Dia de Prova

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Acordei com a luz do sol batendo na janela. Me arrastei relutante da cama sentindo uma forte dor de cabeça. Conseguia ouvir o tilintar de panelas vindo da cozinha. Bocejei e caminhei até o banheiro mais próximo fazendo toda minha higiene pessoal. Minhas roupas eram as mesmas da noite passada. Exalavam um forte cheiro de álcool. Peguei e as joguei numa sacola e as guardei na bolsa pegando peças limpas. Minhas costas doíam e a fraqueza nas pernas eram marcantes. Gemi um pouco com a tontura e segui o aroma de queijo e bacon que faziam meu estômago embrulhar na minha barriga.

- Quem diria que você poderia preparar esse café da manhã incrível. - Brinquei puxando uma cadeira. A dor nas costas era tão intensa quanto a dor na cabeça.

- Queria preparar um café saudável para você. - Ele sorriu se virando para mim e eu pude ter visão melhor do seu corpo. O loiro usava um short de dormir de seda e uma blusa larga sem manga. Os cabelos despenteados combinavam com ele.

- O que houve ontem a noite? - Perguntei pegando uma jarra de água na geladeira.

- Eu não sei. Não me lembro de nada. - Ele parecia tão confuso quanto eu.

- Então como chegamos em casa? - Questionei mais para mim do que para ele. Minha cabeça estava em branco. A única memória do dia anterior que me restou foi de nós dois entrando em um bar com uma identidade falsa para comprar cervejas.

- Eu não tenho ideia. - Guilherme coçou o pescoço.

- Droga! - Espraguejei. - Hoje tem aula cara. Porque fomos beber ontem?! - Lembrei de repente.

- Merda, esqueci completamente. Como é que a gente vai para a escola desse jeito? Vamos faltar. É só um dia mesmo. - Guilherme me olhou um tanto aturdido.

- De jeito nenhum, nós precisamos ir. Não podemos faltar. Hoje tem prova pra mim e é seu primeiro dia de aula na escola. Não pega bem faltar no primeiro dia. - Suspirei pesadamente. Guilherme ainda parecia incomodado.

- Pior que faltar é ir para escola com ressaca cara. - Refutou.

- Relaxa. Vamos comprar um remédio antes. Talvez a gente fique melhor até lá.

- Não adianta. Ainda me sinto um pouco embriagado pelo álcool. Como é que eu vou conhecer a escola ao lado do diretor desse jeito? Tô ferrado. - O loiro soava desesperado andando de um lado para o outro na cozinha. - Não posso causar uma má impressão. Meus pais me matariam.

- Tá tudo bem. É só beber bastante água. E não é diretor, é diretora e você já conheceu ela. - Ele arqueou a sombrancelha e me fitou com uma expressão confusa. - Lembra quando você foi me ver na escola? Aquela mulher que te cedeu uma vaga foi a diretora.

- Você está brincando não é? - O loiro me encarou assustado e eu apenas neguei.

- O que você fez Gui? - Indaguei.

- Mas que merda. Eu dei em cima dela porque achei que era só uma professora qualquer e eu precisava daquela vaga. - Ele agitou os braços se justificando. Não ousei questionar. Sentindo uma onda de risos saindo de mim ruidosamente.

- Escuta, esquece isso. Não foi nada demais. Ele nem deve lembrar mais do seu rosto. - Sussurrei tentando controlar a risada.

- Será que ela esqueceu mesmo? - Ele me fitou esperançoso. - Eu convidei ela pro meu apartamento.

- Você o quê?! - Encarei Guilherme atônito. Esse cara desconhece a palavra limite. - Não se preocupe. - Reforcei enquanto abocanhava meu misto quente coberto de queijo. - No máximo que pode acontecer é uma detensão. - Sorrir pra ele.

- Não seja cruel meu pequeno ursinho. - Ele afagou meu cabelo e me puxou de uma só vez da cadeira me arrastando até a porta. - Vamos logo!

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Simplesmente Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora