Confiança

545 51 3
                                    

A confiança é o maior elo que podemos ter dentro de nós mesmos. Se não temos confiança naquilo que nos propomos a fazer, os únicos pensamentos que passaram em sua mente, é que nada vai dar certo. A sensação da negatividade te leva longe de suas conquistas.

Por um tempo, os sonhos de Rebeca Andrade eram carregados para longe de si. Roubados de sentimentos e pensamentos traiçoeiros. Toda dúvida terminava de um: "eu não consigo.". Grande erro. Demorou a entender que ela precisava de muito mais que pensamentos negativos, e trocar o "eu não consigo", para o "eu vou tentar e conseguir!". Tinha que começar a se sentir dona de si e da própria mente. Que as opiniões negativas dos outros não lhe definiam. Tinha que parar de contar as derrotas. Sabia que não era perfeita. Não queria ser perfeita.

As terapias foram a sua salvação. A desistência não seria o seu ponto final. As cirurgias em seus joelhos as fizeram a ficar mais forte. As cicatrizes, para lhe lembrar do quão ela é capaz de buscar grandezas. Lembrou das pessoas que a ajudaram a ficar de pé, isso jamais seria esquecido. Por isso, que estava no quarto com Lorrane.

Sua amiga soube no começo da semana que perdeu a irmã. Chorava silenciosamente, o corpo encolhido como se quisesse sumir daquele mundo desastroso carregado de tempestades de solidão. O corpo tremia em soluços silenciosos, como se não quisesse incomodar ninguém. Rebeca, soltava lagrimas tristes enquanto abraçava a amiga por trás. Tentava passar todo o carinho e amor através do abraço quente. Estava ali para ajudar no que fosse preciso.

— Estou aqui, Lô. — Suspirou em tristeza. Não saberia descrever a dor de perder uma irmã, mas saberia dizer que pelo estado de Lorrane, era o espelho do próprio inferno. A menina desolada, estava pensando em desistir das olimpíadas, mas sua família tentava a convencer a ficar e conquistar aquela medalha como um lembrete de sua força e que sua irmã gostaria que fizesse isso, que não desistisse de seus sonhos. Sua família estaria esperando-a de braços abertos quando voltasse da França. — Vai ficar tudo bem, estamos todos aqui para lhe apoiar. Coloque tudo o que precisar para fora, mas não vá embora sem ganharmos aquela medalha. — Lorrane fungou e virou o rosto para encarar a ginasta, ainda naquela posição encolhida, com medo de que se saísse dali, iria voltar para o instante que soube da notícia. Rebeca, segurou a lateral de seu rosto e abriu um sorriso pequeno. — Eu te amo, Lô. Não quero que se vá sem ter realizado o seu sonho. — E suavemente passou a mão, recolhendo as lagrimas soltas de Lorrane. — Você nunca estará sozinha! — Afirmou cheia de certezas e abraçou a amiga, que de voltar, a abraçou.

Ficaram ali, naquele abraço até que a outra ginasta se acalmasse. Se desvencilharam quando a porta foi aberta por uma Flávia sorridente e em seu encalço estava Gabriela com duas grandes sacolas plástica. A última mulher estava um pouco acanhada, mas o sorriso carismático presente em sua face.

— Oi meus amores. — Cumprimentou Flávia. — Trouxe companhia, daqui a pouco a Jade está vindo também. — Empurrou os calçados para longe de seus pés para cair dentro da concha de suas duas amigas. — Oi, Lolo...— Deixou um beijo estalado na bochecha de Lorrane, que apenas sorriu suave para a pequena mulher.

— Espero não estar atrapalhando nada, e se eu estiver posso ir embora e deixar essas sacolas cheias de guloseimas como desculpas. — A voz rouca, marcada de suavidade, sempre gentil. O sorriso maroto, cheio de carisma para se vender e dar a vontade.

Rebeca e Gabriela, tinham combinado de se verem antes do toque de recolher, mas não sabia que seria tão cedo. Mas não havia problema algum, foi uma ideia genial a jogadora aparecer mais cedo. O olhos da Ginasta espelhava brilho e glitter ao ver a figura alta e de músculos firmes. Seu coração pulava no peito carimbado de nervosismo. O sorriso no rosto denunciava muito mais do que queria demostrar. — Oi. — Disse, perdida no corpo, no sorriso, na presença. Os pensamentos acendendo e apagando feito luzes de Natal, reprisando os momentos dentro do quarto número dezoito. Gabriela, encheu os pulmões de ar e soltou lentamente, disfarçando um suspiro meio a um sorriso derretido.

Cidade do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora