Capítulo 26

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O silêncio que toma conta do ambiente é quase ensurdecedor após os últimos acontecimentos. Por um momento, não existia ninguém fora eles. Logo depois da chegada brutal de Mary a esse mundo, a sensação de alívio que se formou no peito de Eren foi vasta. O moreno não se importava com a destruição que a vinda de Mary significaria, pois tudo o que conseguia ver era o quão bela ela estava naquela noite. Ensanguentada ou não, furiosa ou não, Mary irradiava beleza e destruição, que coabitavam o mesmo ser em uma profunda harmonia caótica.

— Mary…!

Tamanho foi o desafogo em seu timbre, que se mostrou mais expressivo quando um sorriso de orelha a orelha surgiu. As íris verdes se iluminaram em felicidade, e ele mal parecia acreditar que estava vendo-a novamente depois de tanto tempo.

— Meu amor!

Movendo seu corpo para enfrentar o amado, a feição séria de Mary se abre em um sorriso terno. Seu olhar esbanjava um brilho inconfundível de amor e conforto por estar na presença dele. Com passos apressados contra o chão, ambos os corpos se chocaram em um forte abraço.

— Ô, meu amor… — Ela o saudou, a voz soando abafada contra o tecido grosso de sua roupa — Eu senti sua falta.

Ambos permaneceram unidos por mais alguns segundos antes que se afastassem o suficiente para que uma troca de olhares pudesse acontecer. Tanto Mary quanto Eren dividiam os mesmos sentimentos nostálgicos da última vez em que puderam estar dividindo o mesmo abraço. Era viciante a calmaria que estar ali significava.

Levando uma mão até o rosto dela em um gesto de carinho, Eren mal conseguia conter o sorriso insistente. E por mais que tentasse falar algo, nada escapava de sua boca fora uma risada contagiante.

— E eu a sua, com minha vida — Disse ele com uma clara adoração em seu tom. Tanta veneração, respeito e cuidado mesclados em um único sentimento que o fortalecia e fazia jus a sua existência  — Minha vida, meu amor. Ficar longe de você foi como viver uma eternidade no limbo, sem a presença grandiosa da minha amada deusa.

Não conseguindo evitar de rir com tanto exagero, Mary lhe deu um olhar tímido. Ela tinha ciência de que, apesar de exagerado, cada palavra dita não tinha uma gota de mentira. Tudo o que ele dizia vinha do seu ser, do fundo de seu âmago. Era adoravelmente romântico. Mas, por mais que não tivesse vontade de arruinar o momento de reencontro, haviam pendências a serem tratadas.

Com uma mão apoiada no peitoral dele para sentir seus batimentos cardíacos, Mary estendeu a outra em direção das centenas de velas apagadas, acendendo-as num único movimento.

Naquele instante, no centro de todas aquelas velas, iluminados pelo fogo, Mary e Eren dividiam uma intensa e longa troca de olhares, como se estivessem decorando outra vez cada detalhe do outro. Mas a realidade era muito mais profunda do que isso. Eles não estavam apenas matando a saudade que sentiam da presença, mas estavam sentindo o sentimento, captando os pensamentos e se entendendo sem que nenhuma palavra fosse trocada. No entanto, ao contrário da firmeza e determinação que se escondiam no semblante sério da Lady, Eren desviou o olhar em hesitação.

— Você tem certeza disso, querida? — Questionou, mas não por desacreditar da sua capacidade, mas por temer o que aquilo poderia significar.

Mary apenas lhe deu um pequeno e suave sorriso de canto, estendendo a mão para ir de encontro com o rosto dele, onde fez um leve afago.

— Eu a seguirei em toda e qualquer decisão, meu amor.

— Obrigada por entender, meu marido — A feição séria se tornou expressiva novamente, agradecida por ter ganhado o apoio que queria — É necessário.

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