Uma viajante de 21 anos, espera passar dois meses no Japão, porém, as coisas saem de seu planejamento.
Ela se envolve com membros de gangues, que viram a vida dela dos pés a cabeça;
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De forma bastante rotineira, acordo novamente em um aposento desconhecido por mim. Esse que era extremamente parecido com um quarto de hospital, porém aparentava ser um pouco mais aconchegante que os da normalidade.
Reparando melhor no cômodo, observo o mesmo homem núbio que outrora chamava outros de primata, sentado em uma poltrona desaconchegado, mas que ao mesmo tempo parecia acolhê-lo tão bem, já que o homem estava em um sono tão profundo.
Encosto minha cabeça no travesseiro do leito em que estava deitada, mantenho meus olhos grudados no teto, tentando não chorar como uma criança desesperada.
Eu nunca tive tempo pra chorar, nem ao menos uma licença poética para tal ato, sou do tipo de pessoa que só aceita os fatos e não toma partido ou opiniões sobre nada, e eu sempre acabo me ferrando por ser assim.
No final das contas, eu só quero uma vida tranquila, eu só quero voltar pra casa, que ainda não descobri onde é, sei que não é com a minha família, nem com algum tipo de amigo, já que eu não possuo nada parecido com isso, apesar de que agora tem aqueles três, eles provavelmente serão uma espécie de família em um futuro não tão distante, o que eles fizeram por mim, apesar de não ter adiantado de muita coisa, foi algo absurdo e realmente significativo, do qual espero não esquecer nunca.
Sem que eu perceba, eu já estava chorando, chorando como nunca antes;
Eu quero voltar pros braços da minha mãe, quero deitar no colo dela e me lamentar eternamente, mas, para ficar junto de minha mãe eu teria que morrer, o que no momento não é uma má ideia. Contudo, eu ainda tenho que fazer tantas coisas por meus irmãos e pelos meus avós que estão esperando eu voltar para casa depois de tantas viagens.
Olho outra vez para o indivíduo que antes estava adormecido, dessa vez, seus olhos tão marcantes estão sobre mim, me encarando de forma impetuosa, algo que me deixou nervosa.
- Vou chamar a Shoko, que bom que acordou criança.- Ele diz sem expressão alguma, uma fala que deveria me causar uma mínima felicidade, acabou causando uma sensação de menosprezo da parte dele para comigo.
Devo estar sensível demais para me importar com o que um estranho diz ou pensa sobre a minha pessoa, eu ainda estou tentando parar de chorar, mas parece que só piora, visto que uma falta de ar horrenda começa a se fazer presente, conheço bem o que estar por vir, uma espécie de crise de ansiedade/pânico.
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Pouco tempo depois, uma mulher relativamente alta, de cabelos castanhos médio, e com uma aparência cansada entra no cômodo, junto dela, estava um homem esguio de cabelos escuros, que usava um óculos que ressaltava um aspecto tímido e introvertido em sua face.
Os dois me encaram, e após isso se entre olham, a mulher sussurra algo no ouvido do homem que logo se dirige à saída e se retira do local, nos deixando à sós.
- Boa tarde, me chamo Shoko Ieri, sou médica e cuidei de você enquanto estava em um pequeno coma devido a sua hemorragia mista, continuarei acompanhando seu tratamento até que você possa receber alta e decidir o que fazer...- Ela deu um pequeno suspiro, e logo continuou sua declaração.- Eu entendo o que você está passando, e eu quero te ajudar a passar por isso da melhor forma possível, é difícil, e a dor psicológica parece não passar nunca, mas eu vou estar aqui pra te ajudar e ouvir quando for necessário, isso pode ser informação demais para a sua mente, mas sei que não tem como te poupar de muita coisa por enquanto, então, no momento, só preciso que confie em mim e na sua melhora.
- Ela falou sobre você, Ieri...- Eu me pronunciei pela primeira vez, com a voz falhada e rouca, tentando me manter firme diante da situação que ainda não havia compreendido completamente.
- Eu imagino que sim, mas isso não importa agora, quero que se concentre apenas em você, o resto pouco importa.- No primeiro momento em que eu disse a frase ela pareceu ficar surpresa, e talvez um pouco abalada, mas deu pra perceber seu esforço para tentar parecer forte à minha frente, talvez para tentar se fazer de exemplo de superação de problemas, eu não acredito nisso.
Já aceitei que daqui a diante e nunca mais vou ser feliz, não existe felicidade, isso tudo é ilusão, não passa de uma mentira para tentar preencher um vazio eternamente existente.
- Bom, não tem muito o que te dizer por hora, mas se precisar de alguma coisa é só chamar.- Ela apontou para um interruptor ao lado do meu leito, o qual devia ser uma espécie de campainha para chamar a moça.
- Obrigada.
A morena se retira da sala, que logo é invadida pelo homem de cabelos longos do outro dia.
- Achei que iria dormir pra sempre garota.- Eu procuro uma resposta enquanto encaro seu rosto, ele possuía uma aparência angelical e delicada, mas ao mesmo tempo exalava masculinidade, quase como uma mistura perfeita.- Não precisa responder, e nem me encarar assim.
- Desculpe.
- Não precisa se desculpar.
- Desculpe por isso.
Ele solta um suspiro, e percebendo o que eu tinha feito, solto uma pequena risada que foi seguida por uma tosse.
O moço se sentou em um banco que havia ao lado da minha cama, ainda me observando, ele abaixou levemente sua cabeça e suspirou.
- Sou Suguru Geto, é um prazer te conhecer.- Ele levanta a cabeça, voltando a me encarar.- Não sei o que te dizer pra te consolar. Mas já sabemos de uma boa parte do que aconteceu contigo, porém ouvimos da boca de terceiros, então, quando estiver pronta, espero que me conte o que exatamente aconteceu, eu esperarei o tempo que for necessário, e se você quiser, pode buscar por vingança juntamente comigo e um pequeno grupo de odiados. Apesar de ser estranho, queremos te ajudar e apoiar, pode ser difícil no momento, mas preciso que confie em mim, tudo bem?
Somente aceno com a cabeça, acho que não tenho mais cordas vocais para dizer qualquer coisa, eu só quero que isso tudo acabe de uma vez, seja lá o que for isso.
- Por enquanto, não vou te dizer muita coisa, mas quando você sair do repouso, conversaremos melhor sobre tudo, e para que se sinta melhor, a Shoko estará conosco, e se quiser, algum outro alguém que possa ser de sua confiança.