderíamos ser felizes de novo. 

Mas eu sabia que essa era uma mentira que eu alimentava em mim.

Oliver, por sua vez, não estava de brincadeira. Cada dia que passava, ele reforçava suas exigências de forma sutil, mas implacável. Se eu quisesse sair para encontrar Elsie, por exemplo, ele queria saber exatamente onde eu estaria e a que horas voltaria. Se eu demorava mais do que o previsto, ele me ligava, perguntando o que estava acontecendo. Quando eu chegava em casa, ele sempre estava atento, avaliando meus gestos, como se procurasse qualquer indício de que eu ainda estava pensando em Alisson.

Houve uma noite em que ele quis sair, jantar fora. Eu não estava no clima, cansada emocionalmente, mas ele insistiu. 

Durante o jantar, ele foi atencioso, quase como se estivéssemos nos primeiros dias de namoro. Mas eu sabia que era uma fachada. A maneira como ele observava cada movimento meu, cada palavra que eu dizia, mostrava que ele ainda estava controlando a situação. Quando voltamos para casa, ele quis ser íntimo, mas meu corpo reagiu com uma distância automática. Ainda assim, eu me forcei a corresponder, com medo de que ele percebesse que algo estava errado.

Conforme os dias passavam, eu me sentia mais isolada, perdida em uma relação que se tornava sufocante. Eu precisava desabafar com alguém, e a primeira pessoa em quem pensei foi Elsie. Ela sempre havia sido minha amiga mais próxima, aquela em quem eu confiava. Decidi marcar um café com ela, sem contar muito para Oliver, só o suficiente para que ele não suspeitasse.

Quando nos encontramos, ela me recebeu com um sorriso caloroso, como sempre. Eu tentei parecer bem, mas mal nos sentamos e as lágrimas começaram a rolar. Não consegui segurar.

Amber, o que está acontecendo? — Elsie perguntou, preocupada, segurando minha mão.

Eu... eu não sei como cheguei a esse ponto, Elsie — comecei, soluçando. — Tudo está desmoronando, e eu não sei o que fazer.

O AMOR NÃO É QUASE NADAOnde histórias criam vida. Descubra agora