Pequena Andy

Fria como nunca antes

              Abro os olhos mas a claridade me faz fecha-los imediatamente, aos poucos minha visão vai se acostumando com a claridade até eu perceber que o que me cegava era o branco exagerado de um quarto de hospital, virando o meu rosto para o lado enxergo Ally sentada ao meu lado de cabeça baixa mexendo no celular, fecho os olhos imediatamente desejando evitar qualquer contato.

__ Como ta se sentindo? __ Continuo em silêncio de olhos fechados. __ Eu sei que está acordada Miranda.

__ Não estou não. __ Respondo me virando de costas para ela.

__ Okay... Você está realmente um caos, nunca imaginaria uma atitude dessa vinda de você. __ Da a volta e se senta na cama ao meu lado. __ Abre o olho.

__ O que você quer Ally?

__ Donatella pediu socorro.

__ Então vá socorre-la.__ Me viro para o outro lado mas sou puxada pelos braços para deitar de barriga para cima sentindo a dor no mesmo momento devido aos meus músculos sensíveis. __ Ai! __ Na mesma hora vejo seu olhar de raiva se dissipar de seu rosto e soltar meus braços assustada imagino com a minha expressão de dor.

__ Ei você! O que está fazendo com a minha paciente? __ Emma Swan, nossa amiga de anos e médica particular entra no quarto.

__ Eu não apertei forte. __ Reviro os olhos me sentando. Tenho me movimentado o mínimo possível, minha vontade constante é a de ficar deitada no escuro imóvel, torcendo para o sono chegar e silenciar todos esses pensamentos sufocantes, mas é pior, o sono me tira os pensamentos e me trazem sonhos no lugar.

__ Seu corpo deve estar dolorido por todos esses dias trancada no quarto.

              Ally me olha com uma cara que parece de culpa mas não deveria ser. Dês de o ocorrido não conversamos mais, liguei para ela uma vez mas obviamente não fui atendida, não insisti mais, confesso que gostei dela não ter atendido, sentia vergonha de minhas ações.

__ Com licença. __ Vejo a mulher que tenta ser minha terapeuta a 3 semanas entrar pela porta. __ O que aconteceu Miranda? __ A ignoro, então Emma toma a freente, imagino que a conheça.

__ Desnutrição. Dessa vez foi só um desmaio pela falta de nutrientes, mas se não houver mudanças, o agravamento será rápido.

__ Não tem saído do quarto nem para comer Miranda? _ Alisson é quem me pergunta, mas como posso dizer a ela que até isso me lembra sua filha e coroe meu coração? Apenas fujo de seu olhar focando na médica.

__ Quando poderei ir para casa?

__ Olha, você ficou apagada por 12 horas seguidas aqui no hospital, deu tempo de administrarmos todos os medicamentos necessários. Imagino que a insônia esteja sendo um problema também... __ Suspiro irritada me mexendo inquieta na cama.

__ Então estou indo. __ Tento tirar o soro do braço mas minha mão é segurada.

__ Apenas se você me prometer que sairá daqui e irá comer uma refeição completa e saudável. __ Seu sorriso afetuoso de quem está falando com uma criança pequena me irrita.

__ Podemos ir naquele restaurante que

__ Mande entregar em casa. __ A interrompo e peço com o olhar que tire o a agulha do meu braço.

              A partir dali o clima ficou todo muito estranho, não entendia por que Alisson estava ali comigo de forma amigável e o jeito que a psicóloga aproveitava a situação para me analisar me fazia querer correr para um buraco me esconder.

              Não consigo conversar com terapeuta, Regina tem um ótimo currículo agora sei que foi indicação de Swan, mas não é fácil falar em voz auto tudo o que estou sentindo. Tenho ficado trancada em casa tentando ignorar a tudo e a todos, sinto que vou explodir cada vez que penso na possibilidade de sair do escuro do meu quarto.