Os treinos estavam intensos para as duas mulheres, já se encontravam na semana de abertura dos Jogos Olímpicos. Os dias escorrendo de seus dedos. A rotina apertada, tendo tempo apenas de jogar-se na cama para fechar os olhos e acordar na academia para um novo treino cansativo. Rebeca e Gabriela, continuavam a se encontrar durante os, poucos, intervalos dados ao dia. Conversavam sobre tudo, riam das implicâncias para uma com a outra, deixavam a ponta de flertes soltas no ar para que cada uma agarrassem antes que se dissipassem no calor do momento.
Aquela bolha de tensão estava tornando-se cada vez mais cheia, impossível de conter sabendo que a qualquer momento ela poderia extinguir-se. O desejo era um sentimento traiçoeiro que levava qualquer recurso de dignidade do ser humano, traindo os verdadeiros princípios a ser seguidos. O desejo não deixava que os toques fossem inocentes, os abraços não fossem rápidos e os olhares não seriam discretos. Em algum momento esse sentimento vai querer mais, ele incita a fazer mais.
Era esse sentimento que fazia Rebeca perder a sanidade. Não conseguia dormir sem pensar em algo para fazer, buscava um plano para matar aquele desejo obscuro, carregado de excitação no fundo do seu âmago. Sentia uma leveza nervosa em seu peito, o frio na barriga sempre lembrando daquilo queria fazer com a Capitã. Não saberia até quando iria aguentar aquela brasa enraizada dentro de si.
Seria mentira se disse que ela não gostava dos flertes. Ela amava. Sentia-se desejada por aquela mulher alta, de corpo musculoso e sorriso maroto. Foi pensando nisso que não conseguirá fechar os olhos, porque estava pensando em um plano de destruir o monstro denominado "desejo".
— Lô? — Chamou, na escuridão do quarto em que apenas a luz do luar, presente pela brecha da cortina, fazia questão de tentar iluminar o quarto. — Você está dormindo? — Tentou novamente.
Precisava conversar sobre aquilo que estava lhe perturbando. Estava atrapalhando o seu sono. Se não confidenciasse aquilo que lhe afligia, explodiria por inteira. Teria milhões de pedacinhos de Rebecas espalhados por aí.
— Preciso conversar com você. — Repetiu. — Quero conselhos...dicas...não consigo dormir. — Murmurou em um suspiro de tormento. Tirou a coberta de si para sentar-se em posição de índio e ligou o pequeno abajur posicionado em uma mesinha ao lado de sua cama de papelão. Semicerrou os olhos para que conseguisse enxergar o corpo embrulhado até o pescoço de Lorrane.
— É só contar carneirinhos, Rebe. — Ainda de olhos fechados, murmurou.
— Contar carneirinhos não vai me ajudar, Lorrane. — Ralhou entredentes.
Soltando um suspiro, a amiga abriu os seus olhos encontrando uma expressão de sofrimento na face da menina sentada. — O que foi? — Perguntou em preocupação, mas não moverá um musculo do casulo quentinho de seu cobertor. — Está nervosa com as competições?
— Não é isso. — Respondeu. Olhava para mãos, que estavam brincando com os seus próprios dedos, como se fossem a resposta para os seus problemas. — Estou me sentindo desnorteada, Gabriela está me tirando o juízo. — Se sentia pequena com aquela confissão tão intima, mas sabia que ali, com Lorrane, poderia dizer os maiores crimes que poderia cometer que ela lhe a acolheria com a maior gentileza do mundo. Não havia julgamentos naquele corpo, muito pelo contrário. Lorrane, era uma de suas pessoas favoritas no mundo. Ela, saberia o que lhe dizer quando precisasse emum momento como esse. Precisava de uma direção, estava cega de paixão.
— Rebe... — Piscou entre um suspiro. — Vocês brigaram? — Ainda na mesma posição, estava com sono e cansada, mas a menina a sua frente era mais importante.
— Não.
— E o que aconteceu?
Erguendo o seu olhar para a pergunta. De repente, se perguntou também, o que aconteceu?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cidade do Amor
Fanfiction"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade."