Pequena Andy

Nos confins de um sonho

__ Eu ainda não entendo por que não podemos simplesmente ir até Miranda Priestly e descobrirmos juntas se ela é nossa mãe...__ Carol fala com um biquinho manhoso no rosto.

__ Primeiro, ela É nossa mãe. Segundo, Andreah está fugindo dela.

__Ei! Não é isso. Primeiro, não estou fugindo. Segundo, Não se pode fazer exames de DNA em menores de idade sem a autorização dos pais. Terceiro, não quero dar essa esperança a Miranda e caso vocês não sejam filhas delas depois fazer ela sofrer com a perda novamente.

__ Medrosa.

__Que??

__ É só pegar um fio de cabelo Andreah!!! __ Andy suspira esfregando o rosto.

__ Chega! __ Se levanta pegando as malas. __ Vamos embora.

__ Para a casa de Miranda? __ Perguntam animadas.

__ Para a casa de Emily!

              Seguem para a casa da ruiva que quase desmaia ao ver Andrea em sua porta e ouvir toda a história quase a pôs em choque. Emily conta sobre o fato de nunca terem feito um velório para as crianças então imagina que Miranda não as viu morta, estava internada e sedada na maior parte do tempo por ter caído em uma tristeza profunda.

__ Mais uma coisa para confirmar, estamos indo até a casa dela agora mesmo! __ Cassidy diz em sua maior pose La Priestly.

__ Jesus... Ela é quase uma cópia dela... Isso é assustador... __ Emily diz analisando as gêmeas.

__ Não vamos!

__ Por que não? __ Pergunta Emily.

__ Porque não quero correr o risco disso tudo ser uma grande coincidência e ela ficar ainda mais devastada no final. Precisamos esperar até amanhã e enquanto ela estiver na Runway, usaremos as chaves da Emily e olharemos todos os documentos que Miranda tem sobre o dia do parto, depois usaremos Emily, com suas ligações e o nome de Miranda podemos ligar para o hospital e pedir o máximo de informações médicas sobre o parto, sobre a instalação de ambas no hospital e informações funerárias também. Eu já te vi em uma dessas ligações, sei que pode fazer tudo isso! __ Andrea falou tudo isso em um só folego e se movimentando com ansiedade. __ A partir dessas informações poderemos seguir em frente, igual foi em Cabo.

__ Olha... Estou impressionada, não sabia que tinha essa capacidade de raciocínio Mascotinha. __ As gêmeas apenas a encaravam emburradas no sofá de braços cruzados.

__ É pela Miranda...

__ Você tem razão por poupar mais uma possível decepção, ela tem estado tão mal esses dias, a terapeuta dela praticamente mora na casa dela.

__ O que... __ Andrea balbucia confusa.

__ E ela está na casa da sua mãe agora, então podemos ir até lá com calma porque vai se demorar, não está mais trabalhando na Runway. __ Diz com uma calma pegando sua bolsa como se tivesse dito a coisa mais normal do mundo.

__ OQUE??? __As três se levantam desesperadas e Emily as olha assustada.

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__ Talvez eu devesse ter ido com Donatella para a Itália. __ Caminhava inquieta pela cozinha enquanto Alisson tentava cozinhar um almoço para nós.

__ Você preferia enfrentar a mídia e todos os paparazzis? Eles ficariam ensandecidos quando vissem vocês juntas passeando na Versace. __ Permaneço em silencio, sempre que o assunto corria o risco de chegar em Andrea em uma conversa com Ally, escolhia o silencio. __ Okay Miranda, hora de acabar com mais um trauma seu, venha cozinhar!

__ O que?

__ Eu sei que a cozinha te trás lembranças mas você precisa superar e eu preciso almoçar. __ A olho indignada.

__ Não é um trauma! E ninguém mandou você morar em um lugar tão longe dos serviços de entrega! __ Cruzo os braços tentando ignora-la mas ela nunca se dará por vencida, então mesmo com todo o caos na minha cabeça e no meu coração faço o nosso almoço.

