Minho se preparava para trabalhar naquela manhã, desde que mudou-se para Daegu conseguiu um trabalho de meio período em um café local próximo a sua casa, não ganhava muito mas dava pra se manter e comer bem, sem muito luxo, estava em um momento de sua vida onde quase nada importava, se ia dormir e acordar amanhã, na verdade tanto faz, só estava vivendo até morrer.
Christopher era chefe de Minho, e também tomava conta do café no segundo período. Ele era um homem alto e forte com cabelos curtos e negros, era sempre bem-humorado com um sorriso no rosto que fazia todos que pisar no café voltarem uma hora ou outra. Foi Chris quem falou da Igreja para Lee, na qual também seguia com a esposa mas não com muita frequência.
— Bom dia querido, que cara de morte é essa? — brincou, dando um sorriso que destacava suas covinhas.
— Não dormi muito bem — deu de ombros, se aproximando do caixa e pegando um copo para servir café a si mesmo.
— Ontem teve missa, você foi? — debruçou-se no balcão, fitando Minho.
— Ah, isso, nem me fale, não só fui como consegui me envolver de ajudar no evento beneficente — ironizou enquanto dava um gole em seu café.
— Ta falando sério? — Chris franziu o cenho desconfiado, não esperava nem que Minho fosse, quem dirá ajudar. — Mas então você gostou?
— Olha, não tem muito o que gostar, eu não acredito e ainda por cima um jovenzinho ficou me enchendo de perguntas e julgamentos, mas já tinha falado que ia ajudar então não posso dar pra trás — revirou os olhos e suspirou fundo, lembrando do fatídico dia anterior.
— Jisung? — indagou curioso, com um sorriso ladino ao ver a cara de surpresa de Lee. — Provavelmente é ele, ele não entende muito que algumas pessoas não tem religião ou só não acreditam, mas não é culpa dele, os pais são super religiosos e acham que a religião é a única coisa que importa na vida.
— Deu pra perceber... Vou la ajudar hoje com o tal evento, espero não ver o pirralho — finalizou seu café, fitando alguns clientes entrando na loja.
— Difícil, ele tá envolvido em praticamente tudo — Chris disse, ajeitando-se no balcão para atender os primeiros clientes do dia.
Após sua manhã habitual de trabalho no café, Minho desfrutou de um breve intervalo para o almoço, onde saboreou uma refeição simples em sua casa, assistiu TV e deu uma pequena organizada na bagunça de sua cozinha. Começou a se arrumar para ir ao evento da igreja por volta das 14h30. A igreja não ficava longe e Lee chegou a pensar se poderia dar alguma desculpa para não ir, mas decidiu que se deu sua palavra, estaria lá com certeza, ateu sim, enganador jamais!
Minho chegou no horário marcado, já sendo orientado por algumas pessoas em qual banca ficaria para cuidar do caixa, ficou em uma barraca onde havia vários bolos e bombons embrulhados em caixinhas com fitinhas rosas, outras barracas ao redor continham flores e plantas, artesanato e até mesmo livros e artigos religiosos, e uma outra para arrecadar doações.
Pareciam todos bem unidos realmente, o padre tinha razão em relação a isso, era algo bom e Minho até sentiu que estava fazendo um pouco a diferença na vida de alguém mesmo que só estava ali sendo um tipo de vendedor de bolos.
Enquanto estava ajeitando a banca preenchendo os vazios deixados pelos bolos já comprados, viu de relance alguém se aproximando.
— Boa tarde, no que posso aju... — seu leve sorriso se desfez, e uma carranca mal-humorada brotou assim que viu Jisung em sua frente.
— Oi Minho, você veio... — comentou um pouco sem jeito, olhando o outro perder o brilho ao olhar pra si.
— Eu disse que viria, não é? — indagou sem manter contato visual, enquanto ajeitava os bombons.
— Então, eu queria falar com você... Me desculpe por ontem, acho que fui um pouco insensível e invasivo com você, as vezes tenho a mania de falar sem pensar, mas não fiz por mal — disse com o semblante triste, fitando o chão.
