Minho olhava para o espelho enquanto tentava arrumar os cabelos rebeldes. O cansaço dos últimos dias estava começando a desaparecer e a visita de Jisung certamente teve algum impacto nisso. Vestiu os calçados e, antes que saísse, fitou o porta-retratos que ficava em cima de sua cômoda próximo a porta. Ele suspirou fundo pegando e olhando a foto que o fazia lembrar de como era sua vida em Seul.
Seul sempre foi o lugar dos sonhos para Minho. Lee tinha 13 anos quando sua mãe faleceu, ele teve que aprender a viver com a ausência de seu pai, que logo casou-se novamente. Quando atingiu a maioridade entrou na Universidade Nacional de Seul para estudar Marketing. Seu pai apesar de ausente possuía muito dinheiro e ajudou financeiramente para que Minho se mudasse para lá e concluísse seus estudos. Em Seul não tinha muito contato com seu pai e o pouco que tinha foi se esvaindo à medida que o tempo passava. Após sua formação, arrumou um emprego em tempo integral na equipe de publicidade de uma grande empresa do ramo alimentício. Embora ganhasse bem, não era o suficiente para uma vida confortável em Seul. Resolveu dividir o apartamento com outra pessoa, dessa forma conheceu Jaewon.
Jaewon era o extremo oposto de Minho. Ele era o tipo de pessoa que estava sempre atento às necessidade dos outros, sempre fazendo com que as pessoas ao seu redor se sentissem valorizados e cuidados. Desde o primeiro momento quis conhecer Minho. Enquanto Lee tinha uma ideia totalmente diferente de colega de apartamento, queria um que fosse silencioso e cuidasse da própria vida, Jaewon, certamente não era assim. Com o tempo vivendo juntos e muito esforço, Jaewon conseguiu conquistar a confiança de Minho, que na época era muito mais fechado emocionalmente e se tornaram melhores amigos. Jaewon então passou a saber tudo sobre a vida de Lee, conhecendo todos seus segredos e tornando-se o porto seguro de Minho, Jaewon era como um irmão, a família que nunca teve.
Minho piscou repetidamente, voltando ao presente. Colocou a foto sobre a cômoda, era uma foto dele e de Jaewon. Ele fechou os olhos se recompondo, sentiu os olhos se encherem, inspirou profundamente e expirou na tentativa de expulsar aquelas emoções. Havia trabalho a ser feito, mas as lembranças de Seul nunca estavam longe.
Ao chegar ao café, foi imediatamente recebido por Chris que saiu de trás do balcão e foi em direção dele quase que como um impulso.
— Minho! Você está bem? O que aconteceu? Por que não me atendeu, nem respondeu? — indagou, um pouco desesperado.
— Calma Chris. Estou bem, só precisava de um tempo. Desculpe por não te avisar nada — respondeu envergonhado, indo para trás do balcão e Chris o seguiu.
— Que bom que está bem. Jisung foi na sua casa? Ele estava preocupado com você, passou aqui só pra perguntar porque você não estava vindo trabalhar.
— Sério? — perguntou, e o canto de seus lábios se ergueram minimamente. — Ele foi lá sim.
Chris percebeu a expressão engraçada de Minho e lançou um olhar sorrateiro para ele, que quando notou, pigarreou, e fingiu-se de desentendido.
— Hmm. Então é por isso que você está melhor, não é? — provocou Chris, dando um leve empurrão em Minho.
— Não é nada disso... — Minho Justificou, mas seu rosto corado o entregou.
— Relaxa. É bom ter pessoas que se preocupam com a gente — comentou voltando para o tom calmo de sempre. — Agora bora trabalhar!
Enquanto se preparavam para a abertura do café, Minho não conseguiu tirar Jisung da cabeça. O que significava toda aquela preocupação?
🍃
Não muito longe dali, Jisung caminhava em direção a igreja como quase todas as manhãs. Passou pelo café e espiou sem ser visto. Avistou Minho arrumando a bancada, ele estava mais bonito que de costume e Han sorriu vendo que ele parecia bem. Decidiu não entrar, precisava conversar com alguém antes, alguém que sempre estava lá quando ele se sentia confuso.
Entrou na igreja e sentou-se perto do altar, logo ajoelhando-se. Respirou fundo e organizou seus pensamentos, pensou em tudo que estava o deixando aflito. Nesse momento, Minho não saiu de sua mente, estava constantemente em seus pensamentos mas Jisung tentava o afastar. Fechou os olhos e fez silêncio por um breve momento, logo deixando as palavras saírem.
— Deus, estou um pouco confuso. Minho... Ele mexe comigo de alguma forma que nunca senti antes, não tinha admitido isso nem pra mim mas estou falando para o senhor agora. Me sinto preocupado quando ele não está bem e sinto vontade de vê-lo todos os dias. Não sei o que significa, não pode ser um sentimento romântico né? Todos dizem que isso é errado, mas não estou escolhendo sentir isso — sussurrou, foi como um desabafo, sentiu até um pouco da tensão se esvair.
Ele ficou ali em silêncio, pensando no que tinha acabado de confessar para Deus. Mesmo que não houvesse resposta, sentiu que para Deus ele não mentiria e que Deus não o julgaria. Sentou-se no banco novamente enquanto observava uma movimentação, era padre Ye-Jun e Taeyeon entrando na igreja discutindo sobre algo.
— Esses jovens de hoje em dia arranjam tantas formas diferentes de envergonhar Cristo — disse Taeyeon, em um tom nada agradável.
— Calma Taeyeon. A senhorita não deveria se importar tanto com o que os outros jovens fazem — Padre Ye-jun comentou calmamente.
— O senhor viu aquilo ali? Duas jovens andando como se fossem namoradas — balançou a cabeça de um lado pro outro, em desaprovação. — Deus fez o homem e a mulher com um propósito, e isso é o correto.
— Independente disso, elas não estão em nossa igreja, temos que respeitar e nos importarmos com o que fazemos, você não concorda?
— Claro padre, desculpe — Taeyeon baixou o olhar logo olhando para os bancos, avistou Jisung e deu um aceno, Han correspondeu. — Padre, o senhor não queria falar com Jisung? Ele está ali.
— Ah, Oi Jisung — o padre foi até Jisung aproximando-se do banco em que estava — Queria te perguntar daquele rapaz que estava vindo na missa, Como era o nome mesmo? Ah é, Minho. Não vi mais ele por aqui.
— O Minho... É, ele não vai vir mais — respondeu calmamente, ajeitando-se no banco.
— Que pena, achei que conseguiria fazer ele vir mais vezes, você sabe o motivo?
— Não sei, ele disse que tentou mas que não acredita em Deus. Acho que foi isso.
— Como pode não acreditar? — balbuciou, e Jisung deu de ombros.
— Está bem, obrigado, infelizmente não podemos mostrar o melhor caminho para ele a menos que ele queira, não é? Obrigado Jisung — proferiu sorrindo, indo em direção a sua sala que ficava na lateral do altar.
Jisung havia ouvido a conversa de Taeyeon com o padre Ye-jun. Sentiu seu estômago embrulhar e sentiu o nervosismo percorrer por todo seu corpo. As palavras deles ressoavam em sua mente, ecoando suas próprias dúvidas e medos.
Começou a pensar que não poderia ser um sentimento romântico, certamente não era. Forçou-se a convencer de que era apenas uma amizade forte, uma preocupação exagerada, ou talvez uma confusão devido à beleza de Minho ou a forma como ele o entendia. Jisung decidiu que a melhor solução era manter uma certa distância de Minho. Pelo menos por alguns dias. Precisava de tempo para organizar seus pensamentos e evitar qualquer mal-entendido. Para isso, ele se focaria em se conectar mais profundamente com Deus e a igreja, acreditando que assim tudo voltaria ao normal.
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Take Me To Church | Minsung
Любовные романыJisung é um jovem devoto que se vê preso entre sua fé e sentimentos conflitantes. Vivendo sob os princípios rígidos da igreja e de sua família, ele tenta manter sua vida sob controle, mesmo quando seu coração o leva em uma direção "proibida". Minho...