CAPÍTULO 7

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Os dias que se seguiram à nossa primeira noite juntas foram um misto de desejo e culpa. Alisson e eu continuamos a nos ver, sempre de forma furtiva, sempre com aquele misto de desejo e perigo. Cada vez que estávamos juntas, tudo parecia se encaixar de maneira perfeita, natural, como se estivéssemos destinadas a isso. 

Mas quando eu voltava para casa, a culpa me esmagava. A imagem de Oliver, confiando em mim, me esperando, fazia com que eu me sentisse envergonhada...

Ainda assim, eu não conseguia parar. A relação com Alisson crescia em intensidade. Havia algo nela que me atraía de maneira incontrolável. Ela não só me fazia sentir desejada, mas compreendida, de um jeito que nunca havia experimentado antes. Nossas conversas iam além do desejo físico. Falávamos sobre nossas vidas, nossos medos, nossas inseguranças, e ela sempre ouvia, sem julgamento, sempre interessada a aprender o máximo a meu respeito.

Oliver, por outro lado, estava distante, fisicamente e emocionalmente, devido à viagem de trabalho. Nossas conversas por telefone eram breves, formais, quase automáticas. Eu sabia que algo entre nós estava se quebrando, mas não conseguia encontrar uma forma de consertar. E, na verdade, uma parte de mim já não sabia se queria isso.

Quando Oliver voltou da viagem, tudo começou a desmoronar. Eu tentei me preparar para a sua chegada, ensaiando mentalmente como iria agir, como esconder o que estava acontecendo entre Alisson e eu. Mas a verdade era que não havia como esconder completamente.

Ele chegou no final da tarde, cansado, mas animado por estar de volta. Tentou me abraçar, me beijar, mas havia algo diferente no seu comportamento. Era como se ele estivesse mais atento, mais observador, como se percebesse a distância que eu tentava disfarçar.

— Eu senti sua falta, Amber — ele disse, os olhos fixos nos meus. — Você não parece tão feliz em me ver.

Eu forcei um sorriso, tentando manter a aparência de normalidade. — Claro que estou feliz, Oliver. Eu só... estive ocupada, você sabe, com a faculdade, a casa e tudo mais.

Ele me olhou por um momento, uma expressão que eu não reconhecia surgindo no rosto. Era como se ele estivesse me analisando, tentando ler algo por trás da minha resposta.

Você tem certeza? — ele perguntou.

Oliver me olhou intensamente, sua expressão se endurecendo de um jeito que eu nunca havia visto antes. Havia algo em seu tom, uma sombra de dúvida que me fez sentir um frio na espinha.

Sim, claro — respondi rapidamente, tentando afastar a tensão crescente.

Ele não respondeu imediatamente, apenas assentiu, mas eu podia ver que ele não estava convencido. Algo havia mudado nele, algo sutil, mas que eu não conseguia ignorar.

Nos dias seguintes, o comportamento de Oliver se transformou. Ele começou a fazer perguntas demais, a me observar com mais atenção. Se antes nossa relação era marcada pela confiança, agora parecia que ele estava sempre esperando que eu cometesse um erro, que revelasse algo. Cada vez que eu saía, ele queria saber para onde estava indo, com quem eu estava, e por quanto tempo ficaria fora.

Foi em uma dessas saídas, uma tarde que Alisson e eu passamos juntas, que as coisas começaram a se complicar de verdade.

Estávamos na minha casa que eu nunca tive vergonha de mostrar a Alisson, diferente de como era com Oliver, sempre que ele entrava ali tinha pressa para sair, já ela, fazia daquele lugar um local comum, onde se sentia a vontade. Certa vez ela percebeu meu desconforto em um dia de chuva em que as goteiras começaram a molhar toda a minha sala, então, Alisson me olhou nos olhos e disse:

O AMOR NÃO É QUASE NADAOnde histórias criam vida. Descubra agora