Aeroporto

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Estavam em Paris, na cidade do amor em clima de olimpíadas, que seria a uns 30 dias depois. Precisavam fazer a ambientação primeiro, se acostumar com o clima, com o fuso horário e conhecer o novo espaço para que pudessem treinar até que começasse as competições.

Os jornalistas se amontoavam com a chegada das meninas, gritando pelos seus nomes, querendo sua atenção, principalmente da capitã da seleção:

Gabriela Guimarães.

A capitã era conhecida pelo seu belo sorriso contagiante, alegre e uma excelente jogadora. Gabi era uma mulher forte, determinada. Caminhava com um único sentimento no peito: foco. Precisava conquistar o ouro, os seus pensamentos giravam em torno daquele ouro e que aquela seria a resposta para aqueles que duvidam do seu profissionalismo e da sua perseverança.

- Vamos, Gay. Ainda quero tirar uma foto naquela entrada. - Carol a puxou levemente pelo braço fazendo com que parasse de sorrir para câmera e voltasse a caminhar até o ônibus pronto para levá-las até a Vila Olímpica.

- Só porque pediu com carinho - Abriu um sorriso sapeca assim que Carol franziu a testa e soltou uma risada debochada.

Após todos se acomodarem no ônibus, não demoraria chegar até a vila olímpica, não seria tão longe. O trânsito estava tranquilo para uma cidade cheia de turistas. Estava calor e apenas o ar-condicionado fazia o favor de refrescar tantos seres humanos juntos.

- Que calor, Meu Deus. Parece que estou no clima do Rio multiplicado quatro vezes - resmungou Thaisa enquanto sacudia às mãos para cima e para baixo em direção ao rosto,

Gabriela levantou um dos braços e passou a mão espalmada em sua testa, enxugando o suor que escorria. Carol que estava sentada ao seu lado soltou uma risada contida. Estranhando a risada que veio do nada, franziu o cenho e passou a mão na calça.

- O que foi? -perguntou enquanto se encostava no banco procurando se sentir confortável.

Carol se inclinou próximo ao seu ouvido e disse:

- Você está com pizzas. - abriu um sorriso cheio de dentes olhando para as axilas de sua amiga, ergueu suas sobrancelhas e falou mais baixo ainda - Será que a Rebeca vai perceber? - soltou uma risada alta, o som apenas se misturando junto das outras vozes.

- Carol, vá se catar. - respondeu Gabi que acabou cruzando os braços e discretamente ergueu um pouquinho o seu cotovelo, abaixando os olhos para observar se estava mesmo soando tanto assim, quando levantou a cabeça encontrou Carol soltando pequenas risadas. - Que droga. - Não se contendo também, riu junto da amiga.

Quase chegando na Vila Olímpica o seu celular apita, sinal de que recebeu uma mensagem da qual já sabia quem era, já estava esperando. Tirou o eletrônico do bolso da calça e visualizou:


REBECA

Já chegou?

GABI

Quase lá!


Sentiu seu coração palpitar mais rápido, o frio na barriga se alastrando por seu corpo todo e suas bochechas esquentaram de antecipação. Conhecia esse sentimento, gostava dele, mas não saberia se teria reciprocidade da outra parte. Entretanto, tentava manter a calma, faria tudo do jeito certo. Não se apressaria para pular etapas e não iria deixar para menos, porque Gabriela queria tentar. Ela queria conhecer a suavidade de suas mãos, a textura da pele dela nas suas palmas e o gosto dos lábios dela nos seus.

Sonhará com isso por um tempo. Depois de uma única ida a um jogo da VNL em que Rebeca e Flávia compareceram, foi mais do que suficiente para que seus olhares se cruzassem e os sorrisos tímidos fossem disparados para uma química gostosa.

Conversas que vem e vão, curtidas em apenas fotos suas de biquini deixaram aquele ar de interesse que foi onde começou a sentir vontades de que vão além de manter apenas uma amizade. Então, começou a investir. Mandava mensagens sempre que podia, enviará indiretas, algumas fotos na academia e a elogiava todas as vezes.

Precisava exaltar aquela mulher como uma deusa que ela merecia ser.


REBECA

Que bom! Avisa quando chegar.

Quero oferecer um abraço de boas-vindas para a nossa incrível capitã.


- Acho bom você tomar um banho antes viu - Gabi mal notou Carol se esgueirando para ler suas mensagens.

- Deixa de ser intrometida, mulher - Gabi respondeu enquanto a olhava de soslaio e desligava o celular. Fechou os seus olhos deitando a cabeça no encosto do banco e murmurou um pouco mais baixo - E é claro que vou tomar banho, idiota.

Carol apenas sorriu com carinho. Gostava de atazanar a vida de Gabriela, era sua amiga a tantos anos que já a amava como a sua própria irmã. Queria o seu bem e acima de tudo lhe ver feliz. O que estivesse ao seu alcance para ajudar, ajudaria com o maior orgulho do mundo.

Depois de vários minutos, o ônibus estaciona na entrada do prédio que seria o alojamento da equipe e então começa a loucura da descida, a busca por malas e informações dos quartos. Tudo isso demorou, mas valeu a pena o esforço para chegar até ali. Um sonho estava se realizando e mal podiam esperar para o que estava por vir.


GABI

Onde posso encontrar você?

Vou apenas guardar as coisas no quarto, tomar um banho e te encontrar.


REBECA

Se não estiver muito cansada, podemos dar uma volta na Vila.


GABI

OK! Beijo.

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