Pensei que poderia aguentar, mas de alguma forma... esse sentimento queimava... Tudo dentro de mim. Olhar para ele era quase um desafio. Um daqueles jogos insanos que você nunca ganha. Ouvir o som da sua voz era como tortura, meu corpo reagia, minha pele se arrepiava de forma quase instantânea. Era bom a sensação, mas ao mesmo tempo, era assustador também.
Erick Baker me olhou de cima a baixo e sorriu de lado quase imperceptível, totalmente prepotente.
- Segura isso. - Ele me entregou um pacote cheio de panfletos. - Vai lá fora e distribua isso para as pessoas que passarem. - Ordenou.- Mas está fervendo lá fora. - Eu o encarei de volta. Entregar panfletos debaixo de um sol de 40 graus era masoquismo.
- Faça seu trabalho! Sem desculpas. - Ele empurrou o pacote contra o meu peito. Senti a pressão de sua mão contra o tecido da minha blusa. Arfei por um segundo e me recompus. Afinal, não sou louco.
- Vai voce! Já que tem tempo sobrando para atrapalhar o serviço dos outros. - Empurrei o pacote de volta com raiva. - Faz nada, só fica aí sentado. - O ruivo me fuzilou com seus olhos dourados. - Não perde tempo me encarando não. Não vou e pronto.
- Hahaha. - Dona Sofia ria por detrás do caixa. - Oh meu filho. Nem adianta. Ele é pequenininho assim mas ele é valente.
- Você trabalha pra mim. Tem que fazer o que eu digo. - Erick abriu minha mão e colocou o pacote em cima. - E se eu disser que você tem que entregar os panfletos, então você vai entregar os panfletos.
Meu rosto ardeu de raiva. Olhei no seus olhos e pela primeira vez, em dois anos, quis voar na cara de Erick. Sua prepotência fedia tanto que me dava náusea. A sua sorte era que sua beleza estava a seu favor, mas nada além disso.
Ele me encarou de volta com uma confiança inabalável. Talvez pela sua altura ou força. Ou uma análise lógica e extintiva de que em uma luta corporal, ele teria a maior chance de vitória. Inegavelmente.
Meu corpo estremeu. Era natural a selvageria que ele exalava. Não transparecia um jovem rico e mimado de um bairro nobre, mas sim um marginal que se espreitava nas madrugadas do subúrbio.Eu não teria a menor chance. Nem mesmo no meu sonho...
- Não faz essa cara pra mim. - Sorri com audácia. - Você não me dá medo Erick. - Agora era minha vez de abrir sua mão e colocar o pacote em cima delicadamente enquanto não desviava dos seus olhos.
Ele continuou me encarando em silêncio. Talvez perplexo ou irado ou os dois. Não me importei. Dei as costas e saí tranquilamente sem olhar para trás. E ainda de costas reafirmei.
- Não trabalho pra você Erick, trabalho pra Dona Sofia. Se for pra seguir ordens que seja a dela. E se for chorar, chora baixo que eu tô ocupado hoje.
Peguei meu caderno de tarefas e saí em direção ao estoque. Havia tanto trabalho pela frente e um deles não seria ficar torrando debaixo de um sol quente.
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Simplesmente Um Anjo
FanfictionEle era o oposto de mim. Era alto e extremamente bonito de uma tal forma que me causava um certo arrepio só de olhá-lo. Era invejado por todos naquela escola. Arrancando suspiros de qualquer um que ousasse passar ao seu lado. Erick era a imagem pe...