CAPÍTULO 6

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O caminho até a casa de Oliver foi silencioso. Ele estava relaxado, aparentemente satisfeito por ter me encontrado, mas eu me sentia completamente desconectada. A lembrança do beijo com Alisson não parava de rondar a minha mente, cada detalhe, cada sensação ainda viva em minha pele.

Eu podia sentir o peso da culpa sobre meus ombros, mas ao mesmo tempo, havia um desejo latente que eu não conseguia ignorar.

Quando chegamos a casa de Oliver ele como sempre, foi gentil e carinhoso. Me ofereceu algo para beber, mas eu só conseguia responder de forma automática.

Meu corpo estava ali , mas a mente vagava, presa em outro lugar, com outra pessoa.

Sentamos no sofá, e ele começou a me puxar para mais perto, beijando meu pescoço de forma lenta, como costumava fazer. Normalmente, eu teria me deixado levar, mas não consegui.

O toque dele, que costumava ser familiar e reconfortante, agora parecia distante, quase errado. Minhas mãos estavam geladas, e eu senti vontade de ir embora.

Você está bem? -Ele perguntou, se afastando aos poucos e me olhando nos olhos.

Tentei sorrir, mas a expressão deve ter parecido forçada porque ele franziu a testa.

Só estou cansada, Oliver. A noite foi longa, murmurei tentando justificar meu afastamento.

Ele assentiu, mas não pareceu convencido. Mesmo assim, continuou, suas mãos agora deslizando por minhas costas, numa tentativa de me relaxar.

Ele começou a me beijar de novo, desta vez, nos lábios, com mais intensidade.

Sua intenção clara. No fundo, eu sabia o que ele queria, e, por um segundo tentei me convencer de que era o certo.

Estávamos juntos, e era isso que casais faziam. Mas a cada vez que ele se aproximava, algo em mim se distanciava.

A imagem de Alisson surgiu em minha mente, os olhos dela, o toque dela, o beijo no banheiro. Meu coração começou a bater mais rápido e não era por Oliver. Era como se, naquele momento, meu corpo estivesse traindo a realidade. Eu queria aquilo, mas não com ele. Eu queria alguém, mas não era o Oliver.

Ele desceu a mão por minha cintura, me puxando para mais perto, e eu instintivamente me afastei.

-—Oliver, espera- sussurrei, minha voz falhando.

Ele parou imediatamente, olhando pra mim com uma mistura de surpresa e frustação.

— O que foi, eu fiz algo de errado?

Balancei a cabeça, evitando seus olhos.

—Não, não é isso... eu só... não estou no clima. Desculpa!

Ele me soltou lentamente, suspirando enquanto se recostava no sofá.

Ta tudo bem, Amber. Se você não quer, não vamos fazer nada. Mas... você parece tão distante.

Eu sabia que ele tinha razão, e por mais que eu quisesse ser honesta, não conseguia. As palavras ficaram presas na minha garganta e tudo que eu consegui foi murmurar algo sobre cansaço novamente!

Ele não pressionou mais, apenas me abraçou de leve e sugeriu que eu fosse tomar um banho para relaxar. Aceitei o conselho e fui direto para o banheiro. Assim que fechei a porta atras de mim, soltei um suspiro pesado, como se tivesse tentando expelir todos os sentimentos contraditórios.

Abri o chuveiro e deixei a água quente cair sobre meu corpo, esperando que, de alguma forma, aquilo me trouxesse algum alívio.

Mas o toque da água me lembrava o beijo de Alisson, o toque dela, o jeito como os seus lábios encontraram aos meus com tanta suavidade, e ao mesmo tempo, urgência.

O AMOR NÃO É QUASE NADAOnde histórias criam vida. Descubra agora