              Alisson segue para o quarto tomar um banho e trocar de roupa, ela é tão desentendida de cozinha que pensa que eu demoraria horas, em 30 minutos já estava com tudo pronto sentada a mesa tentando engolir uma porção de salada, sinto um nó na garganta me impedindo de almoçar. É impossível de controlar as lagrimas, parece que toda a casa está preenchida pelo seu perfume, sinto sua presença como se ela estivesse aqui comigo, tagarelando sem parar sobre algum assunto bobo de adolescente romântica. Minhas lágrimas são de saudade, tristeza e raiva, raiva de mim por ter deixado a única pessoa que eu amei ir embora e pior, ir embora com machucados causados por mim.

__ Droga Miranda você está chorando.... __ Me assusto com a aparição repentina da minha amiga. Limpo as lagrimas rapidamente e começo a cortar os alimentos do meu prato fingindo interesse no almoço e torcendo para ela ignorar o assunto.

__ Eu também choro pensando nela... __ Okay, ela não quis ignorar o assunto. __ Eu te passo informações resumidas sobre ela por que é tudo que eu tenho dela, e as únicas fotos que tenho são as postadas nas redes sociais. Ela me odeia Miranda.

__ Ela não te odeia, muito pelo contrario, ela sente falta de você, e deseja sua atenção, seu carinho, seu amor.

__ Vocês tinham conversas sobre mim?

__ Sim, as vezes ela se lamentava para mim falando sobre a relação ruim de vocês.

__ Então vocês eram como namoradas de verdade... __ Coço a garganta e me levanto da mesa.

__ Preciso tomar um banho e descansar, conversamos mais tarde.

              Saio da cozinha como uma verdadeira fugitiva, não quero nem pensar para onde esse assunto nos levaria. Faço a curva no corredor mas travo meus passos ao passar pela porta do escritório, me vem a memoria todos os momentos que tivemos e como uma sadomasoquista decido entrar no escritório, atravesso o lugar sem nem olhar envolta seguindo direto para a porta da biblioteca de Andrea, tudo está igual, como se ela houvera acabado de passar por ali. Caminho pelo espaço analisando cada detalhe, cada bonequinho de decoração, cada almofada que possui seu cheiro. Quando chego aos livros olho título por título, nunca havia olhado para eles, seu gosto literário é muito variado mas ainda é o de uma jovem sonhadora, sinto meu corpo se arrepiar e meu coração vir na garganta ao ler um titulo “Confins de um sonho”, foi o livro que ela leu para mim naquela tarde tão especial... “Quantas vezes fui salva pela sinceridade desses olhos” parecia que eu podia ouvir seu sussurro em meu ouvido como naquele dia, consigo sentir todos os sentimentos conflituosos que meu coração sentiu naquele dia, a duvida de se eu a amava e ao mesmo tempo a bater caloroso de um coração apaixonado.

              Pego o livro e me sento nas mesmas almofadas da outra vez, não sei se quero me punir ou se quero sentir novamente o que senti naqueles dias.

              Miranda passa a tarde lendo aquele livro, ele era rápido porém a mulher também lia de forma voraz, conforme ia passando as paginas pode perceber que não era um livro bobo e romântico, a arte imita a vida e lésbicas parecem que são destinadas a sofrer, a angustia no peito de Miranda ao perceber que o romance das personagens não poderia acontecer fazia com que ela associasse o livro com sua própria realidade entrando em sofrimento ao pensar que poderia nunca viver seu amor com Andrea. Quando finaliza o livro as lagrimas estão marcadas em seu rosto e o desespero toma conta de si “ Não quero morrer com apenas a ideia do que poderíamos ter vivido.” Se levanta correndo para fora do escritório. Grita por Ally mas não recebe resposta, a mulher havia saído sem lhe informar. Corre para o quarto juntando sua mala que mal tinha sido desfeita e segue para a saída.

__ Miranda! __ Congela ao ouvir a voz de Andrea em suas costas.

__ Eu estou alucinando... __ Sente a mão da jovem segurar seu braço e virar a mulher de frente para si. __ Andreah... __ Lágrimas surgem em seus olhos e Andrea se joga em seus braços.