Minho olhou para o garoto e sentiu até um pouco de pena, como Chris havia dito, Jisung tem pais "super religiosos" e a julgar que ele tinha por volta de 20 anos e ainda morava com eles, não havia muito outra maneira de pensar, maldito ambiente religioso.
— Tudo bem, Jisung. Eu não sou de guardar ressentimento — disse olhando para ele, que sorriu ao ouvir — Você quer comprar um bolo ou bombom?
— Ah não, por favor, esses são os confeitos da minha família, simplesmente não aguento comer mais — deu uma gargalhada virando a plaquinha que estava em frente a barraca para que Minho pudesse ver escrito "Confeitos dos Han's"
— Nossa, eles parecem muito bons, já separei uns dois pra levar pra casa e comer sem culpa até porque é por uma boa causa, literalmente. — jogou os cabelos pra trás, dando um sorriso sorrateiro.
— De qualquer forma, obrigado por ter vindo. Fiquei preocupado que não viesse por conta de como me comportei ontem e daria um trabalho achar outra pessoa.
— Garoto, quando eu dou minha palavra eu cumpro — fitou Jisung, antes de desviar o olhar para atender a criança que estava louca por doces.
A tarde foi tranquila e as arrecadações fervorosas. Vendeu todos os confeitos de sua banca, além de se sentir um pouco melhor por ter feito algo diferente do habitual, não que tivesse sido um vendedor excelente já que aqueles doces se vendiam praticamente sozinhos.
Perto de anoitecer se preparou para voltar pra casa, fechou a banca repassando o dinheiro arrecadado para Taeyeon que era uma das organizadoras do evento, recebendo um "Muito bem" muito humorado da mais velha. Pegou seus pertences e começou a caminhar em direção a sua casa.
— Minho! — uma voz suave o chamou, fazendo com que ele se virasse a procura, assim mirando Han dar pequenos passos rápidos para alcançá-lo.
— Esqueci alguma coisa? — perguntou confuso, verificando os bolsos.
— Não, só queria te agradecer por hoje, você ajudou muito, de verdade — disse, em um tom alegre.
— Até porque você nunca imaginou que um ateu seria capaz de fazer isso né? — alfinetou, dando um sorriso contido, estava brincando mas queria saber como o outro reagiria.
— Não foi isso que eu disse — semicerrou os olhos, cruzando os braços em desaprovação. — Olha, eu sei que sou meio chato com isso, mas se você pode acreditar que algo bom existe e que te dá algum significado, por que não o faz?
— É, você é bem chatinho mesmo — Minho revirou os olhos, se aproximando de Han — Não é tão simples, não tem um botão aqui na minha cabeça que é só apertar que vou começar a acreditar, mas fica tranquilo, não vou zombar da sua fé — finalizou o encarando.
— Eu sei disso, mas você não se sente deslocado aqui? — perguntou sincero, o encarando de volta.
— Um pouco, mas quis tentar algo diferente e aqui estou, acho que não estou ferindo ninguém com essa decisão — lá estava Jisung, se metendo onde não era chamado novamente.
— Com certeza não, espero que consiga encontrar o que está procurando Minho, tenha uma boa noite — Han sorriu sem os dentes e colocou sua mão sobre o ombro de Minho, em um gesto de apoio, logo virando-se e retornando para próximo da igreja.
Lee ficou parado por um tempo vendo o outro se afastar, ficou pensativo pois nem mesmo ele sabia direito o que procurava. Talvez não encontrasse ali, mas valia a tentativa, estava perdido e parecia loucura ir a igreja sem nem ao menos acreditar, mas hoje ajudou em um evento e se sentia minimamente melhor que a alguns dias atrás. Considerou um avanço, sem dúvidas.
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Take Me To Church | Minsung
RomanceJisung é um jovem devoto que se vê preso entre sua fé e sentimentos conflitantes. Vivendo sob os princípios rígidos da igreja e de sua família, ele tenta manter sua vida sob controle, mesmo quando seu coração o leva em uma direção "proibida". Minho...