Poder Do Álcool

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- Por que não dorme aqui essa noite? - Proferir sugestivo pegando parte da salada e jogando sobre o meu prato.

- Melhor não... Minha mãe vai sair esta noite com o meu pai para um evento importante e quero aproveitar para organizar minhas coisas antes que eles cheguem. - Guilherme balbuciava entre uma garfada e outra. Suspirei alto inconformado.

- Mas por que? Não pode arrumar suas coisas outro dia? - Não queria que Guilherme fosse embora, parte de mim acreditava que se ele saísse por aquela porta, de alguma forma eu não o veria outra vez.

- Não dá! Meus pais são muito barulhentos. Preciso aproveitar esse momento que os dois irão sair para organizar minhas coisas, porque assim que eles voltarem não vou ter um minuto de paz.

- Mas... Mas eu não quero. - Cruzei os braços indignado. - Dorme aqui só por hoje. Você não pode ir agora, está tarde... É perigoso. - Dona Rose me observava do outro lado da mesa em silêncio vendo todo meu discurso lamentável com uma expressão tediosa no rosto.

- Por que não fazemos assim. Ao invés de Guilherme dormir aqui, você dorme lá. - Sua voz soou impaciente. Olhei para ela agitado agradecendo silenciosamente e em um rápido movimento corri até o meu quarto buscando minha bolsa que eu havia largado sobre o chão.

- Mas você não vai arrumar sua mochila Greg? - Ela me olhou desconfiada, enquanto me assistia vestir o casaco que a vovó havia me presenteado meses atrás. - Então pelo jeito sua bolsa já estava pronta? - Continuou em um tom cínico e eu soltei uma risadinha fraca.

- Eu já estou indo mamãe. - Beijei sua testa gentilmente ignorando sua pergunta. - Vamos Guilherme antes que ela desista. - Puxei o maior pelo braço o obrigando a largar o garfo que se mantinha firme em sua mão. Estava ansioso demais para passar uma longa noite com meu melhor amigo como nos velhos tempos.

- Droga, eu só queria comer. - Ele vociferou.

- Greg meu amor. Não saia assim, peça a autorização dos pais do Guilherme primeiro. - Ela gritou da janela, mas a única imagem que eu conseguia ver era a silhueta de Dona Rose, enquanto empurrava o loiro contra o banco do motorista.

(***)

O carro deslizava com facilidade e rapidez sobre o asfalto frio. A cada curva meu corpo se remexia bruscamente contra o cinto. Suspirei pesadamente e fechei a janela relutante, já estava farto do vento chocando contra o meu rosto, mas o frescor era um alívio naquele tempo abafado. Abri minha mochila e peguei meu telefone e logo vi uma mensagem da minha mãe. Não abri, provavelmente era alguma reclamação sobre o meu quarto que eu havia deixado sujo. Entrei na caixa de mensagens recebidas e procurei alguma do meu trabalho.

Vazia.

Suspirei de alívio. Sofia era gentil demais para questionar a minha ausência. Sei que era unicamente falta de responsabilidade da minha parte, já que nem mesmo havia deixado um recado pra ela. Mas em troca irei compensa-la no dia seguinte. Continuei a mexer no celular até encontrar algo que me chamou atenção.

"Não consigo me concentrar com você me secando desse jeito."

- Feioso. - Sussurrei e guardei o celular de volta na bolsa.

- O que foi? - Guilherme me olhou de relance.

- Nada, apenas continue dirigindo. - Disse baixo e recostei a cabeça no vidro da janela.

- Nada? Então porque está sorrindo desta forma? - Sua voz soava zombeteira.

- Não estou sorrindo. - Neguei de imediato.

- Não é o que está parecendo. Você estava todo sorridente para o celular e agora está todo corado. Pode me falar, se for gostosa te dou até uma ajudinha. - Ele piscou malicioso e eu revirei os olhos.

Simplesmente Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora